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Jornalismo

Especialista questiona forma como violência contra a mulher é noticiada

Cristina Fibe sugere abordagem diferente | 25.11.25 - 18:36 Especialista questiona forma como violência contra a mulher é noticiada Cristina Fibe (Foto: reprodução/Instagram/Leo Aversa)José Abrão e Eliane de Carvalho
 
Goiânia – A forma costumeira como as notícias sobre violência contra a mulher são compostas e divulgadas pode não ser a mais justa nem construtiva na discussão sobre prevenção desses crimes e preservação da vítima. É o que argumenta a jornalista Cristina Fibe, referência nacional no assunto da violência de gênero.
 
Nesta terça-feira (25/11) é lembrado o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres e, em entrevista ao jornal A Redação, Fibe salienta alguns erros recorrentes na imprensa e fala sobre como evitá-los.
 
"É muito delicado este tipo de cobertura. Não é como fazer cobertura de eleição ou buraco na rua. Você está falando de mulheres que são vítimas de um crime que as traumatiza para o resto da vida", explica. "Então você tem muita responsabilidade ao retratar essa história de violência que muitas vezes não tem provas materiais, mas que está na palavra da vítima", continua.
 
Ela afirma que as notícias muitas vezes acabam reproduzindo estereótipos e revitimizando as vítimas. "Por exemplo, usamos muito a voz passiva no feminicídio, sempre com foco na mulher: ‘a mulher é morta’ e não um agressor matou a mulher. Às vezes ainda procuramos a justificativa para aquela violência: mulher é morta ao abrir o celular do marido, sabe".


Nas imagens, muitas vezes são utilizadas imagens que mostrem a mulher vitimizada ou sofrendo violência e não dos agressores. "Quantas vezes o que fica gravado na sua memória é a imagem e o nome da vítima e não do algoz?", questiona.
 
Para ela, é importante trazer o foco da notícia de volta para o agressor, para quem cometeu o crime: "É importante denunciar e colocar o criminoso em foco. É sobre ele o crime e não essas vítimas que são obrigadas a ficar o resto da vida com seus rostos e seus nomes expostos e colados à violência que elas sofreram, não cometeram".
 
Ela traz como exemplo uma notícia e um vídeo que viralizaram de um ex-jogador de basquete que foi filmado dando 61 socos na companheira em Natal (RN). Apesar das imagens impactantes, Fibe questiona se não existe outra forma de sensibilizar sobre esse tema. "E se eu fosse essa mulher? Eu gostaria que o Brasil inteiro estivesse vendo essa imagem, falando sobre essa violência extrema que eu sofri?", pondera.
 
"Talvez a imagem dele com as mãos sujas de sangue que seja a imagem dessa notícia, e não a dela sendo agredida", conclui.

A jornalista lançou em setembro um podcast sobre o assunto, chamado Silenciadas, disponível no Audible, e que se aprofunda nas questões de violência de gênero no Brasil.
 
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