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Paulo Miranda

Financiamento da Cultura

Mecenato versus Patrocínio | 29.03.12 - 10:48

O conceito de mecenato não tem o mesmo significado em todas as situações particulares. A proteção a poetas, artistas plásticos, escultores, etc. pode ser financeira, material ou logística, podendo ser motivada por diversos interesses, tais como amizade, criação de empregos, formação de patrimônio privado ou de interesse público, ato de filantropia, ato promocional para empresa, etc. 
 
O mecenato implica alguma espécie de apoio à cultura e, em especial, na forma de financiamento. Existem diferenças entre mecenato e patrocínio, sobre as quais é necessário direcionar brevemente a atenção com a finalidade de ter um entendimento das diversas posições ideológicas e dos sentidos que as políticas culturais vêm adquirindo.
 
O mecenato é um apoio econômico, por parte de pessoas ou instituições, particulares ou públicas, ao produtor cultural, ou à produção de obra ou atividade cultural. Pode ser total ou parcial, pode custear as necessidades vitais do artista ou produtor, mas pode ter como objeto a produção de obra, sistema de obras ou eventos.
 
A principal diferença entre o mecenato e o patrocínio é que o primeiro não requer contrapartida direta do beneficiário, como a doação ou compra do seu produto. O patrocínio implica uma relação contratual na qual o nome do patrocinador deve ser difundido pelo patrocinado em formas acordadas, ou seja, o patrocinador deve ter o seu nome associado às obras ou ao prestígio do produtor. 
 
O patrocínio, por tratar-se de apoio condicionado pelas necessidades publicitárias e promocionais da empresa ou do patrono, apenas ocorrerá se o investimento for suficientemente eficaz para alcançar os segmentos de mercado que lhe interessem para a melhora de sua imagem e venda de seus produtos.
 
Com as práticas contemporâneas, é difícil limitar claramente mecenato e patrocínio, mas pode-se afirmar, em termos típicos, que o mecenato se dá em proveito do beneficiado, do segmento financiado, ou do produtor cultural, permitindo-lhe autonomia com relação ao seu produto, mesmo nos casos onde o mecenas tem algum ganho simbólico ou financeiro, com a transferência de recursos. O mecenato mantém um princípio distributivo por parte da agência financiadora.
 
Considerando esses aspectos, pode-se afirmar que o patrocínio se orienta para práticas culturais consagradas, com as quais as empresas podem associar-se a si e a sua imagem, com menor dispêndio e maior eficácia. A referência é o mercado. Pouco provável é o apoio a expressões da cultura que já não tenham reconhecimento e notoriedade, em especial que não tenham um capital de reconhecimento diante dos meios de difusão e na rede de apoios aos produtores mais conhecidos.
 
O mecenato lidaria então, com uma maior autonomia em relação ao mercado e às posições consagradas do campo cultural, fato que o diferenciaria levemente do patrocínio. Não é raro, todavia, que o mecenato tenha efeitos de legitimação social, política, religiosa e mesmo de mercado, pois, após um financiamento inicial, o produtor pode ter o valor do seu produto imposto ao mercado. 
 
A palavra mecenato, por outro lado, mesmo passível de ser confundida com o patrocínio, seria uma versão terminológica atualizada e expurgada das suas fortes ressonâncias comerciais, visto ser o patrono dono de um estabelecimento comercial, característica que não é necessariamente associada ao mecenas. A palavra mecenas evocaria aspirações mais nobres, mais compatíveis com a imagem moderna das artes puras, da arte pela arte, do espírito cultivado, capaz e dotado das disposições adequadas para a apreciação estética pura, capaz de reconhecimento de obras de cultura e de gosto, capaz da percepção da cultura como campo autônomo e independente dos valores comerciais e burgueses. Deixe-se, provisoriamente, ao patrocínio a associação com o mercado e aos valores econômicos.
 
Recomendamos aos contribuintes de Goiás que procurem projetos desenvolvidos localmente, pois assim estarão contribuindo para o crescimento da cultura no estado, principalmente aqueles voltados para a preservação do patrimônio histórico e artístico goiano. Existem excelentes projetos aprovados para as cidades históricas de Goiás, Pirinópolis, Crixás e também para a preservação da arquitetura Art Déco em Goiânia.


Paulo Miranda é diretor comercial da Elysium Sociedade Cultural  

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