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Tutti-Frutti

Dica Pipoca: Django Livre

| 20.09.14 - 17:34

 
Goiânia - Reservei para o meu sábado um legítimo Tarantino: "Django", já assisti duas vezes, mas, ao primeiro olhar na locadora, trouxe para casa.
 
Além do sangue, do velho oeste e do olhar debochado diante da morte violenta, coisas tipicamente "tarantinescas", o herói negro é com certeza o melhor do filme. Sua vingança movida por amor contra o horror escravocrata sulista dos EUA tem um sabor tão bom quanto aquelas duas canecas de chope tiradas pelo Dr. Schultz logo nas primeiras cenas.
 
Mas o motivo deste texto não é só falar do filme de Tarantino, até porque, além de entender muito menos que os especialistas da sétima arte, estaria atrasada para fazer isso. Django me impressiona pelas cenas horrendas da escravidão e me faz pensar em outro herói afrodescendente, este da vida real: Barack Obama.
 
Django e Obama têm em comum o fato de serem negros em um país que foi e continua racista. Só que um explodiu a Casa Grande após matar os algozes em tempos de escravidão, enquanto o outro a ocupa após ter sido eleito como o maior líder em tempos de democracia.
 
Um fez jus a todas as marcas de chibatadas nas costas, o outro se calou no momento em que se descobriu que o país que ele preside invadiu a privacidade de pessoas do mundo todo; um derruba o sistema, o outro o mantém.
 
Me emocionei quando Obama foi eleito. Um negro governando um país como os EUA, que até décadas atrás achava que o vaso sanitário de brancos e negros deveria ser diferente, não é pouco.
 
Mas, cadê o "yes, we can" tão bem costurado pelo marketing digital? Onde está a aplicação das causas históricas por trás do "I have a dream"? Que história é essa de invadir a liberdade dos povos, criando uma escravidão digital em defesa do império opressor norte-americano?
 
Obama está apagado e o motivo é um só: lhe falta fazer jus à cor da coragem e da luta pela igualdade.
 
A revelação de que a espionagem do governo norte-americano atingiu a Petrobras foi grave, muito grave. E aponta para uma prática que os Estados Unidos cultiva desde que o samba é samba: invadir países que lhes sejam interessantes do ponto de vista do petróleo. É assim com todo o Oriente Médio, um barril de pólvora cujo pavio é sempre aceso pela Casa Branca.
 
Antes do pré-sal, o Brasil era uma coisa; depois do pré-sal, é outra completamente diferente. Para se ter uma ideia, o petróleo era 7% do nosso PIB em 1997 e está partindo para 20% até 2020. Se antes discutíamos se haveria a autossuficiência, hoje discutimos para quem vamos exportar o ouro negro que move o mundo, onde vamos usar o dinheiro que virá dele e, claro, o mundo também nos olha, principalmente os EUA.
 
Felizmente, temos um governo mais alinhado e ao que tudo indica, não pretende entregar a Petrobras aos filhos de Tio Sam. 
 
É sempre hora, portanto, de fazer valer o velho jargão: o petróleo é nosso, Mr. Obama!
 
Por mais que os entusiastas da inferioridade tupiniquim achem bobagem, a negativa de Dilma ao convite de Obama para uma visita oficial aos EUA foi, sim, um posicionamento do Brasil em defesa de sua soberania. E por motivos muito sérios e pertinentes.
 
O próprio Obama usou expediente parecido, cancelando ida a Moscou quando a Rússia deu asilo político a Edward Snowden. Isso porque o governo russo apenas aceitou em seu território um denunciante do big brothernorte-americano, bem diferente do que os EUA fez com o Brasil, espionando a Presidência da República e a Petrobras.
 
Se, historicamente, sempre fomos subservientes aos interesses dos Estados Unidos da América, que financiaram uma ditadura militar sangrenta por aqui, alinhando vários dos nossos políticos entreguistas aos seus planos imperiais geopolíticos e, de quebra, entupindo nossa vida com seus enlatados e costumes, isso não quer dizer que tem de ser sempre assim.
 
O Brasil é a sexta economia global, está entre os 15 seletos países com as maiores reservas de petróleo e tem a maior quantidade de água doce do planeta, ocupa um território continental de qualidades climáticas e biodiversidade invejáveis.  
 
Estamos muito longe de ser uma republiqueta de bananas, como sugerem as manchetes da mídia colonizada. Tampouco devemos aceitar a condição de quintal dos Estados Unidos. Dilma, portanto, representou bem o Brasil ao negar se curvar aos cerimoniais da Casa Branca. Foi um recado de que parceria só se faz de forma bilateral.
 
Yes, we can, Obama! Podemos, sim, lhe dizer um não!
 
Voltando a minha dica pipoca...vale muito a pena assistir Django Livre. O filme é sanguinário, mas ao mesmo tempo, divertido, apaixonante. A fotografia e sonoplastia do filme são incríveis! Tem cenas hilárias, repugnantes e fantasiosas.
 
Cada filme de Tarantino eu recebo como se fosse aquele colírio capaz de limpar os olhos para se enxergar melhor.
 
Ficha  técnica
Django Livre (Django Unchained, EUA, 2012), de Quentin Tarantino. Com Jamie Foxx, Christopher Waltz, Leonardo Di Caprio, Kerry Washington e Samuel L. Jackson. Columbia. 165 minutos. 16 anos.

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