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Pablo Kossa
Pablo Kossa

Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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A treta só começou

Essa juventude nas ruas me representa | 14.06.13 - 20:45 A treta só começou Estudantes e trabalhadores do Rio de Janeiro protestam contra aumento das passagens no centro da cidade (Foto: Tânia Rêgo/ABr)
Goiânia - A Caixa de Pandora foi aberta. Onde isso vai dar, ninguém sabe. Torço para que seja positivo. Tenho quase certeza que será. Se fosse para apostar, diria que piorar não vai. Mas nunca se sabe. O fundo do poço é uma ilusão. Tudo que está ruim é passível de piora. Não acho que seja o caso atual.

O movimento que começou lutando contra o reajuste das passagens de ônibus em várias capitais brasileiras extrapolou seu objetivo inicial. Acredito que os governos podem até recuar e voltar o preço cobrado para o anterior que os protestos não vão acabar. Transbordou. E sobre o leite derramado, não há muito o que fazer.

São Paulo nesse caso, como sempre, é o motor do Brasil. O movimento paulistano capitanea algo de extrema relevância. Os jovens não sabem muito bem o que querem, mas sabem exatamente o que não querem: não aceitam que as coisas fiquem porcas como estão. Não há como não concordar com eles.

A juventude que vai para as ruas brasileiras atualmente não tem os vínculos que irrigaram movimentos populares anteriores de nosso País. O cara que é universitário hoje e tem 18 anos nasceu em 1995. Ele não viveu a ditadura. Inflação para ele é só nos livros. Não nutre a paixão platônica por Lula como a parcela hegemônica da esquerda contemporânea brasileira.

Ele não se emocionou com o Lula-lá cantando por tudo quanto é artista. Ele não xingou o Figueiredo. Não tomo pau dos canas por estar em reunião no DCE. Não se indignou com a edição do debate do segundo turno de 1989. Ele não gritou “fora FHC” e “fora FMI”. E isso não tem nada a ver com alienação. Ele só é novo demais para ter feito essas coisas. É compreensível a falta de, digamos, respeito cego que parte dos progressistas tem pelo PT.

Afinal, quando esse cara que hoje afronta o status quo tinha alguma possibilidade de entender minimamente o noticiário de política, o que rolava era a lama do escândalo do mensalão encharcando a estrela vermelha do Partido dos Trabalhadores.

Lula não é um ícone dos trabalhadores que chegou lá. Para o universitário de hoje, ele é mais um da corja que sempre deu as cartas no Brasil. Por que esse moleque iria nutrir admiração cega pelo barbudo que seduziu intelectuais e trabalhadores no final da década de 1970?

Esse jovem que toma bala de borracha da polícia despreparada sempre foi duramente criticado por não fazer nada. Foi chamado de alienado, geração Facebook, egoísta, sem preocupação social. Enquanto isso, as burradas dos governantes só se avolumaram.

As escolas públicas, do berçário à pós-graduação, são vergonhosas. Ele não pode comer um pit dog na esquina sem medo de ser assaltado. A saúde pública é deprimente. O transporte coletivo o trata como lixo. Lembra-se do “quem sabe faz a hora não espera acontecer”? Pois é, acho que chegou o momento desse jovem.

Todas grandes transformações mundiais começaram com motivos pequenos que se tornaram causas maiores, muito maiores do que a gênese do movimento poderia sonhar. Até mesmo no delírio utópico mais surreal. Sinto algo no ar. Posso estar errado, como geralmente estou. Mas acho que agora é de verdade. A bolha estourou.

A primavera árabe sensibilizou o mundo. Tomara que no nosso inverno latino a juventude brasileira seja o farol das mudanças. De que o país rico que somos hoje seja também justo de amanhã. Que o transporte público seja de graça e com qualidade paradigmática para o restante do mundo. Já que é para lutar, que lutem pelo ideal. Só 0,30 centavos (no caso goianiense) é muito pouco para tamanho empenho. Vocês podem mais.

Essa juventude que vai para a rua e enfrenta a truculência do braço armado do Estado me representa.

Comentários

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  • 18.06.2013 19:48 Lúcia Paula

    o Pablo é folha seca no inverno, é levado conforme o vento

  • 18.06.2013 17:25 Mari

    Vai entender o pensamento contraditorio do Pablo.Aqui ele instiga la na IN FM ele fala que nao vai adiantar em nada fazer manifestacoes.

  • 18.06.2013 12:43 Ricardo Almeida

    papo furado o seu Pablo, você é governo!!! se você fosse homem, abondonava esse carguinho escroto seu, esse seu salário coxinha, e ao menos nesse momento, já que você, Fabrício Nobre, Décio Coutinho, Gilvane Filipe e demais "tangas frouxas", não tiveram, e não tem, a coragem de fazê-lo no momento adequado, de alinhamento com a classe cultural que vocês diziam se alinhar. mas eu já prevejo as suas ações pro futuro, em 2014. montar outro trio elétrico, outra palhaçada, pros candidatos a governo os identificarem como liderança, e vocês voltarem ao cargos em que estão, ou melhor situados. dizem que serviço público é igual crack, depois da primeira baforada, já era, nunca mais se volta ao normal. seu texto não representa ninguém, só ao governo do Marconi Perillo.

  • 18.06.2013 09:01 Héder

    Do que adianta protestos ? O Brasil deveria ser extinto do mundo.

  • 17.06.2013 23:04 Héder

    Hipocrisia total esse cara escreve isso. Teve orgasmos múltiplos quando governo do estado trouxe uma lenda da música para Goiânia, dizendo que seria uma oportunidade da cidade entrar no circuito, Goiânia não entrou e nem vai entrar no 'circuito' enquanto isso pergunta o estado do serviço publicos da cidade e do estado ?

  • 17.06.2013 20:18 Danilo Teixeira

    Ih, e agora Pablo? Vai conseguir responder o comentário do Eládio?

  • 17.06.2013 19:39 boquirroto.wordpress.com

    Movimento FORAMARCONI que registrou em seu zênite 8 mil jovens nas ruas de Goiânia não existiu. Se não tintina, não tarantina, não aparece na mídia, não é popular. A indiferença estratégica da mídia local dispersou um movimento que teve um início tão espontâneo quanto o movimento do Passe Livre em São Paulo. Em ambos, as trapalhadas tucanas fizeram com que os jovens dessem cambalhotas que os levariam do face para as ruas. Em Goiás, capangas de Perillo percorreram as bancas da capital dando estrelinhas e recolhendo os exemplares da revista que trazia em sua capa denúncias de criminalidade estatizada: foi isso o que incendiou a plateia, mortificada de tanta palhaçada. Já o respeitável público paulista apresentou-se ao espetáculo em maior número justamente após os bichos de farda, a mando do domador, soltarem os cachorros. Poisé, os tucanos lotaram o coliseu.

  • 17.06.2013 17:33 carlos

    então, sobre o corte da lei goyazes, algo já? alguma opinião? porque né, "acho que agora é de verdade, a bolha estourou", blábláblá.

  • 17.06.2013 15:53 Roberto Silva

    Os manifestantes estão de parabéns, apesar de chamados de vandalos continuam firmes. Talvez seja um basta à situacao de conformismo que vive a sociedade.

  • 17.06.2013 15:51 Roberto Silva

    Os manifestantes estão de parabéns. Apesar de chamados de vandalos continuam firmes. Talvez seja um basta à situacao de conformismo que vive a sociedade.

  • 17.06.2013 15:37 Daniela Braun

    Texto excelente! Assim como vc, acredito que algo vai acontecer...

  • 17.06.2013 12:54 Silas Cow

    Brou, vamos representar essa juventude deitados a vontade na cama com ar condicionado ligado e vendo o pau comer na tv e debaixo do lençol. Convido o Wolney Santos também.

  • 17.06.2013 12:52 Denise Fonseca

    Eu que por tantas vezes discordei de vc hoje bato palmas para o seu texto. Brilhante! Parabéns!

  • 17.06.2013 09:44 Vitoria Marinna

    Doidão, só vou te confessar uma coisa ! Estou empolgadissima para ir às ruas dia 20 aqui em Goiania! Mas, estou com medo ! Sim. Tenho medo dos cachorros do Governo. Ora, tenho uma vida inteira pela frente. Mas, apesar desse medo eu VOU ! Dia 20 às 17 horas na Praça dos Bandeirantes !!!!

  • 17.06.2013 08:30 Gustavo Grilo

    Acordamos!

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