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Declieux Crispim
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Declieux Crispim é jornalista, cinéfilo inveterado, apreciador de música de qualidade e tudo o que se relaciona à arte. / declieuxcrispim@hotmail.com

Cine Qua Non

O Escândalo do Século

| 01.05.17 - 11:05 O Escândalo do Século (Foto: divulgação)
 
Goiânia - O esplendoroso cinemascope enlevado a uma paleta de cores exuberantes que exala sensualidade e beleza a serviço de uma construção de um grandioso filme do excepcional Richard Fleischer. O Escândalo do Século (1955), uma história baseada em fatos reais, esboça uma odisseia de sensações movida pelo ciúme doentio do jovem e telhudo Harry Kendall Thaw (Farley Granger) que se apaixona perdidamente pela modelo Evelyn Nesbit (Joan Collins), uma mulher de uma beleza desconcertante de tirar o fôlego. Entretanto, Evelyn sente uma forte atração por Stanford White (Ray Milland), um arquiteto mais velho e bem-quisto que passeia pelos mais requintados círculos sociais.

Os olhares penetrantes quando Stanford percebe a presença de Evelyn prenuncia a chama ardente de uma paixão desvairada que mexerá profundamente com seus sentimentos e sua dualidade devido ao fato de ele ser um homem casado. Todavia a atração pela beleza da moçoila se torna inevitável e a cruel dúvida entre se aventurar ou reprimir seus sentimentos são arquitetados brilhantemente por um mestre como Richard Fleischer. Os cortes são precisos, e evitam a pieguice.

Evelyn tinha 16 anos quando os olhares se cruzaram e os sentimentos fervilharam desde então. No intuito de seduzi-la, Stanford White a convida para seu apartamento de luxo sob o pretexto de fotografá-la. Há uma cena antológica que nasce deste encontro em que ela utiliza de um balanço para compor uma cena em que a sensualidade irrompe de modo espetacular. Deste encontro, surge um beijo tenro entre os dois e a paixão cresce entre ambos.

No entanto, White se recusa a se divorciar e Evelyn acaba por se casar com Harry Kendall Thaw. Outrora doce e afável, Thaw é suplantado por um enorme ciúme e se torna mais e mais possessivo. Ele demonstra um sentimento cada vez mais doentio ante a relacionamentos anteriores de sua esposa, sobretudo, seu envolvimento com White. Consumido pela cegueira, e não podendo mais conviver com o pensamento de que o arquiteto deflorou a jovem e bela Evelyn, Thaw, em mais um momento marcante do filme e da carreira do diretor, adentra o salão de um teatro e vai ao encontro de White, tudo em um ritmo bem cadenciado e permeado por uma escrita de câmera fabulosa do mestre Richard Fleischer, e dispara três tiros à queima-roupa decretando a morte do arquiteto.

A perdição por amor em seu irrefreável movimento, a beleza que encanta e que move os personagens em busca do preenchimento de suas vidas. Não é a primeira, e não será a última vez que um caso como este ocorrerá. Faz parte da natureza humana apaixonar-se e lutar contra isto não é nada fácil. Ao longo dos séculos, o comportamento humano é dimensionado por suas vontades que são indissociáveis e que representam o âmago e suas eternas contradições. Richard Fleischer transporta para a tela um retrato brilhante da psique humana imerso em um belíssimo e trágico romantismo.
 
 

Comentários

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  • 06.05.2017 04:20 Marlon Giorgio

    Caro Declieux Crispim, muito bom seria eu rever esse Richard Fleischer de 1955, que não existe em DVD - uma lástima. Mas bem me lembro de ter gostado bastante numa reprise nos cinemas, ficando mais uma vez enfeitiçado pela beleza de Joan Collins. Foi a estréia dela num contrato com a Fox, logo após ter feito "Terra do Faraós" para o Howard Hawks e ter antes cumprido carreira modesta em filmes ingleses. Vale lembrar que os três personagens centrais foram evocados ainda em "Na Época do Ragtime", de Milos Forman, no início dos anos 80, mas num contexto mais genérico. E, como sempre, gostei muito de sua crítica, me relembrando muita coisa do trabalho do talentoso e algo subestimado Fleischer. Um abraço e que viva essa "garota do balanço vermelho" !

  • 01.05.2017 12:17 Flávia Carelli

    Que texto bem escrito, excelente como sempre!

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