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Elisa A. França
Elisa A. França

Jornalista formada pela UFG, especializada em comunicação ambiental, com passagem pelo Greenpeace e pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). / eafranca@gmail.com

Ambiente Urbano

O setor Pedro e suas árvores

Em busca de um bairro com sombra na calçada | 09.03.12 - 17:40

Hoje cedo acordei com o intuito de visitar um bairro que observei outro dia, da sacada de um edifício no Jardim Goiás. Meu desejo era registrar o que parecia ser um dos últimos setores arborizados de Goiânia – o Pedro Ludovico. Chegando lá, encontrei algumas vias (ou trechos de) preciosas. Afinal, onde mais se vê uma avenida toda protegida pela sombra de flamboyants plantados em fileira no meio da ilha, como na alameda Mario Caiado?
 
Mas concluí que tratava-se de mais um local árido e quente da capital. A não ser por exceções, como a Mario Caiado e até mesmo a Leopoldo de Bulhões, que sai da Jamel Cecílio. Os flamboyants ali ainda são pequenos, mas já dão uma boa refrescada na vida dos passantes, sejam motoristas ou pedestres.
 
Há também quintais e algumas esquinas com grandes árvores, como sete copas e mangueiras. Uma moradora, com quem me deparei se escondendo debaixo de sua sombrinha, me levou a sua casa para mostrar suas plantas, sua mangueira, o pé de carambola, o de romã e o de limãozinho caiano. Tomei até suco dessa frutinha – nova pra mim. Como outros habitantes da vizinhança com quem conversei, há uns 40 anos ela mora no bairro. Que, inclusive, já foi lar para o escritor mineiro-goiano Carmo Bernardes. “Daqui do alto da Macambira despejo minha alma pelos telhados de Goiânia...” Macambira é o antigo nome do setor.
 
Olhando agora pelo Google Maps, vejo que grande parte do verde que ainda resta ao bairro tem os dias contados. É justamente a margem do córrego Botafogo, cujo destino está traçado pelos planos da gestão municipal: virar asfalto, dando continuidade à marginal. E dando seguimento ao massacre que a lógica do automóvel particular exerce sobre nossos bairros e  nossa cidade.

(Crédito das fotos: Elisa A. França e Paulo Paiva)


Comentários

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  • 14.03.2012 12:50 José Maria e Silva

    Nasci no Setor Pedro Ludovico e passei a infância sob abacateiros e mangueiras, que ocupavam quase todos os quintais do bairro. Com o tempo, as famílias foram crescendo, os filhos casando, e a necessidade de construir barracões para abrigar a prole levou a desertificação dos quintais. Restaram as árvores de algumas ruas, como as que você tão bem registra. Entre elas essa belíssima alameda, pela qual, quando vou a Goiânia, adoro passar. Pena que nem consigo usufruir direito de sua paz e beleza. Sofro antecipadamente pelo dia em que essas árvores serão cortadas para dar lugar a algum projeto arquitetônico insano, como o que destruiu a Avenida Universitária.

  • 14.03.2012 12:47 José Maria e Silva

    Nasci no Setor Pedro Ludovico e passei a infância sob abacateiros e mangueiras, que ocupavam quase todos os quintais do bairro. Com o tempo, as famílias foram crescendo, os filhos casando, e a necessidade de construir barracões para abrigar a prole levou a desertificação dos quintais. Restaram as árvores de algumas ruas, como as que você tão bem registra. Entre elas essa belíssima alameda, pela qual, quando vou a Goiânia, adoro passar. Pena que nem consigo usufruir direito de sua paz e beleza. Sofro antecipadamente pelo dia em que essas árvores serão cortadas para dar lugar a algum projeto arquitetônico insano, como o que destruiu a Avenida Universitária.

  • 12.03.2012 02:20 LUCAS JORDANO

    Prezada Elisa, Vejo pelas fotos que a maior parte das árvores cortadas pela prefeitura são exemplares de Monguba (Pachira aquática Aubl.). A prefeitura de Goiânia está querendo extinguir essa espécie da região, o que é uma pena, pois além de ser uma árvore bastante frondosa, é muito resistente ao clima local. Alguns desorientados insistem que ela é uma árvore africana, o que é um erro terrível. Ao contrário do que dizem, ela está em sua terra natal, pois é nativa das Américas Central e do Sul. Ocorre que ela não é imune a certas pragas que estão se alastrando facilmente em Goiânia. E, por isso, muitos exemplares estão doentes, o que fragiliza as raízes e as torna propensas à queda quando os ventos e as chuvas são muito intensos. Para evitar gastos com biólogos, pesticidas e reformulação dos canteiros onde as árvores dessa espécie estão plantadas, a prefeitura fez a opção simplista por literalmente eliminar o “mal” pela raiz. É lastimável. Mas o pior de tudo é ver que os planos da prefeitura são para trocar a arborização de sombra existente em Goiânia por uma arborização meramente ornamental. Vide o plano para a Avenida Universitária. Observe os dois links a seguir: http://2.bp.blogspot.com/-MjADbZJ8M1s/TtTcPQpgbCI/AAAAAAAAAJA/iMZsK4MIePA/s1600/ARBORIZA%25C3%2587%25C3%2583O003.jpg http://1.bp.blogspot.com/-tPQzKUQ7ruE/TtTcJsEc92I/AAAAAAAAAI4/BenoFyDFB6Y/s1600/ARBORIZA%25C3%2587%25C3%2583O002.jpg A única espécie de médio a grande porte especificada no projeto é a Quaresmeira, que apesar de fornecer certa sombra, possui copa muito baixa. E a presença delas no plano não significa que irão tratar bem esses exemplares. Em frente ao meu apartamento existia uma fileira de 4 quaresmeiras, mas a prefeitura, juntamente com os moradores, tratou de matar 2 delas, ora com podas excessivas, ora com pavimentação atroz, estrangulando o tronco da árvore e sufocando as raízes. De qualquer modo, em algumas épocas é necessário abaixar-se um pouco para escapar da copa, pois como falei, é muito baixa. Escolheram essa espécie para a Avenida Universitária pela coloração de suas flores, que varia do lilás ao roxo. Existem algumas espécies que aparecem no Cerradão ou em matas de galerias, que têm porte elevado, e copa frondosa, e poderiam ser mais exploradas pela prefeitura, tais como Aroeira, Cedro, Copaíba, Jatobá-da-Mata, Mutamba, Pajeú, Pequizeiro, etc. Evidentemente, algumas dessas espécies são grandes demais para ficarem próximas aos edifícios, mas seriam muito bem vindas aos canteiros centrais mais largos de algumas avenidas, ou às calçadas mais generosas. Entretanto, não posso dizer que essa arborização meramente ornamental que a prefeitura vem almejando para Goiânia seja plasticamente incoerente com o paisagismo arbustivo pré-industrial que ridicularmente existe por aqui, repleto de desenhos geométricos recortados em Pingos-de-ouro, com suas arestas vivíssimas mantidas assim com uso de muito dinheiro público. Coerente apenas no âmbito plástico, pois não há sentido em poupar despesas para manter espécies frondosas como a Monguba e, por outro lado, torrar dinheiro plantando, replantando, irrigando e podando, milhares de Pingos-de-ouro por toda a cidade. É uma questão de valores, de ditar o que se considera mais importante. E esses valores, para mim, estão há muito equivocados.

  • 12.03.2012 01:29 Maria Ângela Barbosa Franco

    Cara Elisa A matéria ficou ótima e as fotos com uma arte que só um ser de muita sensibilidade é capaz de registrar. Parabéns! Muita luz para você!... Maria Ângela. Go,12/03/2012.

  • 12.03.2012 11:44 anamaria

    Nossa, que delícia! Nós merecíamos muito mais ruas com essa arborização.

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