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Declieux Crispim é jornalista, cinéfilo inveterado, apreciador de música de qualidade e tudo o que se relaciona à arte. / declieuxcrispim@hotmail.com

Cine Qua Non

Deus, família e pátria em Bellocchio

Por Declieux Crispim | 27.02.17 - 19:32 Deus, família e pátria em Bellocchio 'Sangue do Meu Sangue' está em cartaz na mostra O Amor, a Morte e as Paixões (Foto: divulgação) 
Goiânia - Certamente o grande destaque da décima edição da mostra O Amor, a Morte e as Paixões é a trinca de filmes do genial Marco Bellocchio, o mais importante cineasta italiano em atividade, composta por De Punhos Cerrados (1965), Sangue do Meu Sangue (2015) e Belos Sonhos (2016). Tive o prazer desmesurável de presenciar a exibição de seu primeiro longa-metragem na telona em uma bela versão restaurada sob a supervisão do próprio diretor. Assisti a muitos filmes no cinema ao longo de minha vida, mas, possivelmente, esta obra-prima deve ocupar a segunda posição, atrás somente de Laranja Mecânica (1971), de Stanley Kubrick. E olhe que vi grandes filmes de Ingmar Bergman, Robert Bresson, Clint Eastwood, Glauber Rocha, John Carpenter...
 
A crueldade absurda que perpassa em seu debute, faz-se presente em Sangue do Meu Sangue (2015), que promove uma crítica mordaz à igreja, à sociedade e ao machismo que condiciona as relações sociais. A lei cristã condena bruscamente aquele que comete suicídio ressaltando que não há lugar no reino dos céus a quem pratica tal ato. Durante o século XVII, no auge da dominação cristã, Federico Mai viaja ao monastério em Bobbio, na Itália, para impedir que seu irmão, um pároco do local que se suicidou, seja enterrado como anticristão.
 
Sua incumbência é a de convencer a freira Benedetta, com a qual seu irmão teve um relacionamento amoroso, a confessar seus pecados para que a alma do falecido possa ser salva. Bellocchio alça uma bela obra como uma espécie de uma homenagem ao pecado como forma de resistência em uma sociedade mesquinha, impregnada de dogmas obtusos. Federico passa a se sentir atraído e é atormentado por tentações em um jogo de sedução imposto pela freira.
 
É impressionante o quão assustador é erguida uma atmosfera lúgubre, soturna, melancólica, imbuída de fortes tintas que conferem uma atmosfera de horror à película e que deixa uma porrada de filmes de terror contemporâneos no chinelo, ao mesmo tempo em que a luz reflete belamente na pele dos atores por meio de uma fotografia estonteante. O momento em que a freira é lançada ao rio para que ela assuma ser uma bruxa é acachapante e expressivo.
 
Um salto e o filme passa a apresentar os dias atuais, em que um milionário russo pretende adquirir o imóvel onde no passado era o convento. No local, vive um conde com características vampirescas e que deseja preservar a história e o local, uma metáfora da perpetuação do poder. Apesar de ser um excelente filme, não está entre os melhores do diretor, mas é suficiente para despertar atenção e ser considerado um dos melhores filmes do ano em que foi lançado, o que ressalta o nível de excelência de sua obra.
 
Confira o dia e horário de exibição do filme na mostra O Amor, a Morte e as Paixões, em Goiânia:
 
Quarta-feira (1º/3) 22h25
 

Comentários

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  • 10.04.2017 14:40 Daniela

    Desperta a vontade de assistir, como sempre, excelente! Parabéns!

  • 27.02.2017 21:48 Flávia

    Excelente como sempre! Desperta a vontade de assistir todos os filmes. Parabéns!

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Declieux Crispim é jornalista, cinéfilo inveterado, apreciador de música de qualidade e tudo o que se relaciona à arte. / declieuxcrispim@hotmail.com

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