João Gabriel de Freitas
Mônica Parreira
Fotos: Randes Nunes
atualizado às 00h30
Serra Dourada (Goiânia-GO) - A torcida estava disposta para festa. Lotou o Serra Dourada e iniciou a noite amistosa com esta montagem "lado B" da seleção brasileira, somente com atletas que atuam no campeonato nacional, conforme a regra do Superclássico das Américas. Mas enfim, era Brasil e Argentina em campo e até mesmo o contestado Mano Menezes foi poupado nos momentos preparativos do evento e também no trasncorrer de boa parte da partida. Disposição para festa havia, mas a torcida precisou de um gol aos 47 minutos do 2º tempo, em cobrança de pênalti de Neymar, para voltar para casa aliviada. Se não foi esse o sentimento, ao menos uma pessoa entre as mais de 40 mil que estiveram no Serra respirou mais tranquilo depois da vitória por 2 a 1 sobre os hermanos: Mano Menezes.
Até então tratado com gentileza, Mano sentiu a bipolaridade da torcida ao tirar, aos 30 minutos do 2º tempo, o meia Lucas para a entrada do atacante Welington Nem, quando o empate por 1 a 1 parecia sem solução. A opção do técnico fez ecoar o coro de "Adeus, Mano!", além de pedidos de "Volta Felipão!". Foi salvo pelo toque de mão do argentino Desábato dentro da área, aos 47 minutos, quando o Brasil partia para o abafa final. Neymar assumiu a cobrança e bateu forte, no alto, próximo ao ângulo esquerdo do goleiro, sem chance para Ustari.
Até então, o segundo tempo do jogo havia sido apenas de experiências, mas sem qualquer eficácia. Além de Welington Nem, também foram a campo Thiago Neves, no lugar de Jadson, e Leandro Damião, na vaga de Luis Fabiano - que quase não concluiu a gol. Neymar seguia bem marcado e apesar de boas trocas de passes no campo argentino, era barrado pelo paredão hermano, que fez um jogo duro, mas sem violência. Maior velocidade de fato somente na primeira etapa, quando o Brasil foi supreendido com gol de Martinez e empatou, com cabeceio do corintiano Paulinho - uma cortesia do bandeirinha, que não anotou o impedimento.
Baque
Contando com o apoio da torcida, o Brasil iniciou o jogo acuando a Argentina no campo de defesa. Fazia boas triangulações no ataque, com Neymar, Jadson e Lucas, mas sem conclusão. Passou praticamente 19 minutos sem chutar a gol, e foi punido. Na primeira descida argentina, Martinez armou toda a jogada. Recebeu pelo meio próximo à área do Brasil e em velocidade tocou para a ala esquerda, recebendo de volta cruzamento rasteiro próximo ao gol. Com a canhota, dominou rápido e encheu o pé. O goleiro Jefferson praticamente nem se mexeu - 1 a 0.
O arquibancada sentiu um baque, à excessão dos pouco mais de 50 argentinos, que comemoravam em uma área reservada pela Polícia Militar. Aliás, com a lotação máxima do Serra, o cantinho hermano, perto das cabines de rádio, era o único local onde ainda restavam assentos, mas os que tentavam se aproximar eram rechaçados por policiais agressivos. Ignorâncias à parte, enfim, mesmo com o gol, não demorou para o torcedor canarinho (e trajando uniformes de times diversos), retomar o fôlego e novamente a empurrar a seleção.
Aos 20 minutos, Luis Fabiano conseguiu finalizar a primeira bola, mas por cima do gol, depois de cruzamento pela direita de Lucas Marques. Aos 25, vibração. Em cobrança de falta pela direita, Neymar mandou fechado e Paulinho, um pouco à frente dos marcadores, cabeceou livre para empatar - 1 a 1 e festa no Serra. Aos 36 minutos, mais uma boa chance, de novo com Luis Fabiano que recebeu passe na direita de Lucas, mas o atacante foi travado na hora da conclusão. Não era a noite do Fabuloso.
Sob a sobra de Felipão
As equipes desceram e voltaram dos vestiários sem alterações e as alternativas de Mano durante a segunda etapa não conseguiram mudar a equipe a ponto de levar a uma vitória convincente. Mas veio o pênalti e a precisão de Neymar para, ao menos, evitar um amargo 1 a 1 em nossa casa. As duas equipes agora finalizam o Superclássico das Américas, edição 2012, com jogo de volta na cidade argentina de Resistência, no dia 3 de outubro. Até lá, mais especulações sobre a competência (ou falta dela) de Mano Menezes e a sobra de Luiz Felipe Scolari, que se agiganta sobre sua cabeça.
FICHA TÉCNICA
2 BRASIL: Jefferson; Lucas Marques, Dedé, Réver e Fábio Santos; Ralf, Paulinho e Jadson (Thiago Neves) ; Lucas (Welington Nem), Neymar e Luis Fabiano (Leandro Damião).
Técnico: Mano Menezes.
1 ARGENTINA: Ustari; Lisandro (Vergini), Sebá Dominguez e Desábato; Peruzzi, Maxi Rodriguez, Braña, Guiñazu e Clemente Rodríguez; Martinez e Barcos.
Técnico: Alejandro Sabella.
Local: Estádio Serra Dourada. Data: 19 de setembro. Árbitro: Carlos Amarilla (Paraguai). Auxiliares: Rodney Ubaldo Aquino e Carlos Santiago Caceres (Paraguai). Cartão amarelo: Paulinho, Neymar. Gol: Martinez, aos 19 min; Paulinho, aos 25 min do 1º tempo. Neymar (pênalti), aos 47 minutos do segundo tempo.
48 min - Fim de jogo no Serra. Com gol impedido de Paulinho no primeiro tempo e pênalti convertido por Neymar aos 47 do 2º tempo, Mano respira ainda no cargo da seleção brasileira. A Argentina chegou a marcar o primeiro em um Serra Dourada lotado, com Martinez, mas a virada veio no sufoco. Antes amigável, a torcida chegou a perder a paciência com o técnico da seleção, aos 30 do segundo tempo, depois de Mano sacar Lucas do time e colocar Welington Nem. O coro "Adeus Mano!" e "Volta Felipão" foi estrondoso. No entanto, com a vitória, o técnico parece aliviar mais uma vez.
Brasil e Argentina voltam a se enfrentar novamente, pelo Superclássico das Américcas, no dia 3 de outubro, desta vez em solo argentino, na cidade de Resistência.
47 min - Gol do Brasil! Neymar assume a cobrança e manda no ângulo, sem chance para o goleiro Ustari
47 min - Pênalti para o Brasil. Depois de pressão na área argentina, Desábato toca com a mão e árbitro Carlos Amarilla (Paraguai) anota penalidade.
35 min - Depois de terceira substituição, torcida inicia o coro "Adeus Mano" e grita também o nome de Felipão.
30 min - Terceira mudança no Brasil. Sai Lucas para entrada de Welington Nem
26 min - Gol do Brasil, mas bandeirinha anota impedimento de Paulinho, que finalizou bem depois de chute prensado de Leandro Damião.
23 min - Mais uma mudança na seleção de Mano. Luis Fabiano vai para o banco e entra Leandro Damião.
17 min - Primeira mudança no Brasil. Sai Jadson para entrada de Thiago Neves.
1 min - Tem início o segundo tempo no Serra Dourada do Superclássico das Américas. Equipes voltam sem mudanças
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46 min - Fim do 1º tempo no Serra. Hermanos saíram na frente com Martinez, mas Brasil igualou com Paulinho
36 min - Dobradinha tricolor no ataque brasileiro. Lucas entra em direção à área argentina em velocidade, atrai a marcação de dois defensores e toca na direita para Luis Fabiano, que é travado na hora do chute.
25 min - Gol do Brasil! Paulinho, de cabeça, aproveita falta cobrada por Neymar e deixa tudo igual aos 25 minutos de jogo.
20 min - Primeira finalização do Brasil, mas por cima do gol. Luis Fabiano aproveita cruzamento da direita de Lucas Marques mas chuta sem precisão
19 min - Gol da Argentina! Martinez cala o Serra Dourada e abre o placar no primeiro ataque argentino, aos 19 minutos de jogo. Depois de rápida descida pela esquerda, a bola foi cruzada rasteira para a área e Martinez concluiu de canhota, de primeira.
15 min - Brasil faz boa movimentação no ataque, mas ainda não chutou a gol. Argentina segue se defendendo
8 min - Primeira boa triangulação do ataque brasileiro, coordenada por Neymar, que depois de tabelar com Paulinho e Jadson na intermediária, tenta passe longo para Luis Fabiano. Zaga argentina consegue cortar.
1 min - Rola a Bola no Serra Dourada
Pré-jogo
O Serra Dourada começa a formar em sua arquibancada uma grande massa colorida de torcedores vestindo a camisa canarinho, além de uma gama infinita de uniformes de times goianos e nacionais. Trajes de Goiás, Vila Nova, Atlético e até mesmo Anápolis são vistos circulando em torcedores que demonstram empolgação com a seleção. Apesar da fase conturbada, não houve vaias a Mano Menezes no momento em que a seleção entrou em campo para o aquecimento. O atacante Luis Fabiano foi o único jogador a ter o nome gritado em coro pela torcida, que até o momento se mostra amistosa e mais interessada em festa do que em questionar o trabalho da seleção.
Argentinos também marcam presença no Serra, mas não muitos. Cerca de 50 torcedores tem espaço reservado logo abaixo das cabines de rádio e tem a segurança garantida por equipes da Polícia Militar.