São Paulo - A agência de classificação de risco S&P Global rebaixou o rating do Brasil de BB para BB-. A perspectiva da nota foi modificada de negativa para estável.
O rebaixamento pela S&P era esperado nas últimas semanas, à medida que falharam as negociações no Congresso para aprovação da reforma da Previdência no final do ano passado.

Reformas
Como justificativa para o novo rebaixamento, a S&P afirma que a nota reflete a fraqueza da economia e as incertezas em relação às eleições de 2018.
De acordo com a S&P, a perspectiva estável reflete a visão de que há uma probabilidade menor do que uma em cada três de que possa haver um rebaixamento ou uma elevação da nota do Brasil no próximo ano. "Isso reflete os pontos fortes da política externa e monetária do País, que ajudam a compensar uma fraqueza significativa, uma economia com perspectivas de crescimento menores do que seus pares e nossa visão de que a eficácia da formulação de políticas em todos os ramos do governo enfraqueceu", afirmou a agência.
No comunicado da decisão, a S&P comentou que o governo de Michel Temer articulou uma agenda macroeconômica e microeconômica abrangente para implementar condições para um crescimento mais forte. Além disso, a agência lembra que o Congresso aprovou parte dessa agenda, incluindo o teto de gastos, a reforma trabalhista, uma reabertura do setor de petróleo e gás e um regime de recuperação fiscal para Estados altamente endividados e dispostos a realizar reformas. No entanto, "apesar dos vários avanços, o governo Temer fez progressos menores que o esperado" na avaliação da S&P, ao não aprovar a reforma da previdência ainda em 2017.
"O enfraquecimento da nossa avaliação institucional do Brasil reflete um progresso mais lento que o esperado e um menor apoio da classe política do País para implementar uma lei significativa para corrigir a derrapagem fiscal nas bases atuais", disse a S&P. Para a agência, embora o governo tenha avançado com reformas microeconômicas, não conseguiu amplo apoio no Congresso para fortalecer a trajetória fiscal, a fim de facilitar a adesão ao limite de gastos do Brasil.
A agência comentou ainda que os escândalos de corrupção recentes elevaram as chances de candidatos de fora da política nas eleições de 2018. "No entanto, estes outsiders evidenciam riscos de aprovação de legislações difíceis no Congresso", pondera a S&P
Ano passado
Em 15 de agosto, a mesma S&P Global tirou a nota brasileira da observação para possível rebaixamento (CreditWatch), posição colocada em maio, ao dizer que o "governo parece empenhado em fazer avançar a reforma da Previdência, em conter o crescimento das despesas e em avançar a ativa agenda de reformas microeconômicas". Naquela data, o governo havia revisado a meta fiscal para déficit R$ 159 bilhões em 2017.