Mônica Parreira e João Unes
Goiânia – Procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres Neto afirmou que o Ministério Público de Goiás está preparado para receber qualquer demanda envolvendo as investigações da Operação Lava Jato. No cargo há pouco menos de três semanas, ele recebeu a reportagem do jornal A Redação em seu gabinete, na quarta-feira (29/3), e deu detalhes de como o MP-GO pode atuar no caso.
“Estamos prontos para receber qualquer tipo de processo que for encaminhado para o Estado de Goiás”, disse em entrevista aos jornalistas João Unes e Mônica Parreira. Benedito se referiu à lista que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 14. Nela há 83 pedidos de abertura de inquérito para investigar políticos de diversos Estados que foram citados nas delações de executivos da Odebrecht.
Ministro do STF e relator da Lava Jato, Edson Fachin confirmou que vai se manifestar sobre os pedidos a partir da próxima semana. Até o momento não há a confirmação de políticos goianos na lista de Janot. Se houver, a investigação chegará ao MP-GO caso Fachin autorize a abertura de inquérito e não haja foro privilegiado. “Aquilo que vier para gente, se vier, vamos cumprir de maneira eficaz e dentro da lei, como deve ser. Vamos cumprir o dever de casa”, completou Benedito.
(Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
O procurador-geral citou como ponto forte do MP-GO a atuação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Na última semana, inclusive, Benedito teve uma reunião para discutir a reestruturação do órgão. “Acredito que o trabalho será mais eficaz em decorrência dessa iniciativa”.
Cenário nacional
O procurador-geral também falou sobre o polêmico projeto que altera a Lei do Abuso de Autoridade, que espera votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O documento é visto como uma tentativa de diminuir a independência de alguns órgãos, como o Ministério Público. “Há alguns anos o Congresso vem levantando certas situações para colocar o Ministério Público em uma situação menor. Mas isso não é o Congresso em sua totalidade, uma parte é que pensa dessa forma”, disse.
“O índice de acerto do Ministério Público é infinitamente maior do que o índice de erro com relação a essas questões que são levantadas. Acho que o órgão está fazendo um ótimo trabalho em nível nacional e vai melhorar cada vez mais, e isso é fruto de parcerias que estão surgindo, como com a Polícia Federal, por exemplo. Essa integração das instituições é um ponto muito forte”, finalizou.