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Rodrigo  Hirose
Rodrigo Hirose

Jornalista com especialização em Comunicação e Multimídia / rodrigohirose@gmail.com

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O Face me deixou burro, muito burro

Hipérbole ganha seu porto seguro | 13.05.15 - 18:27
Danilo Gentili detona Dilma
Azevedo rosna contra Papa Francisco
Ciro Gomes humilha o dr. Rodrigo Constantino
Jovem humilha Jean Wyllys
Eduardo Cunha ridiculariza e desesquerdiza repórter da Folha
Raquel Sheherazade é esculachada no Pânico
 
Goiânia - Humilhar, detonar, ridicularizar, desmascarar, esculachar e até “desesquerdizar” (seja lá o que isso signifique). Além de servirem como um bom termômetro dos ânimos políticos pós-eleições de 2014, tais verbos são, hoje, uma pequena amostra do que ocorre em certo tipo de “jornalismo” feito na web (e não há qualquer surpresa nos personagens que geralmente os acompanham).
 
Bastam poucos minutos de navegação e lá estão eles berrando, quase saltando da tela para agarrar a atenção do internauta. Num mundo altamente poluído como o do webjornalismo, especialmente aquele que busca audiência por meio do Facebook e demais redes sociais, a hipérbole ganha seu porto seguro. Não cabem, nesse ambiente, verbos silenciosos, daqueles que se contentam em informar.
 
Natural que assim fosse durante a pré-campanha e a corrida eleitoral. Porém, a disputa acirrada, especialmente no segundo turno da eleição presidencial que deu mais quatro anos de mandato a Dilma Rousseff, deixou sequelas que vieram para ficar. Benéfico seria se a polarização tivesse como herança maior politização e engajamento, mas, ao contrário, o ringue das redes sociais só tem rebaixado o nível das discussões e contaminado as demais mídias e plataformas.
 
Para ser ouvido em meio aos insuportáveis decibéis da rede mundial, o grito torna-se cada vez mais necessário. A análise política ponderada, tenha viés esquerdista, direitista, centrista ou qualquer outro, literalmente não consegue brigar no MMA dos cibermilitantes hospedados em blogs, sites e canais de vídeo – alguns, remunerados; outros, inocentes úteis; há ainda aqueles sinceramente motivados do desejo de participar do debate político.
 
O ciclo se fecha quando a “velha mídia” reproduz, ainda que envergonhadamente, o mesmo modelo do meio digital, enxergando nele seu último bote salva-vidas. Dessa forma, a poluição sonora das “mídias alternativas” torna-se tão ensurdecedora que não resta alternativa ao leitor/ouvinte/internauta senão tapar os ouvidos ou fechar os olhos em nome da própria sanidade – ou admitir que o Facebook nos deixou burros, muito burros demais.
 
Há quem defenda que esse “novo jornalismo” (que, pelo menos na linguagem, de novo não tem nada, vide a acidez da crônica política da monarquia e início da República no Brasil) tenha o lado bom, que é romper o monopólio das grandes empresas, democratizar a produção e, consequentemente, pluralizar as fontes de informação. Assim seria se, por trás desses veículos ditos alternativos não estivesse, na maioria dos casos, os mesmos e velhos interesses viciados de sempre.
 
P.S.: Todos os títulos citados acima são reais e foram retirados de sites e blogs informativos. 
 

Comentários

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  • 18.05.2015 15:44 Nathalya Otzi

    Ótimo artigo. Romper monopólios, democratizar e pluralizar é impossível enquanto o modelo de educação atual (sem acesso à informação, que não ensina autonomia) permanecer, na minha opinião. Mas aí, meu caro.. não são nem "outros quinhentos", são "outros mil" pelo menos! rs

  • 15.05.2015 11:28 Letícia

    A imprensa já tomou partido de certas coisas há muito tempo. Veja o caso daquele travesti que quase matou uma senhora e mordeu a orelha de um policial mas os jornais meteram a hashtag somos todos verõnica simplsmente porque se trata de travesti. Isto é ridículo! Agora criminoso não pode ser travesti, negro ou pobre? Criminoso é quem comete crimes, independente da cor ou gênero e quem prende não está sendo preconceituoso e sim seguindo a lei.

  • 13.05.2015 22:59 Cássia Fernandes

    Muito bem observado, Rodrigo. Tenho fechado meus olhos para essa linguagem hiperbólica, superlativa.

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