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Leonardo  Razuk
Leonardo Razuk

Jornalista e pós-graduado em marketing / leorazuk@terra.com.br

Na Cauda Longa

Que cauda é esta?

Fãs de música se dispersam e se dividem | 01.07.11 - 15:58

Qual foi o melhor disco de 2010? Quem foi o artista revelação? Qual o grande hit do último verão? Responder a estas questões já não é algo tão simples quanto parece. Nos últimos 50 anos, a indústria fonográfica – ou mesmo a de entretenimento como um todo – foi moldada pelos sucessos das multidões. Os mais vendidos, os mais tocados... eram eles que ditavam padrões e os rumos da música pelo mundo. Mas esta história já começou a mudar.

Apesar de muita gente ainda ser obcecada pelos hits, já existe uma multidão que não avança numa mesma direção. É por isso que um “meteoro” como Luan Santana é ignorado por muita gente (muita mesmo!). Não é uma mera questão de gosto. É simplesmente porque essas pessoas desconhecem a existência deste artista, assim como outras tantas nunca viram ou ouviram A Banda Mais Bonita da Cidade ou o trio sueco Peter, Bjorn and John, uma das atrações mais esperadas do festival Planeta Terra.
 
Atualmente, fãs de música se dispersam e se dividem (e subdividem) em diversos nichos específicos. Nos anos 70, 80, um jovem tinha acesso a meia dúzia – talvez menos – de canais de TV e emissoras de rádio. Alguns poucos programas ditavam e impunham o que todos deveriam ouvir e consumir. Hoje, o consumo de mídia mudou e, com ele, o comportamento das pessoas (o inverso também é verdadeiro). Internet, TV por assinatura, rádios digitais, 3G, celulares... a mídia se fragmentou (e a chegada de um jornal como A Redação apenas comprova isto) e o resultado de toda esta conectividade é um acesso ilimitado e sem restrições a culturas e conteúdos de todas as espécies, desde os grandes hits, os “Discos de Plantina”, até os mais remotos e obscuros movimentos dos subterrâneos.
 
Os jovens da atualidade cada vez menos ligam suas TVs – e quando fazem, se dispersam em inúmeros canais – e cada vez mais passam horas ligados à internet através de seus desktops, notebooks, tablets e smartphones. O poder de um programa como o do Chacrinha já não é o mesmo desfrutado por um Faustão. O que o Mariozinho Rocha, lendário diretor musical da Globo, gosta já não é o mesmo que a maioria da população ouve.
 
A era do TOP 10 está chegando ao fim. Os mais vendidos, os mais tocados já não exercem tanto fascínio assim. Mas isso não significa que a música deixou de ser consumida. Pelo contrário, este amplo acesso a canais de divulgação facilitou e ampliou o consumo. Só que ele é feito em maior quantidade de menores escalas. Dificilmente um artista hoje vende milhões de cópias de seu último disco. Mas existe uma infinidade de bandas vendendo algumas centenas ou milhares de seus exemplares. Isto, sem contar com as milhões de faixas compartilhadas gratuitamente ou simplesmente acessadas e digeridas ali mesmo na internet, via streaming, Youtube ou outra tecnologia similar.
 
Este novo fenômeno motivou o jornalista Chris Anderson, editor-chefe da revista Wired, a fazer uma pesquisa que resultou no livro The Long Tail (A Cauda Longa). Esta longa cauda é formada, justamente, por estes inúmeros artistas que vendem pouco, mas que não deixam de ser “descobertos” pelos fãs de música. Os obscuros, os ídolos do mercado independente, os hypes do Youtube.
 
Ao ser convidado a voltar a escrever de música para um jornal (e um jornal 100% digital!), entendi que era este o caminho que deveria percorrer. Portanto, se você quiser saber sobre o novo trabalho da Ivete, do Jota Quest, do Detonautas, do Restart, do Victor e Léo ou do Zezé Di Camargo, assista ao Faustão, ao Luciano Huck ou sintonize numa dessas emissoras de rádio que ainda acreditam na indústria dos hits, do jabá, dos playlists fixos (40 músicas por dia?) e dos velhos padrões. Mas se quiser ler e discutir (compartilhar!) sobre música, de verdade, honesta, autoral, criativa, então espero que eu possa contribuir. Vamos caminhar nesta cauda longa. Você é meu convidado.

Comentários

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  • 07.07.2011 15:50 Letícia

    Legal Léo, ainda bem que eu tenho você para me mostrar o quanto a cauda é longa.... a infuencia cultural que você exerce na minha vida é imensurável.... Você é que TOP... valeu! Bjo.

  • 06.07.2011 17:48 jordana frauzino lima

    Parabéns pelo seu texto de estreia!

  • 05.07.2011 18:11 Angelica Vieira

    A Cauda Longa é mesmo excelente, assim como seu texto! Parabéns Léo. Acredito que o Cris Anderson captou e soube muito bem transmitir a tendência na nova era: uma teia democrática de estilos e valores. Todos terão lugar ao sol, sem depender de grandes corporações para se tornarem conhecidos. Tendência que se revela também neste novo veículo! Parabéns João Carlos e equipe!

  • 02.07.2011 11:28 Renata Cunha Razuk

    Léo, seu conhecimento sobre música é imenso, você sabe tudo mesmo!!! É um prazer imenso ler tudo que você escreve. Quem ganha com sua volta são os leitores, que ficarão mais informados sobre o que está acontecendo no mundo da música e dos livros, valeu a dica sobre " A cauda longa". Beijos com admiração, Renata.

  • 01.07.2011 22:13 Rubão nata online

    Opa! soltou o verbo mesmo em Léo, gostei essa é a verdade a midia fica colocando garganta abaixo musicas sem nenhum conteudo, o pior é que fui em uma festa de 15 anos e só vi as pessoas curtirem essas musicas horriveis, e se vc falar alguma coisa eles nos acham quadrados, e não tentam nem ouvir um mpb, um rock ou algo assim, e na grande maioria das escolas só tocam esses batidões do pocotó e outros completamente absurdo incentivados pela moda, eu não sou totalmente contra eles ouvirem essas porcarias mas deveriam mostrar outras musicas também para que um dia eles possam ter uma referência e conhecimento para identificar o que e bom ou ruim.

  • 01.07.2011 16:13 Joao Carlos

    Parabéns Leo, é bom ter os seus textos de volta.

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