Entre os mais influentes da web em Goiás pelo 12º ano seguido. Confira nossos prêmios.

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351

Sobre o Colunista

Leticia Borges
Leticia Borges

Leticia Borges é especialista em Língua Portuguesa, jornalista, professora e palestrante. / leticia.textos@gmail.com

Língua e letra

Mim não faz nada

Relembre a função dos pronomes pessoais | 20.06.14 - 08:47 Mim não faz nada tudibao.com.br

“Meu chefe pediu pra mim ficar até mais tarde hoje”. Quem nunca ouviu uma desculpa dessas em plena sexta-feira pode se considerar uma pessoa de sorte. Não vou questionar a veracidade do serão, mas falar sobre o equívoco na escolha do pronome.
Para que se compreenda o erro é preciso recorrer à gramática. Existe uma relação lógica entre funções morfológicas (classes gramaticais) e funções sintáticas. E uma das regras diz que o pronome mim não pode ser sujeito, ou seja, não pratica a ação.
Então quando alguém diz “minha mãe pediu pra mim fazer compras” ou “era pra mim ter feito isso ontem”, orações que comumente ouvimos por aí, está empregando o pronome de forma incorreta.

Os pronomes pessoais são divididos em retos e oblíquos.  Os retos (eu, tu, ele, nós, vós, eles) só podem ser sujeitos ou predicativos. Então o certo seria “meu chefe pediu para eu ficar até mais tarde hoje”. Esses pronomes não devem ser usados em orações como “ela chamou nós pra festa”, em que o pronome nós está ocupando, de forma inadequada, o papel de objeto direto.
Para exercer a função de objeto direto e objeto indireto (complementos do verbo) existem os pronomes pessoais oblíquos, que podem ser átonos (usados sem preposição – me, te, o, a, lhe, se, nos, vos, os, as, lhes, se) e tônicos (preposicionados - mim, comigo, ti, contigo, si, consigo, ele, ela, nós, conosco, vós, convosco, si, consigo, eles, elas).

Então a frase correta seria “ela nos chamou para a festa”. Nessa regra também se enquadra a comum cacofonia “eu vi ela”. Note que nesse caso o pronome está exercendo função de objeto direto, o que não é permitido nem se ele for reto (só pode ser sujeito) nem oblíquo tônico (deve ser preposicionado seria objeto indireto, inadequado ao caso). O certo é “eu a vi”.

Veja a diferença entre essas duas orações:

Ele mandou flores para mim”. (correta).
Ele – sujeito. Mim – objeto indireto com a preposição para. Nesse caso, se se dissesse “ele mandou flores para eu” estaria incorreto.
Ele mandou flores para mim colocar no vaso”. (incorreta).
Ele – sujeito do verbo mandar. Mim – sujeito do verbo colocar.
O certo é “ele mandou flores para eu colocar no vaso”.

Uns minutinhos usados para relembrar quais são os pronomes pessoais e que funções eles ocupam na oração podem evitar erros constrangedores e valorizar sua apresentação ou seu texto.

Se você entendeu o conteúdo dessa coluna, então já sabe que está errado escrever que “não existe nada entre eu e você”.
Por quê? Porque já foi dito que o pronome eu não é preposicionado. Entre é uma preposição. O certo é “não existe nada entre mim e você”. Ou entre você e mim. Ou entre mim e ti.

Foi só um exemplo. Eu gosto de fazer amizades.
 
*essa coluna foi uma sugestão do João Gabriel Dias Silva.

Comentários

Clique aqui para comentar
Nome: E-mail: Mensagem:

Sobre o Colunista

Leticia Borges
Leticia Borges

Leticia Borges é especialista em Língua Portuguesa, jornalista, professora e palestrante. / leticia.textos@gmail.com

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351
Ver todas