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Caos na saúde

Greve de médicos chega à segunda semana sem solução

Categoria se recusa a negociar com secretário | 06.09.11 - 21:53 Greve de médicos chega à segunda semana sem solução Consultório vazio no Ciams do Urias Magalhães enquanto pacientes seguem esperando em filas (foto: Adalberto Ruchelle)


Cleomar Almeida

Em meio a um atendimento precário e à falta de informações, usuários dos serviços da rede municipal de saúde sofrem com o impasse, ainda insolúvel, surgido entre o Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Uma passagem pelos principais centros de saúde municipais, na tarde desta terça-feira (6/9), revelou o impacto social gerado pela paralisação da categoria, iniciada em 24 de agosto.

Enfermos aguardam por horas por atendimentos ambulatoriais e de emergência adequados. A população ainda recorre às unidades de saúde, mesmo sem saber com certeza se poderá contar com amparo médico ou fornecimento de uma prescrição medicamentosa.

Alessandro Ferreira levou a filha, de 2 anos, ao Cais do Setor Vila Nova, necessitando do remédio da criança, que apresenta intolerância à lactose. A consulta deveria ser realizada às 14 horas, conforme havia sido agendado pelo sistema do município, mas, mesmo sem muito movimento na unidade, a menina só recebeu encaminhamento quando já se passavam das 16 horas. O pai disse que ela precisa ter avaliação médica contínua e não poderia ir embora sem pegar o leite específico. 

A situação é mais grave no Ciams do Setor Urias Magalhães, sempre cheio e carente de atendimento. Conforme relato de uma paciente que precisava de uma receita para medicamento de controle de pressão, uma enfermeira da unidade teria copiado os dados da prescrição médica no documento, devido a ausência de profissionais. Caroline de Paula Manso, 57 anos, contou que chegou à unidade, mas, como não havia médicos para fazer o atendimento, uma enfermeira lhe prestou o serviço, mesmo sendo a ação proibida pelos Conselhos de Saúde. “Se ela não tivesse feito isso, eu não poderia pegar os medicamentos e passaria muito mal”, disse.

Aflição
O local também é constantemente tomado por cenas de desespero e aflição. No final da tarde desta terça-feira, Jucelaine Diniz Borges, 29 anos, implorava por uma transferência para a sua mãe, a dona de casa Terezinha Diniz Pereira, 56 anos, internada na unidade após ser diagnosticada com nefrite, doença inflamatória dos rins. Por meio de fotos tiradas de um celular, a reportagem viu a dona de casa bastante inchada e com feridas pelo corpo.

Segundo informado, Terezinha chegou ao Ciams no domingo (4/9) e, depois de ser medicada, teve de voltar para casa. Na segunda-feira (5/9), ela retornou à unidade após passar mal e foi encaminhada para o Hospital Santa Bárbara, onde, conforme a filha, cobraram para aferir pressão arterial. Jucelaine disse que considerou a cobrança um abuso e, por não receber o atendimento adequado, voltou com sua mãe para o Ciams, onde permanecia na tarde desta terça-feira (6/9). Ao perceber a presença da reportagem da Redação, a administração da unidade acionou dois seguranças, no momento em que Jucelaine  denunciava o descaso com a mãe.

O caso de Maria Nelcy Alves dos Santos, 48 anos, também chama atenção. Ela disse que teve de sair do Residencial Itaipú, onde mora, para conseguir marcar atendimento no Ciams do Setor Urias Magalhães. Sua peregrinação, informou ela, teve início na primeira quinzena de julho, quando o sistema da rede municipal de saúde agendou uma consulta no posto de saúde do Condomínio das Esmeraldas, que atende a região onde fica sua casa.

Maria Nelcy disse que retornou, na semana passada, à unidade de saúde, mas, em vez da consulta, recebeu o aviso de que os médicos estavam em paralisação. “Isso é muito difícil, ainda mais porque eu moro no outro lado da cidade. É um descaso com as pessoas pobres, que precisam da saúde pública”, desabafou.

Sem acordo
A situação deve piorar ainda mais nesta semana. Em reunião realizada na noite de segunda-feira (5/9), os médicos decidiram pela permanência da greve, suspendendo ainda 50% do atendimento de urgência e emergência, além do ambulatorial que já estava sendo contigenciado. A categoria, composta por 1200 médicos, alega que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) não avançou com as negociações, que incluem reajuste salarial, melhor distribuição administrativa e até qualidade da infraestrutura das unidades de saúde.

De acordo com a exigência inicial do movimento, os médicos querem um piso no valor de R$ 9 mil, conforme prevê a Federação Nacional dos Médicos (Fenam), além de participação no agendamento das consultas que, no momento, são marcadas pelo sistema do município. Por causa da falta de acordo, o Simego informou, nesta terça-feira (6/9), que o diálogo  está cortado com o secretário Municipal de Saúde, Elias Rassi. O movimento exige negociação direta com o prefeito Paulo Garcia. 

Designada pela SMS para falar sobre o caso, a diretora de Atenção à Saúde do Município, Cristina Laval, rebate os argumentos de que as negociações não avançaram. “Isso é uma falácia, os médicos estão radicalizando o movimento, inoportuno, que também atinge o atendimento de urgência e emergência”, criticou.

Cristina lembrou que, em junho de 2010, foi implantando o plano de cargos e salários no município e, explicou ela, é preciso haver indicativo de recursos para suprir o piso que a categoria demanda, o que seria impossível no momento. “Não existe lei que determine o piso com o valor exigido. O assunto ainda é discutido no Congresso Nacional”, alegou.


Comentários

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  • 11.09.2011 00:19 Rodrigo

    Muito triste tudo isso! Esse prefeito é uma vergonha!!!

  • 08.09.2011 18:18 Alice

    Gente sofrendo doente com dor e morrendo e ainda falam que e uma briga politica? Com ou sem greve dos medicos os noticiarios monstram o caos na saude publica toda hora. Ate quando a populacao vai querer continuar sendo enganada e ficando as minguas sem ter um atendimento digno? Precisando de Uti sem conseguir? Precisando fazer exames e o poder publico mentindo que chequinhos de todos os exames estao disponiveis todos os dias? Quem axa uma feiura ja tentou tirar um chequinho para fazer um teste de esteira para ver o coracao pelo sus? Eu e minha familia apoiamos os medicos. Que Deus abencoe a todos!

  • 07.09.2011 15:11 Talissa

    É uma briga política!

  • 07.09.2011 13:38 Joao carlos

    Que feiura, doutores!

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