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Goiânia

Ritual do "sêmen divino" fez pelo menos 10 vítimas, diz ex-membro de seita

W.G., de 32 anos, conta detalhes das reuniões | 28.03.17 - 16:19 Ritual do "sêmen divino" fez pelo menos 10 vítimas, diz ex-membro de seita (Foto: reprodução/Facebook)Adriana Marinelli

Goiânia - 
Ex-membro do Instituto de Inteligência Universal – a Essenium – e responsável pelo site que denuncia práticas ilícitas na seita instalada em Goiânia, W.G., de 32 anos, revela que pelo menos dez pessoas teriam sido abusadas sexualmente durante sessões de hipnose. 
 
O caso é apurado pela Polícia Civil de Goiás, que investiga denúncias contra o líder da Essenium, D.A.M. Além de casos de violência sexual, no chamado ritual do “sêmen divino”, o homem definido como “mestre” pelos membros da Essenium também estaria envolvido com estelionato e lavagem de dinheiro. 
 
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Em entrevista ao jornal A Redação na tarde desta terça-feira (28/3), W.G. detalhou como passou a integrar o grupo e revelou que só teve conhecimento dos abusos após um amigo próximo ter sido vítima. “Ele passou por esse ritual de hipnose e só ficou sabendo porque o próprio D.A.M. contou a ele. Para justificar o caso, disse a ele [à vitima] que o ‘sêmen divino’ ajudava a evoluir o espírito”.
 
“Depois que esse amigo meu foi vítima, ele se afastou e me disse que só me falaria o motivo depois que eu também deixasse de fazer parte dos encontros da Essenium. Eu me liguei que algo errado estava acontecendo e resolvi comunicar o restante do grupo sobre meu desligamento”, contou o ex-integrante da seita ouvido pelo AR. 
 
De acordo com W.G., ele conheceu o suspeito ainda em 2013 e foi convidado pelo próprio líder para integrar o grupo. “Eu trabalhava com publicidade e ele me procurou para falar de trabalho. Conversamos um pouco sobre a profissão de um e do outro e, depois disso, ele [o suspeito] me convidou para conhecer a Essenium. Me disse que era um grupo de estudos que discutia situações dessa e de outras vidas, algo mais espiritual. E realmente foi assim no início. Nos reuníamos com frequência em uma pequena sala no centro de Goiânia até chegar à sede da Essenium, que funcionou durante anos no Setor Sul”.
 
Ao AR, W.G. explicou que os membros da seita faziam um pacto para que nada do que fosse discutido internamente nas reuniões fosse repassado a pessoas de fora. “O D.A.M. tinha um discurso de que as pessoas que não estavam ligadas aos ensinamentos dele não teriam condições de entender o que ali era discutido. Para muitos, ele dizia, inclusive, que era Jesus. Como tinha muito a questão da fé, as pessoas obedeciam”, disse o ex-membro que revelou a necessidade de um documento oficializando o desligamento do grupo. 
 
“No meu caso, quando eu fiquei sabendo da violência sexual por meio de hipnose, eu não quis enviar o documento de desligamento, eu preferi manifestar minha revolta por meio do site”, acrescentou. Segundo W.G., a Essenium, que começou de forma discreta, com pouco mais de dez membros, chegou a contar com mais de 500 seguidores. “Hoje, depois que a bomba estourou, só ficaram mesmo as pessoas que defendem o D.A.M., cerca de dez membros. Eu fico impressionado como as pessoas ainda defendem. Eu soube de uma mulher, que reside no Jardim América e que é mãe de três filhos, que chegou a se colocar à disposição para bancar advogado para ele [suspeito]”. 
 
W.G. também explicou que os grupos passam por fases. Para chegar ao Kether, grupo integrado apenas por homens selecionados por D.A.M., precisa passar por alguns processos. "Isso durava cerca de três ou quatro anos. Como entrei em 2013 para a Essenium, eu estaria pronto para ir para esse grupo por agora, mas eu soube de tudo ainda em 2016 e saí a tempo", afirmou. "Notamos que os escolhidos por D.A.M. eram apenas homens jovens e de boa aparência. Jamais escolheu uma pessoa de mais idade ou com aparência pouco atraente". 
 
Investigações 
Para W.G., o suspeito dos crimes, que chegou a prestar depoimento na Central de Flagrantes de Goiânia no último dia 14 de março e liberado em seguida, se mostrou tranquilo por não existir leis que garantam punição para casos de abusos sexuais envolvendo hipnose. “Então, existe essa brecha na legislação penal. Ele [o suspeito] defende que todas vítimas tinham mais de 18 anos e não eram obrigadas a nada, já que estavam sob efeito da hipnose”. O ex-integrante da Essenium também diz não acreditar em uso de medicamentos ou alucinógenos para dominar as vítimas. “Eu que estive em alguns encontros sei que o D.A.M. domina mesmo a técnica de hipnose, sem falar que ele liderava encontros bem mais pesados, inclusive com bruxaria”, completou. 

Por telefone, o jornal A Redação tentou contato com D.A.M., mas sem sucesso. 

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