Entre os mais influentes da web em Goiás pelo 12º ano seguido. Confira nossos prêmios.

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351

Dicas para as mamães

"Amamentação não deve ser dolorosa", alerta especialistas

Fissuras são provocadas pela 'pega' errada | 04.06.16 - 16:59 "Amamentação não deve ser dolorosa", alerta especialistas (Foto:febrasgo.org.br)
Kamylla Rodrigues
 
Goiânia - A chegada dos gêmeos Leonardo e Marcelo na vida do casal Leandro e Marcela acompanhou grandes surpresas e tudo em dobro. Os pequenos nasceram saudáveis, fortes e com muita fome. Um dos momentos mais esperados pela funcionária pública era a amamentação, um das ocasiões de maior interação entre mãe e filho. Mas os primeiros dias para ela não foram fáceis. 


Marcelo e Leonardo (Foto: Reprodução/Facebook)

"Os dois bicos [dos seios] começaram a rachar no hospital. O direito ficou com mais fissuras. Sangrava muito e amamentar se tornou um momento de pânico. Para conseguir desfrutar desse momento eu mordia uma frauda, colocava um de cada vez e segurava o choro", lembrou Marcela. "Me disseram que foi a 'pega', mas não sei direito. Acredito que menino é mais agressivo quando vai mamar e, por isso, talvez machuque", completou. 
 
Além das recomendações da pediatra, obstetra e de até uma fonoaudióloga, Marcela também procurou auxílio no Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia, para amenizar o problema para amamentar. O banco de leite da unidade oferece gratuitamente apoio as mães recentes que ainda estão se adaptando à amamentação. 

De acordo com a enfermeira do HMI Graça Bezerra, que trabalha com mamães há mais de 20 anos, a amamentação não pode ser dolorosa, nem provocar fissuras. "As rachaduras aparecem quando há algum equívoco e, em quase todos os casos, o que provoca isso é a 'pega' errada. O bebê suga apenas pelo bico do peito, quando o correto é ele pegar também a maior parte da auréola. Se pegar só o bico, além de machucar a mãe, ele não suga tudo o que precisa mamando de forma errada e fica constantemente com fome", explica. 
 

Graça Bezerra ensina a forma de amamentação correta (Foto: Renato Conde/A Redação)
 
Segundo Graça, existe uma lei no sucesso do aleitamento. "A mãe e o bebê devem estar absolutamente confortáveis. Nos primeiros dias, a criança age por reflexo e a amamentação é uma aprendizagem. Por isso existem técnicas", ressaltou. Confira uma das técnicas mais comuns no vídeo:
 
 
Graça revela, ainda, que deixar a mãe e o bebê sem roupas é apenas enquanto a criança aprende a mamar da forma correta. "Esse contato pele a pele faz com que o bebê se sinta dentro do útero e assim ele fica mais confortável para aprender a pegar a mama. Depois disso, os dois já podem ficar da forma como quiserem e aproveitar esse momento tão sublime", completou a enfermeira. 
 
Desmame 
De acordo com a pediatra do banco de leite do HMI, Eliane Melo Fonseca, uma das grandes causas do desmame é a dor no momento de amamentar. Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde e do Unicef mostra que 43% das mães param de amamentar antes que a criança complete três meses de vida. A pesquisa revela ainda que 58% das mulheres em fase de amamentação apresentam algum tipo de trauma nos mamilos. 
 

Eliane Melo Fonseca fala da importância do aleitamento materno (Foto: Renato Conde/A Redação)
 
A médica, que não recomenda nenhuma pomada para a cicatrização das fissuras, dá dicas. "O que vai curar esses ferimentos é justamente a amamentação. Indicamos extrair gostas de final de mamada e passar no próprio bico, aliado a um banho de sol. O complemento fundamental desse tratamento é a correção da pega, colocando o bico inteiro e parte da auréola dentro da boca da criança. Se a mãe estiver com dificuldades, ela pode nos procurar", informou.  
 
O leite materno, segundo a pediatra, é importantíssimo para o desenvolvimento do bebê. "O leite tem todos os nutrientes, células de defesa e anticorpos necessários para que ele cresça saudável e longe das doenças infectocontagiosas, por exemplo. Esse leite funciona como a primeira vacina da criança, que o protege diretamente. Nenhum leite contém as propriedades que o materno tem, nem o mais caro. Além disso, o relacionamento afetivo entre mãe e filho é uma das maiores vantagens do aleitamento materno. Psicólogos afirmam que são crianças mais afetivas e mais próximas da família. Por isso, a recomendação é que assim que a mãe identificar qualquer problema na mama, procurar o obstetra ou uma pediatra", explica. 
 

Ela ressaltou ainda que o cronograma ideal é alimentar o bebê exclusivamente com leite materno até os seis meses. Depois desse período, a família pode conciliar o aleitamento com sopa, sucos e frutas até os dois anos de idade, quando o leite materno pode ser retirado da rotina. 
 
Armazenamento
A licença maternidade oferece de quatro a seis meses de afastamento da trabalhadora, dependendo do vínculo empregatício. Para muitas mães, esse período é insuficiente e conciliar trabalho e amamentação do filho não é tarefa fácil. 
 
A coordenadora do Banco de Leite do HMI, Renata Machado Lelis, recomenda às mamães que precisam retornar ao trabalho antes dos seis meses que armazenem o leite para que as crianças continuem sendo amamentadas com o leite materno. Para fazer isso é necessário vários cuidados, já que se trata de um alimento perecível. 
 

Renata Machado Lelis no Banco de Leite (Foto: Renato Conde/A Redação)
 
"Antes da retirada do leite, a mãe deve higienizar as mãos com água e sabão até os cotovelos, lavar as mamas só com água, prender os cabelos, colocar uma touca e tampar a boca com uma frauda ou uma máscara. Ela retira os primeiros jatos e descarta. Depois ordenha em um recipiente de vidro com tampa plástica, que deve estar esterilizado - ferver e deixar secar no ambiente -. Ela pode congelar ou colocar na geladeira", explicou. 
 
Refrigerado, o leite materno dura por até 12 horas e congelado a duração é de até 15 dias. "O aquecimento desse leite deve ser feito em banho maria. Quando a água mornar em temperatura que a mãe consiga colocar o dedo, ela desliga o fogo e faz movimentos circulares desse recipiente dentro da panela. Ela pode verificar a temperatura do leite colocando algumas gotas na parte interna do braço. O leite descongelado não pode voltar para o congelador. Caso sobre, ele pode ser armazenado na geladeira por até 12 horas", explicou Renata. 
 
Doação
Além do trabalho de orientação e auxílio às mães, que só no mês de maio chegou a mais de 400 mulheres, o Banco de Leite Humano do Hospital Materno Infantil coleta leite materno para as crianças internadas na unidade. Atualmente, o estoque gira em torno de 100 litros por mês, que atende a UTI neonatal. "Para atender outros hospitais, precisaríamos dobrar o volume. Por isso a doação é muito importante", disse. 
 
As mães podem doar o leite na própria unidade ou congelar conforme a orientação. A Fundação Dom Pedro II, que pertence ao Corpo de Bombeiros, dispõe de duas bombeiras e uma viatura para fazer a coleta domiciliar. O recolhimento é feito em Goiânia e em toda a região metropolitana, toda semana.  "Essa parceria já dura mais de cinco anos e antes disso tínhamos uma série de dificuldades. Esse trabalho reallizado hoje é de vital importância para a manutenção do banco de leite", ressaltou Renata. Só no mês de maio foram feitas 187 visitas domiciliares coletando 140 litros. 
 

Beatriz e Ronilde fazem a coleta domiciliar de leite materno (Foto: Renato Conde/A Redação)
 
Para a sargento Beatriz Alves, que faz o recolhimento junto com a cabo Ronilde Ramos, esse trabalho é gratificante. "Estarmos ajudando tantas crianças que precisam desse alimento faz-nos sentir especiais e fundamentais", disse. 
 
A doadora precisa atender alguns critérios, como não ser fumante, nem usuária de drogas, não ingerir bebida alcoólica e apresentar exames pré-natais. A mãe também deve fazer um cadastro junto ao banco. Todas as informações de como se tornar uma doadora podem ser obtidas por meio do telefone 3956-2921. 
 


Comentários

Clique aqui para comentar
Nome: E-mail: Mensagem:
Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351