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Pablo Kossa
Pablo Kossa

Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

O Blog

Bandeirinha no carro

Confesso que hesitei ao aderir à torcida | 06.06.14 - 06:54

Goiânia - A primeira Copa do Mundo que assisti e na qual eu já tinha meu carro foi a de 2006. Um dos desejos de ter meu próprio veículo, além de mandar uma vigorosa banana para o ridículo transporte coletivo de Goiânia do qual eu era dependente desde sempre, era botar um monte de quinquilharias e não dever satisfação para ninguém. Isso sem contar em poder mandar no som durante os trajeto de uma vez por todas.

Em 2006, mandei duas bandeirinhas nacionais, uma de cada lado, para demonstrar meu apoio à Seleção Brasileira de Parreira na Alemanha. Não aderi à bandeira gigante que envolve o capô do veículo. Acho que aí já é demais. Mas acho bom que um monte de gente tope essa onda. Os níveis de empolgação são variados.

Desfilava com meu carro ouvindo aquele trepidar da bandeirinha ao vento com orgulho.

Em 2010, a mesma coisa. Comprei a bandeirinha no cruzamento da Paranaíba com a Tocantins. Só que não coloquei duas, foi só uma na porta do motorista. E dali só saiu quando Júlio César catou borboleta e a Holanda nos tirou da Copa.

Esse ano, hesitei bastante para aderir à manifestação pública de torcida pela Seleção Brasileira. Parece que colocar uma bandeirinha no carro é assinar uma espécie de atestado de conformismo perante os abusos cometidos de 2007, quando o Brasil foi escolhido como sede do Mundial, até hoje.

A impressão que tenho é que demonstrar à sociedade empolgação com a Copa do Mundo e torcida pela Seleção Brasileira o transforma automaticamente em um alienado. As patrulhas estão na rua e talvez seja mais prudente guardar a empolgação para manifestações em verde e amarelo somente para ambientes privados.

Mas quem disse que prudência é meu norte? Dane-se, seu fiscal de engajamento! Quando eu estava no sinal da Avenida Pedro Paulo de Souza, aquela que cruza o Goiânia 2, com a Perimetral paguei cincão pela bandeirinha e coloquei no meu carro. Minha filha mais nova adorou o novo badulaque. Sabe como é, filha de espalhafatoso, espalhafatosinha é.

Isso não me faz partícipe das falcatruas, dos superfaturamentos, dos atrasos. Isso não me coloca no time dos TeixeirasValckesHavelangesMarinsBlattersETodosOsOutrosQueOdiamos. Isso não me faz esquecer das promessas não cumpridas, dos elefantes brancos, das mentiras sobre ser a Copa da iniciativa privada. Não achem que a bandeirinha no carro apaga meu sentimento de frustração e vergonha. Vou descontar em todos eles. E já tem data. Em outubro, vou me lembrar como nunca disso tudo.

Mas não me peçam para não curtir o torneio com a bandeirinha, churrasco e comemoração cada vitória brasileira na Copa. Cada coisa em seu lugar, por favor.


Comentários

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  • 09.06.2014 20:28 Souza

    Bom, nem sempre ouço rádio, falta de tempo talvez, mas quando ouço costumo sintonizar na rádio em que o senhor Pablo comenta e devo dizer, ora tece comentários inteligentes, ora totalmente equivocados sob uma perspectiva lógica . Em sua conclusão hoje ele soltou mais uma. Normalmente uma conclusão equivocada é algo irrelevante, mas não quando envolvem formadores de opiniões, pois acreditem, eles influenciam. Não se enganem acreditando que votar "correto" em outubro muda nosso país. O sistema proporcional tornou-se o câncer do legislativo. Talvez seja esse um dos fatores preponderantes na crise de legitimidade que assola tal poder. É um absurdo! segundo dados do TSE, pouco menos de 10% dos candidatos são eleitos com seus próprios votos. Por óbvio, não faz tanta diferença assim em quem você vota. Por que vários fichas sujas da vida, entrarão na cota dos 90%. Quanto à copa, em parte ele tem razão. Porém, infelizmente, seria bom para o país perdê-la. Pois sabemos que o futebol anestesia a mente das pessoas, engana. A copa passa, mas os problemas ficam e o dinheiro desviado não retorna, afinal não fazem doações para ressarcir o erário. Mas por outro lado, os jogadores, o técnico e muita gente não tem nada a ver com essa picaretagem toda. Não sei, muitos assim como eu podem não resistir à bola rolando, mas creio que estamos perdoados rs. Outro aspecto interessante, eu li a algum tempo que com o dinheiro que estamos gastando para fazer a copa poderíamos alcançar 20 anos de investimento em educação. Hoje pesquisando na internet descobri que é conversa fiada. O custo da copa é de aproximadamente 26 bilhões. A educação tem um orçamento na casa dos 280 entre privada e pública, ou seja, a copa não chega a 9% do valor. E por fim, para os que como eu são aficionados por futebol vai um raciocínio e uma lamentação: Estão matando nosso esporte! Dirigentes entram nos clubes, desviam e praticamente os deixam falidos, depois conseguem algum patrocínio de alguma estatal, abastecem os cofres, pagam uma propina para políticos e diretores de bancos e novamente os sucateiam num maldito círculo vicioso. A CBF, bom, não vou falar dela, me recuso. O STJD, uma piada, sem graça diria. A família Zveiter está na terceira geração ocupando a presidência. Democrático não? Pode isso Arnaldo?

  • 08.06.2014 10:38 Silas Cow

    Por isso adoro o baseball e o hockey.

  • 07.06.2014 14:00 Lucas

    panem et circenses

  • 06.06.2014 14:07 Fernanda Silva

    Suas palavras, minhas palavras Pablo!, Ando com medo de dizer que apoio a seleçao brasileira de futebol, mas apoio!! E nao sou conivente com a roubalheira dos governantes e vou protestar em outubro. Os jogadores nao estao concorrendo a cargos politicos e merecem nosso apoio.

  • 06.06.2014 10:30 Epamonondas

    "A impressão que tenho é que demonstrar à sociedade empolgação com a Copa do Mundo e torcida pela Seleção Brasileira o transforma automaticamente em um alienado" - Só em 2014 você se deu conta disto?

  • 06.06.2014 10:00 Marina Lemes Landeiro

    Pocha pablo! até tu brutos? Adoro teus artigos e opiniões, o ultimo da UFF foi espetacular. Mas confeço que fiquei decepcionada com sua posição em relação a copa. Talvez seja porque seja totalmente aversa a futebol, não o esporte em si, mas a forma como é cultuado no Brasil. É triste ver um horário da TV aberta falar ePoxa Pablo! até tu brutos? Adoro teus artigos e opiniões, o último da UFF foi espetacular. Mas confesso que fiquei decepcionada com sua posição em relação à copa. Talvez seja porque seja totalmente avessa a futebol, não o esporte em si, mas a forma como é cultuado no Brasil. É triste ver um horário da TV aberta falar exclusivamente sobre esse esporte, empurrando goela abaixo em todos os Brasileiros que dispõem de TV como única forma de entretenimento, diga-se de passagem, a grande maioria. Não me conformo em ter que agüentar jornalistas e comentaristas tentando criar alguma teoria ou lógica em análises "complexas" sobre o esporte. Ou ainda, entrevistando um jogador de futebol que não tem nada a dizer, como alguém estuda 4 anos e se sujeita a isso? Em relação à Copa no Brasil, não precisa dizer nada, basta visitar qualquer posto de saúde ou hospital público para ver do que o país realmente precisa. Mas a vida é assim mesmo, é melhor ter um Honda civic e morar num barraco de aluguel, é melhor viver de aparência, é melhor celebrar sem ter motivos. Encarar a realidade é muito ruim e chato, além disso nessa sociedade castrada futebol é uma forma legítima de afirmar a masculinidade. Nossos eunucos precisam quebrar o gelo no trabalho, "zoar com o time do porteiro". Sugiro a você meu querido Pablo, e também a todos os nossos fanáticos por futebol. Guardem essa bandeira e a use quando forem votar, vamos invocar esse patriotismo nesse momento importante, use-a em protestos, inclusive contra a copa. Enfim, cheguei a conhecê-lo na UFG estudei na FCHF, não sei se lembra de mim. Abraços

  • 06.06.2014 09:26 Susley Pereira de Jesus Lima

    Concordo plenamente Pablo. Acho que nós temos que mostrar nossa indignação e fazer as devidas mudanças na urna.

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Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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