Tocar nas feridas causadas pela ditadura no Brasil. Para os participantes do 52º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune) já está mais do que na hora de passar a história a limpo. Para isso, eles defendem a criação imediata da Comissão de Memória e da Verdade, em que os anistiados serão ouvidos e os arquivos da ditadura abertos.
Na abertura do Ato em Defesa da Memória e da Verdade, iniciado às 15h desta sexta-feira (15/7), na Praça Universitária, jovens e militantes dos direitos humanos gritavam palavras de ordem pela abertura dos arquivos da ditadura. Primeiro a discursar, o presidente da UNE, Augusto Chagas, classificou a impunidade como "a porta para que tudo aconteça de novo".
A exemplo do que aconteceu na África do Sul, com o fim do Apartheid, essa comissão ouviria todos os anistiados (torturados e torturadores). Punir ou não, é outra discussão.
Além de Chagas, o ato contou com a participação da ministra da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, da deputada federal e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Manuela D’Ávila ( PCdoB/RS), do ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, e do presidente da comissão de Anistia, Paulo Abrão.
Reescrever a história
Em seu discurso, Manuela D'Ávila disse que é urgente a aprovação da comissão para que a história brasileira seja reescrita. "Essa comissão representa o encontro entre um povo e sua história. Chega de ouvir a história dos derrotados, ele venceram até 1984, não mais", polemizou a deputada se referindo aos agentes de ditadura.
Sobre a queima de arquivos de ditadura, a deputada gaúcha relativizou sua importância. "Quando falamos em comissão, falamos em pessoas que serão ouvidas e temos pressa, porque os que não foram mortos durante a ditadura, estão morrendo", discursou.
O discurso da ministra Maria do Rosário, uma das militantes que sobreviveram à ditadura, teve tons de emoção. "Esse é um momento histórico. Porque há alguns anos atrás jovens como vocês participavam desse congresso, lutavam por uma pátria justa e democrática. A diferença é que muitos deles não voltaram para casa depois", declarou.
O Presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, defende que ela seja composta também por jovens. "Para que se possa fazer uma conexão entre passado e futuro", disse.