Entre os mais influentes da web em Goiás pelo 12º ano seguido. Confira nossos prêmios.

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351

SAÚDE

Obesidade afeta quase 4 milhões de crianças e adolescentes brasileiros

Especialista faz alerta | 09.04.24 - 12:21 Obesidade afeta quase 4 milhões de crianças e adolescentes brasileiros (Foto: divulgação)
A Redação 

Goiânia - 
Quase 4 milhões de crianças e adolescentes brasileiros estão com obesidade ou sobrepeso. É o que indicam dados de 2023 do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) do Ministério da Saúde. Somente em Goiás, números do Sisvan apontam que são mais de 122 mil crianças e adolescentes com obesidade ou sobrepeso. Destes, mais de 11 mil são considerados obesos graves. Outro dado preocupante é que 17,33% das crianças goianas de 0 a 5 anos estão na faixa de risco de sobrepeso, o que equivale a mais de 37 mil pessoas na primeira infância com essa condição de saúde no estado.
 
Os números também foram divulgados pelo Atlas Mundial da Obesidade, com projeção que indica que em 2035 o Brasil pode chegar a uma taxa de 50% de crianças e adolescentes com Índice de Massa Corporal (IMC) elevado, o que equivaleria a 20 milhões de pessoas. A pesquisa traz, ainda, dados sobre o número de crianças com alterações de colesterol, glicose (diabetes e pré-diabetes) e na pressão arterial que apresentam relação com o excesso de peso. Em 2020, por exemplo, o Brasil tinha cerca de 15 milhões de crianças e adolescentes com obesidade ou sobrepeso e desses, cerca de 1 milhão apresentava alteração da pressão arterial relacionada ao excesso de peso. Em 2035 esse número pode chegar a quase 2 milhões.
 
A endocrinologista pediátrica do Espaço Zune, Jéssica França, alerta que, diante deste cenário, a principal estratégia é trabalhar fortemente a prevenção da obesidade com medidas ainda na primeira infância. "Além disso, aumentar o acesso das famílias a profissionais capacitados, como nutricionistas, endocrinologistas e também à terapias medicamentosas compatíveis com cada idade e indicação", sublinha.
 
Jéssica ressalta que diversos estudos demonstram a relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados com o aumento do índice de obesidade infantil. "Como sugere o próprio nome, esses alimentos passam por diversos processos industriais em que há adição de açúcares, gorduras (saturadas e trans), conservantes e outros aditivos químicos. São altamente palatáveis, o que atrai o paladar e vicia o consumo, mas são também hipercalóricos e com baixo teor nutritivo. Exemplos são biscoitos, doces, lanches salgados, refrigerantes, sucos artificiais e várias refeições prontas para comer."
 
Pesquisas de aquisição de alimentos domésticos no Brasil mostraram que a participação dietética de alimentos ultraprocessados aumentou de 14,3% em 2002/2003 para 19,4%, em 2017/2018. "Estudos correlacionam fortemente esse aumento do consumo de ultraprocessados ao aumento da prevalência da obesidade e, consequentemente, das doenças correlatas. Para se ter uma ideia, de acordo com o Atlas da Obesidade, em 2020 mais de 500 mil crianças e adolescentes apresentavam glicose alterada e quase 1,5 milhão com taxas de colesterol descompensadas devido ao sobrepeso. Se continuarmos nesta curva de crescimento, esses números podem subir para cerca de 720 mil pessoas dessa faixa etária com hiperglicemia e mais de 2 milhões com colesterol alterado por consequência da obesidade", adverte a endocrinologista pediátrica.
 
A participação do poder público também pode auxiliar para que esses índices não alcancem as projeções preocupantes. "A sociedade também deve cobrar seus representantes políticos em relação à projetos que priorizem a saúde das nossas crianças como, por exemplo, facilitar o acesso à atividade física, reduzir os impostos em relação aos alimentos mais saudáveis, introduzir alimentos saudáveis nas merendas de escolas e creches, excluindo sucos açucarados e alimentos ultraprocessados do cardápio das nossas crianças", sugere Jéssica.
 
Causa, tratamento e prevenção
As causas da obesidade infantil estão relacionadas a diversos aspectos como fatores genéticos e hormonais, dieta desbalanceada, falta de higiene do sono, sedentarismo e ansiedade. Já o tratamento geralmente é feito com o apoio de uma equipe multidisciplinar, com pediatras, psicólogos, nutricionistas e endocrinologistas.
 
Entretanto, a prevenção ainda é o melhor caminho para promover uma vida saudável, sem a necessidade de tratamentos médicos. "O acesso à informação é fundamental para combater o problema e hábitos saudáveis são primordiais em qualquer idade, mas principalmente na infância e adolescência, porque provavelmente serão perpetuados pelo resto da vida", exalta Jéssica.
 
Por isso, a escolha dos alimentos é um ponto importante a ser observados pelos pais. "Não é porque está na parte de alimentos infantis no mercado que é um alimento adequado para o seu filho", alerta a endocrinologista pediátrica.
 
Para auxiliar os pais, ela enumera três passos importantes para a escolha dos alimentos:
 
1. Veja a lista de ingredientes: o primeiro ingrediente da lista é o que compõe a maior parte do produto e, da mesma forma, o último ingrediente possui a menor porcentagem dentro daquele alimento. Evite os alimentos em que o açúcar está nas primeiras posições. Alguns alimentos já seguem a nova regra de rotulagem e trazem essa informação em destaque como "alto em açúcar adicionado".
 
2. Observe as calorias: alimentos ultraprocessados tendem a ser altos em calorias. Esses alimentos estão mais relacionados ao sobrepeso e obesidade. Entretanto, nem todo alimento com muita caloria é considerado ruim. Algumas fontes de carboidratos e gorduras podem ser mais saudáveis que outras.
 
3. Cheque a porcentagem de valores diários (VD): evite alimentos com alta porcentagem de gordura saturada, açúcares e sódio. Com a nova rotulagem, cada ingrediente tem um valor máximo para cada 100gr ou 100 ml de alimento. O ideal é consumir alimentos com alta porcentagem de vitaminas, minerais e fibras.

Leia mais
Fala e autismo: entenda quais são os sinais relacionados mais comuns

Comentários

Clique aqui para comentar
Nome: E-mail: Mensagem:
Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351