Já faz mais de ano que Goiânia (ou será o país?) tornou-se a cidade das caçambas. É fácil ver mais de uma a cada esquina – literalmente. Há muitos prédios sendo construídos, muitos condomínios renovando suas portarias e fachadas e muita gente reformando sua casa ou apartamento. Várias casas sendo demolidas, também.
Segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO), grande parte do entulho resultante dessa grande atividade ainda vai parar nos lugares mais errados, como beiras de córregos e lotes baldios, o que representa um enorme dano – ambiental e urbano. Mas a maioria das empresas de caçamba, que fornecem o serviço de recolher o resíduo de construção civil, não admite esse desleixo, é claro. Diz que leva tudo pro aterro de Goiânia, que fica em Trindade.
Outra parcela informa que dá uma destinação “correta”, levando para uma pedreira desativada em Aparecida de Goiânia. Eles dizem que recuperam a área degradada, cobrindo-a com o entulho. Na aparência, até pode parecer uma boa ideia. Contudo, de acordo com o biólogo Rogério César, perito ambiental do MP-GO, seria necessário o acompanhamento de um engenheiro para garantir que o depósito irá resultar em um solo seguro para ser usado posteriormente. Se não, corre-se o risco de o terreno “recuperado” ser vendido para a construção civil. “E aí as casas com certeza vão rachar”, diz Rogério.
Mandar pro aterro também não é legal, porém é claro que é bem melhor do que deixar largado em qualquer lugar. Mas então... como garantir que seu entulho não será despejado no meio do caminho? Pedro Baima, gerente de resíduos sólidos da Amma (Agência Municipal de Meio Ambiente), informa que todo caçambeiro deve ser licenciado pelo órgão. Exigir a comprovação desse licenciamento pode ser a primeira medida para o cidadão tomar. A segunda é solicitar que a empresa lhe forneça um documento chamado Controle de Transporte de Resíduo (CTR). Nele, deverá constar o local a que o entulho foi destinado.
E por que enviar o material pro aterro não é bom? Primeiro, porque é um baita desperdício, já que o entulho pode servir a diversos fins – como a fabricação de blocos ou meios-fios de concreto, agregado para reboco e outros. Segundo, porque encurta brutalmente sua vida útil. Afinal, 50% dos resíduos sólidos de uma cidade são compostos por entulho de construção.
Assim, reciclá-lo é a melhor solução. Encontrei uma empresa que faz isso em Goiânia – e, se alguém conhecer outras, peço que me conte. Chama-se Renove, sua usina está em Aparecida e a partir da semana que vem ela produzirá, com os 8 mil m3 de entulho que possui no pátio, agregado para base de pavimentação.
Há quatro caçambeiros que trabalham com a Renove, todos com preços similares aos das demais empresas: Limp Entulho (3259-7676), Entulhos Goiânia (3581-3911), Goiás Entulho (3255-8530) e Tira Entulho (3095-6565). Só não consegui falar na Goiás Entulho. Liguei como possível cliente às outras três, e na verdade precisei perguntar se levariam o resíduo para a Renove. Caso contrário, dariam outra destinação (o aterro ou a pedreira). Novamente, vale pedir o CTR para garantir.
O que todos dizem é que só aceitam levar o chamado resíduo classe A – isto é, tijolo, bloco, telha, placa de revestimento, argamassa, concreto etc – que pode ser reutilizado ou reciclado, conforme a Resolução 307/2002 do Conama. Esse tipo de resíduo constitui 90% do entulho de construção, o que significa que, reciclando-o, deixaríamos de gerar muito lixo.
Comurg
Para o pequeno gerador, que produza no máximo 2 m3 de entulho, existe a opção de pedir o recolhimento pela Comurg (Companhia de Urbanização de Goiânia). Esse volume corresponde mais ou menos a uma parede de 2,5 por 5 metros. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, o resíduo é reaproveitado pela prefeitura, por exemplo, na contenção de erosões ou na produção de brita. Para obter mais informações ou pedir a retirada do material, o telefone é 3524-8555.