A Redação
Goiânia - Rodas de conversa, lançamento de livro, exibição de curta-metragem e uma parada integram a programação da Semana de Erradicação da Violência Obstétrica, que será realizada em Goiânia entre 27 de novembro e 4 de dezembro. As idealizadoras são três amigas: Gabriela Margarida, Mirela da Mata e Flor de Luz. A terceira delas é autora da obra "Diário dos Sonhos – uma narrativa sobre gestar, parir, sangrar e mergulho interior", que aborda o assunto. De acordo com as organizadoras, "a ideia da semana é reunir especialistas, ativistas e vítimas no sentido de conscientizar a população sobre como identificar, prevenir e combater a violência obstétrica".
A violência obstétrica é caracterizada por abusos sofridos por mulheres ou homens trans gestantes, quando procuram o sistema de saúde no momento do parto, e pode ocorrer nas seguintes situações:
- indicação indiscriminada e incorreta de cesarianas;
- realização rotineira de episiotomia, que é o corte no períneo para "facilitar" a passagem da cabeça do bebê;
- colocar a gestante em trabalho de parto, deitada de costas, em posição antifisiológica e sem o consentimento dela (Litotomia);
- aplicação de manobra de Kristeller, com pressão na barriga para empurrar o bebê para a vagina, procedimento abolido pela OMS e ainda recorrente nos hospitais não humanizados;
- impedir presença de acompanhante de escolha da gestante e mantê-la sozinha durante o parto;
- fazer intervenções sem antes explicar o que é e, acima de tudo, sem pedir permissão ou sem consentimento;
- negar alimento à parturiente;
- obrigar a mulher a permanecer com soro sem que ela queira;
- mantê-la em local sujo;
- negar fazer o parto quando a mulher não aceita determinada intervenção;
- piadas, desmerecimento e violência psicológica.
Dados
Entre as consequências da violência obstétrica está o alto número de cesarianas, segundo especialistas. O portal DataSUS revela que, em 2017, o Brasil teve 55% de seus partos realizados por meio cirúrgico, taxa muito superior à recomendada pela Organização Mundial de Saúde, que é de 15%.
Em Goiânia, o índice de cesarianas está bem acima da média brasileira e da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2017, ficou em 71,2%.
Serviço:
Semana de Erradicação da Violência Obstétrica em Goiânia
Programação
27 de novembro (sábado)
9h – Roda de conversa “A gestação e o parto constroem no puerpério”
Abertura e lançamento do livro “Diário dos Sonhos – uma narrativa sobre gestar, parir, sangrar e mergulho interior”
Local: Yvy Café – setor Marista
28 de novembro (domingo)
16h20 – Parada pela Erradicação da Violência Obstétrica
Local: Parque Vaca Brava
29 de novembro (segunda-feira)
18h – Roda de conversa O que é estado de vulnerabilidade: Quero parto normal, mas tenho medo de sofrer violência
Local: Yvy Café – setor Marista
30 de novembro (terça-feira)
18h – Roda de conversa “Como evitar violência obstétrica e o que fazer caso aconteça”
Local: Yvy Café – setor Marista
1º de dezembro (quarta-feira)
18h – Roda de conversa “O parto respeitoso”
Local: Yvy Café – setor Marista
2 de dezembro (quinta-feira)
18h – Roda de conversa “Rede de apoio existe?”
Local: Yvy Café – setor Marista
3 de dezembro (sexta-feira)
18h – Giro de bênção, atendimento com as entidades e rezo pela paz.
Local: Santuário da Mãe Natureza
4 de dezembro (sábado)
18h – Coquetel de lançamento do livro Diário dos Sonhos – Oráculo do Véu, da artista goiana Flor de Luz, produção independente.
19h – Encerramento com a exibição do curta-metragem Ocitocina, ritual do fechamento da Semana de Erradicação da Violência Obstétrica
Local: Môi Goiânia – rua 42, nº 40, setor Marista