Maria Cecília conta que na época pagou algumas dívidas emergenciais e reformou a sede do Cevam, que fica no Setor Norte
Ferroviário, em Goiânia. "Era preciso reformar a sede para continuar recebendo com dignidade mulheres, crianças e adolescentes agredidos, abusados ou abandonados. Hoje são 72".
"Gande parte das ações desenvolvidas em nossa ONG são voltadas também à recuperação de crianças e adolescentes agredidos, abusados ou abandonados. Por isso precisamos cada vez mais de apoio voluntário", completou.
Ciranda do Bem
A campanha Ciranda do Bem é uma iniciativa da vereadora Cristina Lopes (PSDB), que depois de uma visita ao Cevam, pediu ajuda ao artista plástico Siron Franco. O artista plástico goiano, que também falou com a reportagem do jornal
A Redação, na manhã desta segunda-feira (23/9), disse que fez questão de interromper um processo de criação, que resultará em uma exposição no Rio de Janeiro, para participar da campanha.
Siron Franco e vereadora Cristina Lopes (Foto: Bia Tahan)
"É uma obrigação ajudar e eu espero que outros artistas se incorporem a campanha. A imprensa precisa divulgar e a população tem que participar. É assim que vamos reerguer o Cevam". Siron cita um exemplo, que para ele é emblemático, de uma garota de apenas 12 anos de idade, grávida, vítima de maus tratos e que não sabe se o filho que gesta é do tio, do irmão ou do próprio pai. Ela segue abrigada no Cevam. "Eu tenho uma filha de 11 anos e fiquei atordoado com o caso".
Siron explica que a ideia da ciranda tem relação com continuidade, assim a campanha não precisa terminar. "É como fez Betinho com o Fome Zero. A ideia está lançada, agora precisamos não deixar ela morrer", frisa.
Verba
Segundo o empresário Leonardo Rizzo, o Instituto Rizzo será um ponto de encontro de pessoas que queiram debater novas iniciativas. "Esse é um espaço aberto para as causas importantes. Acho que todo goiano deveria ter orgulho do Cevam", concluiu Rizzo.
Ângela Pereira da Omega Dornier (Foto: Bia Tahan)

A arrecadação da campanha virá de dois braços: a venda de joias e de esculturas, todas idealizadas pelo artista plástico Siron Franco. O objetivo é angariar recursos para as despesas diárias do Cevam.
As joias, sendo quatro modelos de pulseiras e um de colar, em ouro, prata e pedras preciosas, serão vendidas nas lojas Omega Dornier durante
um período de dois anos. Todas as peças têm o símbolo do infinito que, segundo Siron, representa a necessidade da campanha nunca acabar.
As peças serão confeccionadas pela Omega Dornier e 100% da renda será repassada para o Cevam. "Vamos retirar apenas o valor do custo de produção das peças", explica a diretora comercial da empresa, Ângela Pereira. Ela explica que as peças ficarão expostas em um display nas lojas, mas que o cliente também poderá encomendar uma peça exclusiva, tudo é claro, dentro do padrão Siron Franco.
Ângela comenta que a cerca de cinco anos atrás a Omega fez uma outra parceria com Siron, que desenhou um colar com pingentes que representavam partes do corpo humano. A renda, na época, também foi repassada para um instituição sem fins lucrativos. "Temos que nos virar para ajudar a quem precisa. Não podemos deixar o Cevam fechar as portas".
A diretora diz que ainda não tem novos planos sociais em vista, mas que a empresa está aberta para iniciativas como a Ciranda do Bem.
A outra forma de arrecadação é a venda de esculturas também assinadas por Siron Franco. Os objetos, em forma de antas, são uma espécie de continuação de um trabalho que o artista traz desde 1984. "A anta representa resistência e inteligência. Ela aparece sempre no meu trabalho".
(Foto: Bia Tahan)
As antas foram confeccionadas em resina e pigmento nas cores amarelo, azul, branco e verde, com aproximadamente 50 cm de comprimento. Todas as esculturas foram ainda numeradas e identificadas com um código QRCode (código criptografado único que pode ser lido por um aplicativo baixado para celular), na parte inferior da arte.
As peças - um total de 25 de cada cor - serão comercializadas pelo Estúdio Lateliê, através do
site da empresa e toda a renda será revertida para o Cevam.
O Cevam

A violência doméstica ainda é uma realidade cruel no Brasil e muitas pessoas são vítimas de maus tratos diariamente. Neste contexto, o Cevam trabalha acolhendo mulheres, adolescentes e crianças vítimas de violência. Segundo dados da ONG, a cada 24 segundos uma mulher é espancada no Brasil.
Para a vereadora Cristina Lopes (PSDB)
(foto), o Cevam precisa ser ajudado. "Quando uma criança é violentada dentro de casa há um corte no processo de desenvolvimento. Isso é grave e é exatamente por isso que quando existe um lugar que cuida destas pessoas, temos que cuidar, valorizar."
A tucana explica que Goiânia não tem assistência social atualmente. Ela afirma que a pasta responsável pelo tema está parada desde o início da gestão do PT e que a área precisa de ações permanentes. "Vale lembrar que no dia 20 de outubro acontecem as eleições para conselheiro tutelar. Neste momento precisa-se escolher nomes fortes para fazer esser trabalhao de base que , com certeza, vai refletir nos casos de violência".