A Redação
Goiânia - Um grupo formado por cerca de 50 pais e alunos está na porta do Colégio Estadual Villa Lobos, em Aparecida de Goiânia, desde as primeiras horas da manhã desta terça-feira (25/1). Assim como aconteceu em outras escolas ocupadas ontem, a ação tenta tirar os manifestantes da escola para que o ano letivo tenha início.
Avó de dois alunos do colégio, a dona de casa Edilce da Silva informou ao jornal A Redação que foi uma das primeiras a chegar na porta da escola para protestar. "É um grupo de desocupado, que não tem o que fazer. Sou vizinha do colégio e estou acompanhando de perto a bagunça que estão fazendo, soltando fogos de madrugada, pichando o muro. Eles precisam sair daí, meus meninos têm que voltar a estudar logo", disse.
Dona Edilce comentou que a família enfrenta problemas com a paralisação da unidade. "Tenho um sobrinho que precisa da documentação para começar a faculdade, mas não consegue. Eu já estudei nessa escola vários anos atrás, tenho um amor muito grande por ela e fico indignada de ver o que está acontecendo", completou ao dizer que uma das netas está tentando transferir de unidade. "Mesmo assim será um transtorno, ela mora ao lado da escola e agora vai ter que estudar em um lugar distante? Não é justo".
Junto aos pais e alunos está uma equipe da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), que tenta negociar um diálogo com os manifestantes que ocupam a escola. Segundo informações apuradas pela reportagem, a diretora do Villa Lobos conseguiu entrar para conversar com os ocupantes. Eles afirmaram que não vão deixar a unidade de ensino e nem estão dispostos a dialogar. "Estamos todos preparados para a mobilização contra a ocupação", publicou os manifestantes no Facebook.
Outras escolas
O comunicado confirma a desocupação de quatro unidades: Colégio Estadual Ismael Silva de Jesus e Colégio Estadual Professor Pedro Gomes, em Goiânia; Colégio Estadual Rui Barbosa (Vila Alzira), em Aparecida de Goiânia; e Presidente Costa e Silva, em São Luis de Montes Belos.
Também nesta manhã, outras duas unidades foram desocupadas após interferência de pais e alunos, o Bandeirantes e o Robinho Martins de Azevedo.
Entenda o caso
A série de ocupações começou no dia 9 de dezembro do ano passado. Os manifestantes alegam que ser contra a gestão compartilhada com organizações sociais, projeto que já é realidade na Saúde do Estado e que será implantado este ano na Educação. A expectativa do governo é que 200 escolas participem do novo modelo até o fim de 2016. A implantação vai começar por 23 escolas ligadas à Subsecretaria de Anápolis.
A Seduce registrou a ocupação de 26 unidades goianas, espalhadas por Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Cidade de Goiás e São Luís de Montes Belos. Durante o movimento, os manifestantes chegaram a fechar os portões das escolas, impedindo o acesso às dependências.
Na segunda-feira (18/1) que antecedeu o início do ano letivo, a secretária da Seduce, Raquel Teixeira, concedeu uma entrevista coletiva
explicando a inviabilidade de iniciar as aulas nas unidades ocupadas. "Como a efetivação só pode ser concluída pelo diretor ou coordenador dentro da escola, que é onde ficam os documentos, temos uma situação variável no caso das ocupadas", disse a secretária.
Foi oferecida a opção de transferência aos alunos que quisessem começar o ano letivo no calendário comum. Já o aluno que insiste em estudar na unidade ocupada teria que aguardar a desocupação e vistoria de cada unidade. Um novo calendário deve ser elaborado para reposição de aulas. Insatisfeitos com o atraso do cronograma de aulas previsto para 2016, pais e alunos iniciaram uma série de manifestações para retirar os ocupantes das escolas.