A Redação
Goiânia - O ex-médico Denísio Marcelo Caron foi condenado a 13 anos de prisão, em regime fechado, nesta quinta-feira (29/8), acusado de ter provocado a morte da oficial de justiça Flávia de Oliveira Rosa. O caso foi a júri popular no 2º Tribunal do Júri de Goiânia.
Flávia morreu em 12 de março de 2001, em decorrência de complicações em lipoaspiração feita por Caron dias antes.
O ex-médico foi julgado por homicídio duplamente qualificado: por motivo torpe e com uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
Além de Flávia, outras quatro pessoas, sendo duas de Goiânia e duas de Brasília, que fizeram cirurgia plástica com Marcelo Caron, morreram em razão dos procedimentos.
Caron volta agora para o Estado do Rio Grande do Norte, onde já cumpre pena em regime semiaberto. Ele vai esperar o julgamento de recursos em liberdade.
O julgamento
Ao ser ouvido, Caron afirmou que realizou cerca 2 mil cirurgias plásticas e que, destas, apenas quatro resultaram óbito: dois em Brasília e dois em Goiânia. Ele garantiu que gostava muito de Flávia e da família dela e afirmou lamentar sua morte.
Segundo Caron, a oficial de justiça foi operada numa terça-feira, teve alta dois dias depois e morreu na segunda-feira seguinte. Ele afirmou tê-la vista no sábado à noite quando, ao constatar a gravidade do caso, a encaminhou para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). "Por mim ela ficaria internada mais tempo, mas dei alta porque ela era jovem, saudável e que queria ir pra casa", relatou.
O ex-médico informou que, além da perfuração no fígado, que acredita ter sido feita pelo cirurgião geral, Flávia também sofreu infecção. "Acompanhei a abertura do abdômen dela e seu fígado estava inchado", assegurou, sustentando que a perfuração era grande e, por isso, não poderia ter sido feita por uma cânula de lipoaspiração. Ele chegou a dizer que daria sua vida para ter a de Flávia de volta, momento em que a mãe da vítima deixou o tribunal.
Marcelo Caron chorou muito ao falar do filho que nasceu na época das mortes de suas pacientes, e também ao falar da morte de sua concunhada, Janete, primeira de suas pacientes a morrer. Disse acreditar que suas falhas podem ter sido resultado muito mais de distúrbios pessoais do que profissionais e destacou que os problemas com suas cirurgias provocaram baixa em sua auto-estima.
Por outro lado, informou ter sido absolvido de 25 das 29 denúncias a que respondeu por lesão corporal. Sobre anúncio de realização de cirurgia plástica em carro de som, Caron afirmou que isso foi uma brincadeira infeliz de um colega de Turvânia. "Fiz um termo de ajustamento de conduta com o MP para deixar de atuar em Goiânia. Fui mal orientado e entendi que o acordo era válido só pra Goiânia. Hoje vejo que errei", admitiu. (Com informações do TJ-GO)