Sarah Mohn
Goiânia - Por meio de ofício enviado na quarta-feira (30/12), último dia útil do ano, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Goiás (OAB-GO), Enil Henrique de Souza Filho, solicitou à Caixa de Assistência dos Advogados de Goiás (Casag) empréstimo no valor de R$ 7.620.000,00 (sete milhões, seiscentos e vinte mil reais) para quitar dívidas da seccional.
Confira o ofício enviado à Casag:
parte 1 -
parte 2.
A Casag justificou a decisão apontando os seguintes fatos: "no pedido realizado não foram apresentados relatórios financeiros e demonstrações contábeis auditadas, que demonstrassem a real necessidade do recurso, bem como a origem da dívida; não é prática entre as duas Casas auxílio financeiro mútuo, principalmente na gestão em curso, e tal pedido sendo realizado no último dia útil do exercício e do mandato em curso".
De acordo com a solicitação da OAB-GO, assinada também por Otávio Forte, secretário-geral Adjunto, e Márcia Queiroz, diretora-tesoureira, o objetivo do aporte financeiro seria “fazer frente aos compromissos financeiros vencidos e a vencer até 31 de dezembro de 2015”. Não assinaram o documento o secretário-geral, Julio Meirelles, e o vice-presidente da Ordem, Antônio Carlos Monteiro da Silva.
Ao jornal A Redação, Julio Meirelles e Antônio Carlos criticaram o pedido de empréstimo feito por Enil Henrique. Eles voltaram a afirmar que não participaram da gestão financeira da entidade, nem mesmo das deliberações sobre gastos durante o atual mandato-tampão.
“As contas de 2014 foram aprovadas pelo Conselho. Não tenho conhecimento sobre as contas de 2015. Isso pra mim chega a ser novidade (pedido de auxílio financeiro). Nesse mandato-tampão, não participei da gestão financeira da entidade, não participei de deliberações sobre gastos, direcionamento dos recursos financeiros ou sobre políticas de investimentos. Não tive acesso a situação financeira da Ordem. Passei o ano pedindo informações, sempre recusadas. Tenho vários documentos que comprovam isso. Não posso ser responsabilizado pela gestão financeira da OAB-GO em 2015, e o próprio Conselho Federal já tem ciência disso", afirmou Julio Meirelles.
Antônio Carlos se disse ainda surpreso com o pedido de empréstimo. "Estou assustado com esse pedido de aporte financeiro. Na realidade, não tive acesso a mais nenhuma informação acerca do financeiro da instituição. Declaro, ainda, que fui alijado de toda e qualquer acesso à movimentação financeira da OAB e não fui informado de qualquer auditoria que levantasse a existência da necessidade de um aporte no valor que me foi informado" declarou.
A solicitaçao chama a atenção pelo alto valor, já que o próprio Enil Henrique afirmou que no início do ano, quando assumiu a presidência, a situação financeira da OAB estava em ordem. Conforme consta no próprio ofício assinado por ele, as dívidas foram contraídas todas neste ano.