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06.02.2013 12:32 gilson ribeiro
Tarantino parece ter levado ao limite a ideia de que o pastiche pode ser sim uma forma de expressão artística legítima. Em seu mais recente filme ele gastou quase 100 milhões de dólares para render homenagem ao western spaghetti (produções de baixo orçamento caracterizadas pela extrema saturação dos clichês do western). Mas Django Livre é na verdade um anti-spaghetti, se considerarmos que o gênero (ou sub-gênero) foi feito de filmes muito baratos onde os traços do western eram potencializados ao extremo exagero, enquanto que essa megaprodução busca assimilar com caríssimos recursos técnicos os maneirismos do faroeste à italiana. É o caminho inverso, então. Mas Tarantino não realiza simplesmente um pastiche do spaghetti, ele realiza, sobretudo, um pastiche de sua própria gramática cinematográfica, para realizar tudo aquilo que se espera de um filme de Tarantino. Violência tratada com hedonismo, humor burlesco, música pop, muitas referências a outro filmes e diálogos que se parecem razoavelmente com os melhores diálogos escritos por... Tarantino. Como sempre, cada seqüência é uma encenação bastante apurada, espécies de micro-contos, com os diálogos pontuando a tensão. Mas, apesar das magníficas interpretações, algo se perde no encadeamento destas encenações. Há um excesso de momentos apoteóticos – talvez para justificar a inserção de canções “bacanas”, tão características do diretor; por fim, um roteiro trivial de western (vingança, essencialmente) é esticado ao limite do suportável para que o diretor possa recheá-lo com muita “tarantinice”, inclusive fazendo uma participação especial das mais medíocres. Talvez seja mesmo louvável o empenho em “corrigir” a História (à sua maneira) iniciado em Bastardos Inglórios – ali o nazismo, aqui a escravidão. De todo modo, repetindo, ao tentar elaborar um pastiche de um subgênero cinematográfico o que Tarantino conseguiu foi fazer um mau pastiche de seu próprio cinema.
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06.02.2013 12:30 gilson ribeiro
Tarantino parece ter levado ao limite a ideia de que o pastiche pode ser sim uma forma de expressão artística legítima. Em seu mais recente filme ele gastou quase 100 milhões de dólares para render homenagem ao western spaghetti (produções de baixo orçamento caracterizadas pela extrema saturação dos clichês do western). Mas Django Livre é na verdade um anti-spaghetti, se considerarmos que o gênero (ou sub-gênero) foi feito de filmes muito baratos onde os traços do western eram potencializados ao extremo exagero, enquanto que essa megaprodução busca assimilar com caríssimos recursos técnicos os maneirismos do faroeste à italiana. É o caminho inverso, então. Mas Tarantino não realiza simplesmente um pastiche do spaghetti, ele realiza, sobretudo, um pastiche de sua própria gramática cinematográfica, para realizar tudo aquilo que se espera de um filme de Tarantino. Violência tratada com hedonismo, humor burlesco, música pop, muitas referências a outro filmes e diálogos que se parecem razoavelmente com os melhores diálogos escritos por... Tarantino. Como sempre, cada seqüência é uma encenação bastante apurada, espécies de micro-contos, com os diálogos pontuando a tensão. Mas, apesar das magníficas interpretações, algo se perde no encadeamento destas encenações. Há um excesso de momentos apoteóticos – talvez para justificar a inserção de canções “bacanas”, tão características do diretor; por fim, um roteiro trivial de western (vingança, essencialmente) é esticado ao limite do suportável para que o diretor possa recheá-lo com muita “tarantinice”, inclusive fazendo uma participação especial das mais medíocres. Talvez seja mesmo louvável o empenho em “corrigir” a História (à sua maneira) iniciado em Bastardos Inglórios – ali o nazismo, aqui a escravidão. De todo modo, repetindo, ao tentar elaborar um pastiche de um subgênero cinematográfico o que Tarantino conseguiu foi fazer um mau pastiche de seu próprio cinema.
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28.01.2013 19:10 Hudson Rabelo
Fabrício, me aluga não.
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28.01.2013 19:07 Átila Rocha
Fabrício Cordeiro, você foi muito feliz nesse texto sobre o filme Django Livre... creio que você conseguiu exprimir a melhor crítica que já li sobre o filme... fiquei inquieto esperando seus comentários sobre a atuação de um ator específico até que no penúltimo parágrafo você traduziu bem a representação do que ele foi no filme... ao falar de Samuel Jackson... gostei do filme ... (pra quem achou exagerado - é Quentin Tarantino)e gostei da crítica... novamente, parabéns Fabrício.
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28.01.2013 18:08 Abílio Ticle
Faltou dizer: Um toque nos racistas, negros e brancos, ao colocar um alemão no papel de defensor da liberdade e igualdade racial.