A Redação
Goiânia - Um fato inédito, ocorrido essa semana no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), alcançou ampla repercussão local e nacional. Trata-se de um casal que decidiu oficializar sua união dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. No último dia 4 de dezembro, os 15 profissionais do departamento, tão acostumados com a rotina de banhos, visitas médicas, sessões de fisioterapia, prescrições e cuidados, deram uma pausa em suas tarefas cotidianas para se emocionarem com a realização do casamento realizado na UTI 2. Uma novidade até mesmo para as duas juízas de paz do Cartório Antônio do Prado, que celebraram a união civil entre a paciente Nasia Jamily Ribeiro Zakhia e Ademir Lima e Silva.
Em meio à comoção gerada pelo casamento, o consultor político e companheiro há seis anos da interna fez questão de registrar sua gratidão ao Hugo e elogiar a assistência recebida na unidade de saúde. “O que mais me surpreendeu, além do tratamento clínico, foi a qualificação de todos, organização, limpeza e infraestrutura de primeiro mundo encontrados em uma unidade do Sistema Único de Saúde. O goiano pode e deve sentir orgulho deste hospital, que hoje é referência para o Brasil, um exemplo de nova gestão”, atesta Ademir Lima.
(Foto: Divulgação Hugo)
A noiva, que abriu mão do véu, da grinalda e do buquê, também relatou seu sentimento durante a união. “Estava muito ansiosa para a chegada deste momento. Íamos nos casar dia 15 de novembro. No entanto, não sabemos dos planos de Deus. E o Ademir, junto com minha família, organizou tudo. Estou muito feliz, pois achei que a minha vida havia acabado. Me sinto mais realizada, com mais esperança para a minha recuperação. Serei eternamente agradecida à equipe da UTI 2, que fez e faz tudo pela minha vida. Isso não tem preço”, declara a paciente Nasia Jamily Ribeiro Zakhia.
O casal trocou assinaturas diante de Jakeline Mascarenhas e Lorrany de Carvalho, juízas de paz do Cartório Antônio do Prado. Familiares foram testemunhas da cerimônia adaptada para as atuais necessidades da paciente que, a despeito de estar tetraplégica, carregava o sorriso de quem acabara de realizar um sonho. Alexandre Amaral, médico intensivista e coordenador da UTI 2, ressalta que “a medicina moderna não olha apenas para a doença do paciente, mas para o ser humano como um todo”. “Checamos com os órgãos superiores e não havia impedimento para barrarmos este pedido. Se era uma vontade dela e tem auxiliado em sua recuperação, por que não proporcionarmos isso à paciente?”, questiona.
Entenda o caso
Após um acidente automobilístico no dia 23 de outubro, Nasia Jamily Ribeiro Zakhia foi admitida no Hugo com uma lesão medular na altura da coluna cervical, que lhe acarretou um quadro de tetraplegia. Evoluiu com complicações decorrentes do trauma e foi estabilizada pela equipe multidisciplinar. Com a evolução e melhora clínica apresentadas por Nasia, seu companheiro, Ademir Lima e Silva, tomou a decisão de pedi-la em casamento, obedecendo a todas as tradições - inclusive, a de pedir a mão da noiva à sua mãe, Iraci Ribeiro Zakhia. O fato obteve grande repercussão nas redes sociais e na imprensa local e nacional, sensibilizando o público com o gesto de amor.