Ainda há muita gente que não manda seus resíduos para a reciclagem. A maior dificuldade das pessoas provavelmente ainda esteja no seu hábito de não fazer a separação, o que poderia ser influenciado com campanhas de conscientização. Mas elas praticamente não existem por aqui. Em Goiânia, o caminhão da coleta passa em vários bairros e alguns supermercados têm convênio com cooperativas para receber os recicláveis.
Já a melhor destinação para o lixo orgânico independe da rede de coleta. Restos de comida, cascas, caroços, borra de café... tudo isso pode facilmente virar adubo para plantas, em um processo mágico, que pode acontecer no canto da área de serviço ou da sacada. No começo, aparecem uns mosquitinhos ou dá uma fedidinha, mas é questão de tempo para aprendermos o que está faltando ou sobrando na composteira, a fim de eliminar esses poréns.
O maior benefício da compostagem é reduzir a quantidade de lixo que enviamos para os lixões e aterros. Os resíduos orgânicos correspondem a cerca de 60% de todo o lixo doméstico urbano.
Que tal experimentar?
Opções de recipiente
* Tambor alimentício (fazer furos nas laterais e um furo na parte inferior, com uma furadeira)
* Balde (idem em relação aos furos)
* Caixa de madeira (daquelas de feira)
* Todos devem ter tampa
* Colocar o recipiente sobre um apoio (como tijolos), que possibilite recolher o chorume ou o excesso de água. Para isso, lembre-se de colocar um potinho ou um prato.
Localização
* O ponto ideal deve ser protegido do sol e da chuva.
* É prático que ele não esteja muito fora de mão em relação à cozinha, área em que será gerada a maioria dos resíduos.
Resíduos
Lembre-se de cortar o material em pedaços pequenos, pois assim ele se decompõe mais rapidamente.
* O que pode: lixo orgânico em geral (como talos de legumes e verduras, restos de frutas etc), casca de ovo, palha de arroz, sabugo de milho, borra de café, aparas de grama, restos de poda, ervas daninhas, folhas secas, jornais (páginas em preto e branco, em pequena quantidade).
* O que não pode: carne (pois atrai insetos ou ratos), gordura animal, alimentos cozidos em óleo, carvão, papel colorido, plantas doentes, fezes de animais, plástico, vidro, alumínio, borracha ou qualquer produto tóxico.
Regularidade
O melhor é guardar os resíduos em uma lixeira por alguns dias, de acordo com a quantidade gerada, a fim de juntar um bom volume antes de depositar na composteira. É melhor não mexer no composto todos os dias, pra permitir a elevação da temperatura e a ação mais eficiente das bactérias.
Camadas
* A primeira e a última camada devem, sempre, ser de folhas secas. Alternar nessa ordem: camada seca, restos orgânicos, camada seca.
* E atenção: as folhas secas devem corresponder a mais ou menos 70% do total. Não é difícil consegui-las, seja no jardim do seu prédio, na fazenda do seu tio, na firma aí perto que corta a grama a cada semana.
Cuidados
* Revirar o composto semanal ou quinzenalmente.
* Ficar de olho na temperatura – enfiando um graveto no composto, por exemplo. Caso esteja muito quente, molhar um pouco e mexer no material é recomendável.
* Caso se note mau cheiro ou insetos, misturar um pouco de terra ao composto e adicionar mais folhas secas à cobertura, de forma a não deixar os restos à mostra. E tampe bem.
Pronto!
Para verificar se o composto está no ponto para ser usado, o que deve ocorrer dentro de mais ou menos três meses, você pode:
*Primeiro, observar se ele tem aspecto de terra.
* Depois, pegar uma pequena quantidade com as mãos e observar se se soltará facilmente quando esfregado.
* Ou apertar uma amostra entre os dedos e notar se não escorrerá água.
* Checar também se o composto não está quente (se estiver, é sinal de que ainda há atividade das bactérias).
* Agora é só usar.
Para complementar, aqui está um vídeo ótimo da Recicloteca, ONG carioca, ensinando compostagem de apartamento. Eles dão algumas dicas diferentes (por exemplo, não há folhas secas na receita deles), mas é assim que vamos enriquecendo o repertório e fazendo nossas próprias experiências.