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Luiz Barretto

Jovens à frente das mudanças

Ter boas ideias não é suficiente | 14.07.13 - 10:27
Goiânia - Convido os leitores a enumerar os requisitos mais importantes para assegurar um Brasil mais desenvolvido e mais justo. A listagem das respostas certamente indicaria as mais diversas propostas, mas acredito que um ponto em comum surgiria dessa reflexão coletiva: mais oportunidades que possam viabilizar um futuro promissor para todos.

Há cerca de um mês, milhares de cidadãos se mobilizam nas ruas para expressar demandas por um País melhor, com a presença maciça de jovens. Para avançar na construção do País que queremos - que alie solidez econômica e justiça social -, não tenho dúvidas de que um dos caminhos fundamentais é representado pelo empreendedorismo.

Qualquer País desenvolvido tem uma taxa expressiva de empresários, peças estratégicas em uma engrenagem que estimula a geração de mais emprego e renda. Números das micro e pequenas empresas brasileiras ilustram essa importância. Das empresas existentes no Brasil, 99% são pequenos negócios. Estamos falando de mais de 7 milhões de empresas, com faturamento de no máximo R$ 3,6 milhões por ano, que respondem por cerca de 25% do PIB e geram em média 70% das novas vagas com carteira assinada a cada mês. O aquecimento da economia - com mais de 40 milhões de pessoas na nova classe média -, o aumento da escolaridade do brasileiro e a simplificação das leis e dos tributos estão melhorando a qualidade do empreendedorismo no Brasil.

Hoje em dia, 70% das novas empresas são abertas por uma oportunidade de mercado. Contexto bem diferente de uma década atrás, quando a maioria das pessoas abria uma empresa por necessidade. Abrir o próprio negócio é um sonho para 44% dos brasileiros, segundo uma pesquisa feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Entre os jovens, o interesse pela própria empresa é maior do que a média da população. De cada dez brasileiros entre 18 e 24 anos, cinco querem ter um negócio próprio – e eles levam esse sonho a sério. Entre esses cinco que desejam abrir um negócio, dois já concretizam o projeto. Um estudo inédito realizado pelo Sebrae, com dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD), comprova o fortalecimento do empreendedorismo nas novas gerações. Em uma década, houve um crescimento de quase 100% do número de jovens, com curso superior, que optaram por criar sua própria empresa ao invés de trabalhar como assalariados. Em 2001, 370 mil jovens escolheram a primeira opção. Em 2011, esse número saltou para cerca de 700 mil.

O jovem hoje sabe que seguir carreira como funcionário ou servidor no setor público ou privado não é sua única oportunidade – e talvez não seja a melhor. Ele tem opção: pode criar a sua própria empresa. As novas gerações, com seus questionamentos e anseios por práticas políticas e empresariais mais eficientes e de qualidade, têm muito a contribuir para a inovação e a evolução de atividades empreendedoras.

Os jovens já estão sendo habituados a um novo padrão globalizado de consumo, em que valores como a sustentabilidade ambiental têm peso tão importante, ou ainda maior, do que o preço. Basta notar que em uma ida ao supermercado, nossos filhos e netos já estão mais atentos do que os adultos, em geral, para identificar embalagens recicláveis e produtos orgânicos, por exemplo.

A agilidade com que os jovens se adaptam às mudanças e a novos padrões de consumo é uma lição para toda a sociedade. Conectadas e atuantes por evoluções na sociedade, as novas gerações têm um olhar mais apurado e contestador sobre práticas políticas e empresariais e estão à frente nas demandas por avanços. Importante frisar que, para avançar, é necessário que o ambiente legal seja favorável e que o empreendedor invista no próprio conhecimento.

Da porta para fora, a legislação tem melhorado muito, mas ainda é possível aperfeiçoar o Supersimples permitindo a entrada de novas categorias de serviços, por exemplo. Facilitar a contratação – sem, é claro, reduzir os direitos trabalhistas – e elaborar um sistema de transição para que a empresa continue viável depois de crescer e deixar o Supersimples são outras medidas que estão na nova agenda da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, do Congresso e do Sebrae.

Da porta para dentro, é fundamental melhorar a gestão. Ter boas ideias não é suficiente para ter chances de sucesso.  Os dias de hoje são marcados pela globalização e pela concorrência acirrada, nenhum empreendedor pode confiar apenas na sorte ou intuição. Todos que estão no mercado, ou que têm a intenção de entrar nele, devem ter a consciência que a competitividade é o grande diferencial.

E o que é ser competitivo? É não se acomodar e sim se capacitar permanentemente, aliando criatividade e planejamento. Sem uma gestão empresarial eficiente, é impossível garantir prosperidade no longo prazo. Daí a importância de participar continuamente de ações de educação empreendedora. O empreendedorismo já é uma realidade para milhões de brasileiros. Mas pode ser para muitos mais, principalmente para os jovens. A voz das ruas pede mais participação e mais qualidade, podemos canalizar parte dessa energia para novas empresas que já tenham esses conceitos desde o nascimento. Os apelos da sociedade podem e devem resultar no contínuo fortalecimento da democracia e do desenvolvimento sustentável do Brasil. E os jovens empreendedores têm muito a contribuir.

Luiz Barretto é presidente do Sebrae Nacional



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