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Carência na Rede Municipal

Diabéticos sofrem com falta de insulina em Goiânia

Medicamento está em falta há 15 dias | 01.02.12 - 18:52 Diabéticos sofrem com falta de insulina em Goiânia Maurilene Almeida chora ao sair de farmácia com duas filhas. Insulina está em falta há 15 dias na rede municipal (Foto: Fábio Lima)
Catherine Moraes

Com uma filha de seis meses nos braços e outra de três anos na barra da calça, a dona de casa Marilene Almeida Neves, de 32 anos, saiu de casa cedo nesta quarta-feira (1/2) com um único desejo: conseguir um tubo de insulina Lantus para a outra filha, Magali, de apenas seis anos e portadora de diabetes. Deixou o bairro onde mora, o Morada do Sol, e tomou três ônibus coletivos com as filhas. Ao chegar na Farmácia Popular, próxima ao terminal Praça da Bíblia, recebeu a má notícia. O medicamento que é fornecido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) está em falta há 15 dias e não tem data prevista para chegar.

Assim como a filha de Marilene, cerca de 1,5 mil pessoas portadoras de diabetes tipo 1, cadastrados pela SMS, estão sem o medicamento. Quem é diagnosticado com a doença  não sobrevive sem a insulina. Dessa forma, se não é possível conseguí-la de forma gratuita, a única solução é a compra. O custo mensal do medicamento varia de acordo com a necessidade e, no caso de Marilene, pode chegar ao valor total do salário do marido: R$ 700.

Questionada sobre a falta de insulina, a SMS informou que o problema aconteceu no fornecimento do laboratório, que estava de recesso até o último dia 25 de janeiro. Foi informado que a negociação já foi realizada e que agora é preciso esperar a normalização do fornecimento. No entanto, não há uma data certa para isso. Outro tipo de insulina, a Levenir, já está disponível, mas apesar de apresentarem um funcionamento semelhante, as insulinas Lantus e Levenir são diferentes e podem apresentar efeitos diversos nos pacientes.

“Não são medicamentos genéricos, as insulinas são diferentes e quem usa uma delas não pode simplesmente trocar pela outra. Pode ser que a dosagem seja diferente, por exemplo. Por esse motivo, o médico precisa ser consultado”, explica a endocrinologista Hercília Cruvinel.

Rápida perda de peso
Marilene morava em Mambaí, município goiano localizado a 526 km da capital. Em agosto de 2011, a filha de seis anos, Magali Neves de Castro, começou a perder peso de forma rápida. Preocupados, os pais levaram a menina ao clínico-geral do hospital público da cidade, que diagnosticou verminose.

A pequena Magali começou a tomar vermífugos, mas emagreceu ainda mais. Uma nova consulta foi feita e o médico trocou o medicamento por outro similar. Três dias após iniciar o tratamento, a menina desmaiou. Insatisfeitos com o diagnóstico, Marilene e o marido decidiram pagar uma consulta particular. Em jejum, a menina apresentou 520 de taxa de glicose, sendo que 600 é próximo de um coma diabético.

“A assistência social de Mambaí não quis comprar medicamentos para minha filha e assim tive que me mudar para Goiânia. Eu e meu marido abandonamos o emprego e ele agora trabalha como eletricista informal. Quando precisamos de remédios, minhas irmãs se unem e compram. Como não conseguíamos pagar nem o aluguel, ganhamos uma área de uma igreja”, lamenta a dona de casa.

Mudando a rotina
Outra vítima da falta de remédio é o pequeno Rodrigo Garcia Pinheiro, de apenas oito anos. Há aproximadamente nove meses, Rodrigo passou mal em uma festinha da escola, em comemoração ao dia das mães. Ele foi levado para um hospital e diagnosticado com diabetes tipo 1. A taxa de glicemia estava em 596.

“Tive 24 horas para entender o que era a doença e mudar completamente a nossa rotina. Hoje, ao se levantar, antes de comer e de dormir, ele mesmo mede a taxa. As mudanças não são só para meu filho, mas para a família toda”, afirma a mãe, Talvane Garcia.

A jornalista Talvane afirma que a preocupação não é só com o remédio, mas com toda a alimentação de um diabético. A meta da mãe agora é criar uma associação que ampare outras mães com filhos diabéticos.

“Assim poderemos dividir experiências, exigir tratamento e alertar sobre prevenção. Além disso, poderemos evitar graves problemas como cegueira e até perda de algum membro. Infelizmente algumas mães só descobrem que o filho está doente quando o estágio é avançado e o tratamento, portanto, mais complicado”, lamenta.

Comentários

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  • 14.03.2012 09:54 Eliane

    Catherine, tenho vários refis de caneta de humalog para doar para a Marilene ou para quem estiver precisando. Só não sei como enviar pois precisa de gelo. Vocês tem algum contato desta moça? Podem ajudar no envio? Grata.

  • 06.02.2012 10:21 ADELIA MARIA HOLANDA SILVA

    E Inadmissível I o poder público ser tão irresponsável com a saúde dos portadores de Diabetes Tipo 1 , que precisam de Insulina para sobreviver.Precisamos Fortalecer as políticas publicas e fazer valer o Direito das crianças Diabética

  • 02.02.2012 12:47 Paula

    Isso é uma vergonha realmente um descaso do poder público. A saúde está cada vez pior. Medicos que recebem uma mixaria, leitos de hospitais em condiçoes precárias, mal atendimentos aos pacientes do SUS e ainda a falta de remedios não só para Diabéticos, mas também para os pacientes com câncer do hospital Araújo Jorge. Na verdade, desculpem o palavriado, mas a saúde ta uma MERDA e para nossa dignissima Presidenta Dilma, mandar dinheiro pra saúde vai ser preciso "inventar" um imposto para que assim a 'VERBA' possa ser liberada. É muita falta de consideração com o povo que, é justamente os que mantem eles no "PODER". Muita indignação.

  • 01.02.2012 10:40 BRUNNA SOARES

    Catherine, tenho dois frascos de insulina e posso doar para essa senhora...você tem telefone de contato dela?

  • 01.02.2012 10:30 LUZIA DE CÁSSIA

    sou totalmente solidaria com essas pessoas pois lido com essa doença a 14anos,meu filho mais velho diagnosticado aos 7,minha filha caçula hoje com 12 diagnosticada aos 4 e eu diagnosticada á 4 anos sei muito bem os custos desta doença,o descaso da rede publica e o quanto estrago faz senão for bem tratada.estou a disposição para criarmos uma associação ou o que for conte comigo.

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