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Pablo Kossa
Pablo Kossa

Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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Embaixador esmeraldino

É uma honra receber uma homenagem do Goiás | 03.09.14 - 13:08 Embaixador esmeraldino (Foto: reprodução/Facebook)

Goiânia - “Oi, Pablo. Aqui é o Diogo, trabalho no marketing do Goiás. Você poderia passar hoje aqui em nossa sede para combinarmos de gravar um depoimento sobre sua história com o time para o programa que temos no PFC?”.

Recebi a ligação logo cedo e, com essa pauta, fui no final da manhã de ontem na Serrinha conversar sobre a gravação. Estava animado com a perspectiva, mas o que me esperava de verdade foi emocionante. O departamento de marketing alviverde me escolheu como primeiro Embaixador Esmeraldino. Fui presenteado com uma camisa do clube personalizada, com meu nome e a honraria grafados nas costas, além de um diploma que já mandei enquadrar e até o final da semana estará pendurado na parede de minha casa.

Sob a direção do sempre simpático e reconhecidamente competente Edson Araújo, a galera do marketing bolou o Embaixador Esmeraldino para reforçar vínculos de esmeraldinos que propagam o nome do time. Ser o primeiro dessa lista me deixou esfuziante.

Na hora, me lembrei dos momentos marcantes que tive com o Goiás. Vou ao Serra Dourada desde a barriga da minha mãe – meu pai já a levava grávida ao estádio. Ainda bebê, também frequentava as arquibancadas, embora naquele momento mais interessado no picolé e na pipoca do que na partida.

Minha memória começa com um jogo contra o Vitória, eu devia ter uns 5 ou 6 anos, que fiz minha mãe comprar na manhã de domingo um boné do time na Feira Hippie (que ainda era na Avenida Goiás) e uma buzina verde e branca. Peguei uma camisa do Goiás do meu tio César e meu pai me levou ao Serra Dourada todo fantasiado.

Teve um jogo contra o Atlético Mineiro pela Copa do Brasil que é o mais marcante de minha vida e até publiquei um texto sobre essa partida no livro Meu Jogo Inesquecível ao lado de nomes como Chico Buarque, Juca Kfouri e outros tantos gigantes que fico até envergonhado de estar ali no meio.

A lista de partidas especiais é grande. O jogo contra a Desportiva (ES) em que Baltazar, de pênalti, garantiu a volta do Goiás para a Série A. A derrota para o Botafogo campeão brasileiro de 1995. A semifinal contra o Grêmio em que o Paulo Nunes fez aquela dancinha ridícula bem na minha frente. A participação na Libertadores da América. A fatídica derrota ainda hoje não cicatrizada na Argentina pela Sul-Americana...

Minha vida se confunde com minhas experiências no Serra Dourada. As fases do time marcam bons e maus momentos que passei. Tenho um baita orgulho de torcer para o Goiás. E essa homenagem me deixou, como já disse, emocionado.

Mas foi só postar a foto nas redes sociais como Embaixador Esmeraldino que o tribunal do Feicebuqui (obrigado, Tom Zé) mostrou as caras. Não é segredo para ninguém que meu segundo time é o Flamengo. Está em minhas redes sociais. Está para o mundo ver. Mas algumas pessoas, poucas, é verdade, executaram o rito condenatório e falastrão tão comum em redes sociais.

Vamos aos números. Até agora, quando escrevo esse texto, no Instagram, a foto teve 245 curtidas e 22 comentários – sendo que 14 elogiosos, quatro de vilanovenses zoando e quatro criticando por eu ter o Flamengo como segunda opção. No Facebook, foram 146 curtidas e 18 comentários elogiosos. Fui marcado em uma publicação crítica nessa mesma rede social que pouco repercutiu – duas curtidas e quatro comentários que discordam da homenagem que recebi.

Dá para ver que se trata de uma minoria que sente incômodo. A real é que as pessoas entendem perfeitamente que sou um goianiense que torce par ao Goiás e tem simpatia pelo Flamengo como segunda opção. Simples assim.

Mas a sanha totalitária de quem desenvolve o discurso contra os pejorativamente chamados de mistos é muito agressiva. Típica de concepções tacanhas e limitadas.

De todas as críticas, a mais engraçada foi a que me acusou de ser manipulado pela televisão para gostar do Flamengo. Não nego que fui manipulado para essa escolha. Mas pelo meu pai. Assim como fui para torcer pelo Goiás – e nessa manipulação ninguém vê problema, até por que todo mundo foi influenciado por alguém para escolher seu time de coração, ninguém desenvolve naturalmente esse amor.

Meu pai nasceu em Pires do Rio. Meu avô torcia para o Vasco e Pires do Rio – foi até presidente do clube. Meu tio, irmão mais velho de meu pai, Botafogo e Pires do Rio. Meu pai, para ser contra aos dois, começou a torcer para o Flamengo e Pires do Rio. Não, a minha família não tinha televisão naquela época. A decisão foi motivada por birra familiar mesmo.

O amor dele pelo Goiás só apareceu depois, quando veio fazer o segundo grau em Goiânia. Quando nasci, ele já era esmeraldino como segunda opção. A primeira sempre foi o Pires do Rio. O Flamengo caiu para a terceira.

Tenho 35 anos e todos, repito, todos meus amigos de infância tinham dois clubes. O Marcos é Goiás e Vasco. Aldelúcio, Vila Nova e Flamengo. Luis Fernando, Goiás e São Paulo. Júnior, Goiás e São Paulo. Geovanne, Vila Nova e Vasco. André, Atlético e Vasco. Thiago, Goiás e Corinthians. Todos tinha sua predileção local e outra nacional. Eu sou fruto desse meio. Não vou apagar o que aprendi com meu pai e cultivei na infância por conta do tribunal de Feicebuqui.

Estou certo de que a maioria dos que me criticam, em algum momento da vida, também tiveram um segundo time. É natural de nossa região. Assim como é natural no Nordeste – e ali não impede os clubes locais de terem numericamente mais torcedores e presença muito mais massiva nos estádios do que os de nosso estado. Mas eles apagam seu passado. Igual político que muda de partido e sai na internet apagando posts críticos aos novos aliados. É chamar o povo de burro. É não respeitar a própria trajetória. Se você faz isso, de boa, problema seu. Não sou assim. Não vou negar que eu fui, quem eu sou (obrigado, Mano Brown).

A primeira vez que conheci alguém que torcia para um único time, tinha de 12 para 13 anos. Se me recordo é por que me marcou pelo estado de exceção. Na escola, o Rogério torcia só para o Goiás. Estranhei. Não era usual. Na mesma época, o Marcus também se dizia unicamente esmeraldino, mas tinha uma pequena simpatia pelo Botafogo por conta de seu pai.

Acho meio fascistoide essa postura de “meu clube, minha vida, meu estado, meu sangue”. O patriotismo é o último refúgio do canalha, disse o inglês Samuel Johnson. O bairrismo pode ser incluído aí. É persecutório. É intimidador. O lance é valorizar o local, mas sem fechar a porta para o mundo. Se assim fosse, teríamos que parar de ouvir Beatles e Rolling Stones e só escutar rock goiano. É estreitar demais a percepção.

Se me perguntam para quem torço, não tenho dúvidas e a resposta é única: Goiás. O que não me impede de gostar do Flamengo. E quando os dois times se enfrentam, estou sempre no Serra Dourada vestido de verde.


Comentários

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  • 17.09.2014 15:18 Jr

    ...sde

  • 11.09.2014 11:22 Rogério Christiano

    Pablo parabéns pela homenagem, no entanto não concordo com sua posição a respeito do 2° time devemos valorizar mais onde vivemos ser mais bairristas mesmos. Hoje quando tem jogo Goiás contra outro time do eixo Rio São Paulo o estádio fica dividido graças ao pessoal que migra para Goiânia em busca de oportunidades muitos sequer foram a esses estados mas por causa da mídia torcem pra eles. Goiano de verdade torce pra time goiano até aceito a 2° opção mas goiano torcer pra time de fora não dá é muita falta de consideração com seu estado natal.

  • 04.09.2014 17:35 Gabriel Nery de Belem

    Eaê,Embaixador(sic)?Ontem bateu ponto na Embaixada e celebrou a classificação com os verdadeiros esmeraldinos ou ficou em casa vibrando com pênalti roubado(pra não perder o costume) pela Zoiúda(a sua guia de fé e conduta)

  • 04.09.2014 15:31 Aloh Prado

    Mas pode confirmar também que o Goiás não tem uma torcida apenas simpatizantes. Torcida, de verdade, você sabe que o Tigrão dá de 7 x 1 sobre os goiabas. Prova disso foi o jogo de ontem. Ingressos a preço de banana (banana é mais caro!) em uma competição internacional contra um time n vezes campeão brasileiro e um dos melhores da atualidade, e apenas 11.000 pagantes ? Pelo amor de deus. Parece até o atual (Des)Governo! só propaganda

  • 04.09.2014 11:27 goias72

    puro misto,sai fora

  • 04.09.2014 09:10 Guilherme

    Que vergonha desse "marketing" do Goiás. mais vergonhoso ainda foi esse texto tentando explicar pq é um misto. Falando em likes de facebook , é sério isso? Meu amigo 90% da maior torcida do centro-oeste é totalmente contra um mistão receber uma homenagem dessas.

  • 04.09.2014 09:05 Marina

    Torcedor do flamengo? Cria vergonha na cara seu misto. Você não nos representa.

  • 04.09.2014 09:02 Lucas

    Você não represneta a maior torcida do estado. Voce não é dignico pra isso. vai torcer pro flamerda lá na pqp Nós esmeraldinos de verdade somos torcedores de um time só. A era dsses amadores no Goiás tem que acabar.

  • 04.09.2014 00:58 Verde Esmeraldino

    Esmeraldino de VERDADE não veste outra camisa!

  • 04.09.2014 00:53 Muillo Frederico

    Vá torcer somente para o Flamengo, cara! Se for para ser misto, tire o Manto Esmeraldino! Você não é digno de vesti-lo, tampouco de dizer que torce para o Goiás! É um apelo da torcida, por favor...não nos envergonhe, misto, modinha!!!

  • 03.09.2014 21:13 Pedro mARQUES

    Cara, a muito tempo não ouço os programas que tu está na Interativa por causa do seu falso moralismo... Querendo aparecer, sendo que e Flamengo, o mínimo que você poderia fazer e não aceitar, fico p... da vida quando vi que voce foi escolhido, nós torcedores já nos movimentamos para que isso pare, imediatamente, e que isso mude logo. Não tenho nada contra a sua pessoa, só penso que tudo que tu fala e na base do achismo, e agora mais essa querendo usar nosso Goiás Esporte Clube, saudade do velho Pablo.

  • 03.09.2014 18:16 Carlos Eduardo Sobreira Lessa

    Ola Pablo, como já sabe fui um dos que n concordaram com o MKT. Tenho 34 anos. Não feche a "porta para o mundo"! Sua contagem de curtidas, likes e comentarios nos seus perfis pessoais, vai de encontro ao que vc diz. Claro que a maioria que te segue, te admira e ira concordar contigo! Mas saia um pouco do seu mundo! Faça essa conta, por exemplo, num grupo com milhares de esmeraldinos! Alias a camisa que vc ganhou tem uma etiqueta alusiva a isso de uma olhada! Somos muitos e assim como vc se deu o trabalho de vir se defender, nos temos nossa opinião! Sim foi um erro! O Marketing apos a repercussão também resolveu " justificar"! Não minimize algo apenas por conveniência! A propósito, meu falecido pai carioca, torcia para um time da sua cidade natal, mas na contramão de pensamentos como o seu e de seus familiares, ele me ensinou a torcer pelo verde! Ademais não vou ficar citando quantas vezes fui ao estádio serra dourada ou as vezes que viajei pra ver o Goiás! Acho isso desnecessário e não faz ninguém mais ou menos torcedor por isso!

  • 03.09.2014 18:16 Gabriel Nery de Belem

    Torce para o Goiás e "apenas gosta" do Flamengo.Seeeeei.Mas deve ter comemorado muito o título do Flamengo,com erros grotescos de arbitragem na Copa do Brasil de 1990 e também,mais uma vez ROUBADO,a classificação nas semis da mesma Copa do Brasil do ano passado.Moço,se houvesse milhões de pessoas como você,o Futebol do interior do Brasil seria bem maior.Por exemplo,os times do Eixo não teriam um orçamento tantas vezes maior e consequente competitividade que o MEU Goiás.Interessante também quando você cita que só conheceu um único garoto 100% esmeraldino.Eu,por outro lado,também sou goianiense,tenho a mesma idade que você e cresci entre milhares esmeraldinos puro-sangues.Talvez você tenha sido aquele menino que só saiu das fraldas e começou à viver depois que saiu da faculdade.

  • 03.09.2014 17:47 Estevao Maurício

    Caro Pablo, Eu tenho 37 anos, SEMPRE fui esmeraldino, na escola todo mundo apontava o dedo pra mim falando que isso era diferente, ou seja, só tinha eu assim. Acho muito fera a sua postura de não esconder que é misto, todos sabemos que isso é a tônica da nossa região. Já te ví em dezenas de jogos do Goiás, achei que vc era esmeraldino puro sangue. Tenho o direito de não concordar com o Marketing esmeraldino de dar essa honraria para um misto. Abraço

  • 03.09.2014 16:37 Jeanne Pimenta

    Parabéns Pablo! Você merece este título, doa a quem doer!

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