José Cácio Júnior
Atualizado às 21h42
Correndo contra o relógio eleitoral, o secretário estadual de Meio Ambiente (Semarh), Leonardo Vilela, tem pressa em definir o pré-candidato à prefeitura de Goiânia pelo PSDB. A favor da definição do nome por meio de consenso, Leonardo pretende chegar com fôlego no início do próximo ano.
"Temos que entrar em janeiro com o nome definido. Tenho pressa até mesmo para a população saber que tem uma alternativa à administração atual", define o titular da Semarh, em entrevista na sede do jornal A Redação. Para Leonardo, o prefeito Paulo Garcia (PT) já "está em franca campanha". Leonardo disse ainda que o prefeito Paulo Garcia já atua para formar uma ampla base de apoio e que a demora na definição do candidato tucano pode dificultar o trabalho de aglutinação de uma aliança.
Indo na contramão de outros integrantes da legenda, Leonardo acredita que o consenso é a maneira "menos traumática" de escolher o pré-candidato, pois faz com o que o partido caminhe unido. "Se não houver consenso, que seja feita a prévia para definir o nome. Mas acredito que o consenso é o caminho natural." Leonardo também afirma que "todos no partido já definiram quem apoiar"e que, portanto, não há motivos para o diretório protelar a tomada decisão.
A defesa pelo consenso é sintomática. Internamente, Leonardo tem a preferência do governador Marconi Perillo (PSDB), o que facilitaria sua indicação. Por outro lado, o deputado estadual Fábio Sousa, um dos quatro pré-candidatos, não abre mão da realização de prévia no partido. Fábio, o deputado estadual mais votado pelo PSDB em Goiânia no ano passado, teria certa vantagem em relação a Leonardo no sistema de votação tucana.
A escolha do nome está próxima de ser anunciada. O partido criou um conselho de cinco nomes para sabatinar os pré-candidatos. Coordenado pelo ex-prefeito de Goiânia Nion Albernaz, o grupo é formado pelo secretário estadual de Saúde, Antônio Faleiros, o presidente da Indústria Química do Estado de Goiás (Iquego), Olier Alves, pelo presidente da Metrobus, Carlos Maranhão e o ex-presidente do Detran Bráulio Moraes.
O conselho já sabatinou os quatro pré-candidatos. Além de Leonardo e Fábio, João Campos e Túlio Isac, deputados federal e estadual, respectivamente, estão no páreo.
Além da rapidez na escolha do nome do partido, Leonardo não concorda com mais de um candidato pela base estadual. Duas ou três candidaturas facilitaria a reeleição de Paulo Garcia. "Ninguém vai para a guerra sozinho."
Leonardo disse que, em conversa com o senador Demóstenes Torres (DEM), recebeu a garantia de que o democrata apoiará o nome escolhido pela base para disputar a prefeitura de Goiânia. "Tenho conversado com o senador Demóstenes, mas me parece que ele tem focado o projeto nacional do partido. É um dos senadores com maior projeção nacional. Em relação à candidatura em Goiânia, tenho impressão que ele uniria toda a base e seria eleito facilmente, mas ele almeja um projeto nacional. De uma forma ou de outra, ele já me falou que irá participar da eleição em Goiânia, trabalhar para o candidato da base. Mesmo com a atuação no Senado, o senador é um cabo eleitoral muito forte, ao lado do governador Marconi Perillo (PSDB)", pontua.
Forasteiros
Criticado pelos próprios correlegionários por não ter vínculo com Goiânia (Leonardo é natural de Mineiros), o secretário de Meio Ambiente afirmou que a capital é praticamente uma cidade formada por forasteiros. Com exceção de Paulo Garcia, que chegou ao cargo sendo eleito vice-prefeito, a maioria dos ex-prefeitos de Goiânia não são da capital.
"Não sou de Goiânia como os outros ex-prefeitos. Darci Accorsi (PT, 1993-1996) é gaúcho; o professor Nion Albernaz (PSDB, 1997-2000) é da Cidade de Goiás; Pedro Wilson (PT, 2001-2004) é de Marzagão. Isso é um pensamento provinciano e um desrespeito à cidade que foi construída por gente de fora", afirma Leonardo, completando que mora há 13 anos em Goiânia.
Continuísmo
A gestão de Paulo Garcia não passa de "continuísmo" do trabalho do ex-prefeito Iris Rezende (PDMB), alfineta Leonardo Vilela. Tentando se colar à imagem de "tocar de obras", o secretário de Meio Ambiente critica as ações do prefeito nas áreas mais sensíveis da cidade.
A execução do Plano Diretor é uma delas. Para Leonardo, o prefeito não respeita as diretrizes do documento. Ele cita a obra da ciclovia que liga a Praça Cívica à Praça da Bíblia. "A intenção de construir ciclovia é super louvável. Sou ciclista e o primeiro a defender. Mas aquela obra não é prevista no Plano Diretor. Uma obra que derrubou árvores históricas, que não foi discutida com a sociedade e desconfigura o Centro Histórico de Goiânia. Me parece muito mais uma obra eleitoreira do que para beneficiar a sociedade", critica.
Para Leonardo Vilela, "outro exemplo flagrante de desrespeito ao plano é a tentativa de vender as áreas em torno do Paço Municipal. Daquelas 33 áreas que querem colocar à venda, uma delas é destinada ao Parque do Cerrado, e as outras para a construção de prédios públicos. O que querem é tornar aquele trânsito mais caótico retirando áreas de escoamento pluvial", menciona.
Dos projetos postos em prática pela atual administração municipal, no entanto, destaca a importância do Projeto Macambira-Anicuns. "Foi uma pena ter ficado parado tanto tempo. Concluído ele promoverá qualidade de vida e ambiental nos trechos abrangidos".
Pré-campanha e propaganda extemporânea
Na visão e Leonardo Vilela, o prefeito Paulo Garcia está nitidamente em campanha eleitoral. "Ele não está preocupado em enfrentar os grandes problemas estruturais de Goiânia, mas em ações que vão garantir sua reeleição." Para o secretário o pré-candidato precisa ter legitimidade para conversar com a sociedade, sindicatos, associações de bairros e universidades para discutir os grandes problemas de Goiânia. Vilela pontua que, quem quiser fazer um bom projeto para a capital, precisa antes fazer um bom debate. Daí o motivo de suas constantes visitas a representantes de bairros, agremiações, que segundo ele, não se enquadram como pré-campanha.
"Nas minhas reuniões eu não peço voto, não faço proselitismo eleitoral, não levo nenhum tipo de material pedindo votos para mim. O que faço é ouvir as pessoas, respondo as questões pontuadas e coloco minhas ideias. Acho que é uma forma de legítima que eu, um homem público, fora do horário de trabalho, de realizar ações como cidadão, deputado federal no terceiro mandato e secretário de Estado", afirma. "Pelo resultado das reuniões percebo que a população quer é isso mesmo. O povo está cansado de político de gabinete, que não vai até onde os problemas estão, que não tem paciência para escutar críticas e sugestões", completa.
Segundo conta, o que mais ouve em suas reuniões são reclamações sobre o déficit no quadro de funcionários da Saúde, problema de infraestrutura nas escolas, problemas relacionados às drogas e violência e falta de investimento na área social. "Na Saúde falta médico. O déficit estimado em vaga nos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) é de 14 mil. Esta gestão acabou com os programas Cidadão 2000 e Trabalhando com as Mãos e não se fez nada. E a prefeitura faz de conta que não tem nada a ver com isso."