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Goiânia registra mais de 600 casos de violência contra mulher em dois meses

Delegada comenta estatísticas neste 8 de março | 08.03.17 - 07:50 Goiânia registra mais de 600 casos de violência contra mulher em dois meses (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)

Rafaela Bernardes

Goiânia -
Neste Dia Internacional da Mulher, muitas goianienses não têm motivos para comemorar. Os números de violência contra a mulher na capital aumentam ano após ano, numa cadência assustadora de desrespeito e violação de direitos. Só nos meses de janeiro e fevereiro de 2017, a Delegacia da Mulher (Deam) de Goiânia já registrou 634 ocorrências de mulheres que foram agredidas (fisicamente, moralmente ou verbalmente) por homens que, muitas vezes, são seus companheiros de vida. Desses casos, 92 agressores foram presos. 

Segundo dados da Delegacia da Mulher, o número de casos de violência contra a mulher registrados em 2016 foi de 3.840. Do total de ocorrências, 570 agressores foram presos e cerca de dois mil processos foram finalizados pela Polícia Civil (PC) e encaminhados ao Poder Judiciário para que o autor do crime fosse julgado. 
 

 
 
D.J.R., de 45 anos, é uma das mulheres que compõem a triste estatística de 2017. Depois de oito anos casada, ela resolveu se separar do marido, que não aceita o término do relacionamento. Sofrendo agressões verbais e ameaças do ex-companheiro, ela resolveu denunciar o caso para a polícia no último dia 20 de fevereiro.
 
"Quando eu tinha 16 anos eu tinha um namorado que me agrediu fisicamente. Ele me bateu muito. Agora, com 45 anos, estou com medo de passar por essa situação mais uma vez. Estou com medo do meu ex-marido e, por isso, procurei ajuda da polícia para que nada de ruim aconteça comigo e com a minha filha. Ele está bebendo muito e tenho medo do que ele pode fazer", disse.
 
A equipe de reportagem do jornal A Redação esteve na Deam nesta terça-feira (7/3) e o movimento na delegacia era tranquilo. No entanto, segundo a delegada titular da especializada, Ana Elisa Gomes Martins, a situação não é sempre assim. Conforme relatou à nossa equipe, o movimento fica mais intenso nos finais de semana e durante a madrugada.
 

(Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
 
"A Delegacia da Mulher funciona 24 horas e é durante a madrugada ou nos finais de semana que registramos o maior número de ocorrências, isso porque normalmente nesses dias e horários os agressores ou companheiros estão embriagados. A bebida alcoólica e o uso de outras drogas normalmente potencializam a agressividade desses homens. Mas, graças à confiança das mulheres no trabalho da polícia, conseguimos prender agressores todos os dias", detalha. 
 
Ana Elisa diz, ainda, que principalmente em casos de violência doméstica a contribuição da mulher com a polícia é essencial para que os agressores sejam identificados, localizados e detidos.
 
"A colaboração da vítima é indispensável para o andamento das investigações. Muitas vezes esses casos de violência, principalmente a doméstica, envolve pessoas de uma mesma família (agressor, vítima e testemunhas), o que faz com que a vítima fique com mais medo e vergonha de denunciar o crime. Entendemos que esse processo de denúncia é constrangedor e doloroso, mas é necessário para que os autores do crime sejam penalizados", explicou a delegada. 

Denúncia
Em Goiânia, a Delegacia da Mulher, que fica na Rua 24 no Setor Central, funciona como uma Central de Flagrantes 24 horas por dia. No caso de agressão, seja ela verbal, moral ou física, a mulher deve comparecer à sede da delegacia para registrar a ocorrência. 

 

(Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
 
"As denúncias podem ser recebidas pela Polícia Civil, Polícia Militar, Defensoria Pública, Ministério Público, mas nós sabemos que historicamente a Delegacia da Mulher é a porta de entrada para denunciar esse tipo de crime. Como a delegacia funciona 24 horas, a vítima não precisa faltar trabalho para vir denunciar, ela tem os finais de semana e os horários não comerciais para vir até a delegacia", explica.
 
Em casos de flagrante, a delegada explica que a vítima pode acionar a PM pelo 190 ou os policiais civis da Deam por meio dos telefones 3201 2801/3201 2802 para que o agressor seja preso logo após o crime. Ana Elisa explica também que a vítima pode ser encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML) para a realização de exames e que a mulher agredida deve indicar testemunhas do crime para ajudar nas investigações da polícia. 

Esperança
Neste 8 de março, Ana Elisa diz que, apesar de tudo, acredita que há motivos para celebrar a data. "O dia da mulher tem que ser comemorado sempre pelo simples fato de ser um dia dedicado a ela". Para a delegada, o primeiro passo para mudar o atual cenário de violência e desrespeito à mulher em Goiânia e no Brasil é promovendo uma mudança cultural. 
 
"É preciso nos atentar à forma como estamos criando nossos filhos homens. Desde pequenos são criados em uma cultura machista onde o desrespeito prevalece. O mais importante em uma criação é passar valores de respeito para as crianças. Essa é uma luta muito grande, afinal ainda somos motivo de piadas e comentários maldosos, isso sem falar no tratamento machista. Se não mudarmos nossa cultura, nunca vamos conseguir combater os números de violência contra a mulher", finaliza a delegada. 
 
 
 
 

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