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Anúncio foi feito pelo vice Nicolas Maduro | 05.03.13 - 19:06
A Redação Atualizado às 20h40
Goiânia - Morreu nesta terça-feira, aos 58 anos de idade, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O anúncio está sendo feito neste momento em rede de televisão pelo vice-presidente venezuelano e herdeiro político de Chávez, Nicolás Maduro. Chávez faleceu às 16h25 locais, de acordo com Maduro.
O presidente lutava contra um câncer desde junho de 2011 e havia operado em dezembro do ano passado. Ele havia voltado para a Venezuela em 18 de fevereiro, depois de passar por um tratamento em Cuba.
Chávez será velado em Caracas e o corpo deve ser enterrado em um mausoléu construído atrás no Panteão Nacional, onde há uma nave central inteiramente dedicada a Simón Bolívar, o herói nacional.
O vice-presidente havia se pronunciado na tarde desta terça, informando que a difícil situação poderia evoluir nas próximas horas, já que uma nova infecção estava sendo tratada. Maduro pronunciou-se sobre a saúde de Chávez depois de uma reunião com a equipe de ministros, com o alto comando militar e com alguns governadores chavistas para avaliar os avanços dos programas do Estado.
Os agentes do governo nunca revelaram o tipo específico de câncer que Chávez enfrentava e poucos detalhes foram disponibilizados sobre sua perspectiva médica. Mas últimas atualizações do governo sobre o estado de saúde do presidente - embora pouco específicas - se mostravam cada vez mais sombrias nas últimas semanas, lançando mais incerteza sobre o futuro de Chávez no poder.
Novas eleições devem ser convocadas em 30 dias, pelo Supremo Tribunal de Justiça, quando começam as disputas pelo governo.
Trajetória
A história política de Hugo Chávez começou na fracassada tentativa de golpe contra o presidente Carlos Andrés Pérez em fevereiro de 1992. O episódio deixou 17 soldados mortos e 50 feridos. Chávez, então, fez uma aparição na TV para assumir a responsabilidade pela revolta. Nascia ali uma das figuras mais marcantes da história venezuelana, carismática com seus aliados e duro com os inimigos, alternando palavras doces e atitudes radicais na tentativa de se equilibrar entre seu lado poeta e a farda militar.
O golpe levou Chávez à prisão, de onde só saiu dois anos depois pela ordem do então presidente Rafael Caldera. Mas o tempo no cárcere não foi suficiente para apaziguar o espírito socialista de Chávez. Logo depois, ele fundou o Movimento V República, com o qual chegou à presidência pela primeira vez em 1998. Com uma plataforma que pregava governar para os pobres, conseguiu 56,24% dos votos e se tornou o mais jovem governante da Venezuela, com 44 anos.
Logo no seu primeiro ano de mandato comandou uma reforma que culminou na redação de uma nova Carta Constitucional. A partir daí o mundo conheceu Chávez. A revolução socialista proposta por seu governo colocou-o em confronto direto com a elite do país, a ponto de sofrer um golpe em abril de 2002, em ação liderada pelo líder patronal Pedro Carmona.
O golpe, no entanto, não teve êxito: Chávez ficou menos de três dias longe do poder e foi reconduzido à presidência apoiado por militares leais e milhares de seguidores que invadiram as ruas do país. Passou por referendos e eleições legislativas e presidenciais, vendo sua primeira derrota nas urnas em dezembro de 2007, no referendo que pretendia lhe conferir poderes ilimitados.
Polêmico
Poucos personagens da política mundial foram tão provocadores como ele. A classe empresarial e seus adversários ideológicos, nacionais e estrangeiros, não escaparam da sua língua afiada. George W. Bush, presidente dos Estados Unidos entre 2001 e 2009, foi chamado de "diabo" em plena sessão da Organização das Nações Unidas (ONU).
O venezuelano também ouviu poucas e boas: um dos episódios mais famosos ocorreu em novembro de 2007, quando o rei Juan Carlos, da Espanha, mandou-o calar a boca durante a 17ª Cúpula Ibero-americana, realizada no Chile. "Por qué no te callas?", questionou o monarca espanhol.
Sua relação com a imprensa também nunca foi pacífica. Guillermo Zuloaga, presidente da Globovisión que o diga. Chávez acusou vários meios de comunicação de serem porta-vozes da oposição e Zuloaga foi seu principal alvo. O executivo foi acusado de ter insultado o governo do país e de ter divulgado informações falsas. Acabou preso.
As amizades do venezuelano também irritaram as potências mundiais, principalmente os Estados Unidos. Chávez manteve relações próximas com o Iraque antes da invasão norte-americana, com o Irã de Mahmoud Ahmadinejad e com os colegas sul-americanos Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador), ambos apontados como seguidores de suas ideias socialistas. Seus anos no poder se caracterizaram também pela difícil relação com a Colômbia, por conta da aliança que os vizinhos mantêm com os EUA.
Doença
No dia 30 de junho de 2011, Chávez causou surpresa ao anunciar que havia se submetido a uma cirurgia em Cuba para retirar um tumor maligno na região pélvica. O líder venezuelano estava em recuperação na capital do país, Havana, desde o dia 10, quando passou por cirurgia para remover um abscesso pélvico.
Na época, o governo brasileiro ofereceu tratamento no Brasil, mas Chávez preferiu seguir com o tratamento em Cuba. Em setembro daquele ano, ele se disse livre da doença e confirmou participação na eleição de 2012, marcada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela para o dia 7 de outubro.
No fim de fevereiro de 2012, no entanto, Chávez teve de voltar a Cuba para retirar um novo tumor no mesmo local. No mês seguinte, o líder venezuelano começou o tratamento com radioterapia. Em 9 de julho, faltando pouco mais de três meses para a eleição, ele anunciou novamente que estava livre do câncer.
No pleito de outubro, Chávez derrotou o rival Henrique Capriles e assegurou um quarto mandato presidencial, entre 2013 e 2019. Porém, na noite do dia 8 de dezembro, o presidente venezuelano anunciou que teria de passar por uma cirurgia de emergência porque novas células malignas haviam sido encontradas na região pélvica.
Pela primeira vez, Chávez falou sobre a possibilidade de sucessão e nomeou o ministro de Relações Exteriores e vice-presidente Nicolas Maduro como seu herdeiro político, caso não conseguisse voltar ao poder e tomar posse, em março de 2013, para um novo mandato. Submetido a uma nova cirurgia em 11 de dezembro de 2012, Chávez não apareceu mais em público e tampouco conseguiu retornar a Caracas para tomar posse no novo mandato presidencial, em 10 de janeiro.
Numa manobra chavista, o presidente obteve autorização da Assembleia Nacional - controlada por seu partido - para se ausentar indefinidamente do país até que se recuperasse, e o Supremo Tribunal do país avalizou que Chávez não prestasse juramento em janeiro, podendo fazê-lo em data posterior perante a suprema corte venezuelana quando estivesse em condições.
Após 68 dias de internação em Havana e diversos relatos de complicações no período pós-cirúrgico, o governo venezuelano divulgou pela primeira vez fotos de Chávez no hospital, acompanhado das filhas, numa imagem sorridente em que o presidente está segurando a edição do dia 14 de fevereiro do jornal cubano "Granma".
Quatro dias depois, Chávez desembarcou de surpresa em Caracas, durante a madrugada, e seguiu direto para o hospital militar da capital venezuelana. Pelo Twitter, o presidente anunciou: "Chegamos de novo à pátria venezuelana. Obrigado meu Deus! Obrigado povo amado! Aqui continuaremos o tratamento. Obrigado Fidel, Raúl e toda Cuba!"
Vida pessoal - Hugo Rafael Chávez Frias nasceu no dia 28 de julho de 1954 no pequeno povoado de Sabaneta, ao pé dos Andes no Departamento (Estado) de Barinas. É o segundo de sete filhos dos professores Hugo de los Reyes Chávez e Elena Frías de Chávez. Casou-se duas vezes e teve quatro filhos.
Louco pelo esporte mais popular da Venezuela, o beisebol, Chávez foi campeão com os Criollos de Venezuela em 1969. Também se arriscou na literatura: é autor de vários contos e poesias. Em 1971 entrou na carreira militar, em Caracas e, quatro anos depois, saiu da academia formado em Ciências e Artes Militares. Nesse período conheceu a história e os feitos do libertário Simón Bolívar, que o inspirou durante toda sua história política. (Com informações da Agência Estado)