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Toctao Engenharia

Canteiro de obra se transforma em sala de aula

Parceria garante estudo a trabalhadores | 24.01.13 - 17:22
 
Goiânia - As férias estão chegando ao fim para grande parte dos estudantes, mas no canteiro de obras da Toctao Engenharia isso está sendo diferente. Trabalhadores da construção correm atrás do tempo perdido e cursam as aulas do ensino fundamental e médio após o expediente de trabalho em sala de aula no refeitório da obra. O recesso de final de ano durou apenas poucos dias.
 
A proposta de educação para jovens e adultos nos canteiros de obras, em prática pela Toctao Engenharia em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI), visa facilitar e incentivar a ida do trabalhador da construção civil no acesso à educação. Ao finalizar o expediente, o servidor não precisa se deslocar até a escola, já que a mesma está dentro da obra.
 
Na obra do empreendimento Viva Sudoeste, 16 alunos compõem as turmas de Ensino Fundamental e Ensino Médio, como é o caso do servente Raimundo dos Santos, 25. Ele saiu do Maranhão há quase três anos para buscar oportunidade de trabalho na capital goiana, e agora, aproveita a oportunidade de concluir os estudos para quem sabe, poder conseguir uma promoção. “Saímos cansados do trabalho e, poder tomar um banho e ter as aulas aqui, na obra, facilita muito. Não sei se animaria voltar aos estudos se precisasse ir para uma escola longe do meu local de trabalho”, conta.
 
Os irmãos Jodean e Josedan Lopes dos Santos, serventes de 27 e 25 anos, também preenchem os bancos do refeitório transformado em sala de aula. Na cidade do interior em que moravam, só havia escola de nível fundamental e por isso, pararam na antiga 8ª série. Jodean conta com orgulho que apesar do cansaço só faltou uma única vez a aula, por motivo de saúde, e diz que vai aproveitar ao máximo a oportunidade. “Quem sabe eu não consigo algo melhor com mais estudo”, diz esperançoso.  O irmão, Josedan, completa: “Com estudo, é mais fácil ter oportunidades de trabalho e crescimento”. Ele também ressalta que o que tem dado “dor de cabeça” é a matemática. “Não gosto de números. Minha matéria preferida é o português”, revela.
 
Um levantamento feito pelo IBGE mostra que em 2002, quase dois terços dos ocupados no setor da construção civil, não havia concluído sequer o ensino fundamental (tinham menos de oito anos de estudo). Apenas 36,1% tinham chegado ao ensino médio. Em 2010, o número de pessoas com mais de oito anos de estudo chegou a quase metade dos trabalhadores (47,8%). Atualmente, um quarto dos trabalhadores do setor tem 11 anos ou mais de estudo (26,6%). Outra boa notícia é a redução progressiva do analfabetismo. Entre 2002 e 2010, data da pesquisa mais recente sobre analfabetismo entre os trabalhadores, a quantidade de analfabetos caiu de 8,0% para 5,0% do total.
 
Lygia Borges, responsável pela área de Recursos Humanos da empresa, conta que o projeto pode facilitar a contratação e aproveitamento dos funcionários dentro das próprias obras. “Muitos colaboradores têm experiência, mas não têm a escolaridade exigida para o cargo pretendido. Com essa oportunidade, muitos poderão crescer dentro da própria empresa”, diz.
 
Lygia conta que a maior dificuldade encontrada no projeto é fazer com que os alunos não desistam antes de concluir o supletivo. “É uma rotina cansativa, passar o dia todo trabalhando e continuar na obra, quando poderia simplesmente voltar para casa. Quando alguém desiste, nós vamos atrás para conversar, entender os motivos e incentivar ressaltando a importância dos estudos no mercado de trabalho”, conta.  “No final do ano letivo de 2012, fizemos uma homenagem pública a todos os trabalhadores que participam do projeto. Fizemos um lanche especial na obra e entregamos a cada um deles um cartão parabenizando pelo empenho e determinação ao longo do ano.”
 
A professora Kellen Candini compartilha da mesma opinião de Lygia e revela que o número de alunos cursando é positivo. “Trabalho com EJA há muitos anos, mas aqui na obra é diferente. Ficamos muito próximos, sentimos o cansaço deles a cada dia e é uma satisfação muito grande chegar ao final de um módulo e ter mais da metade dos alunos que iniciaram, sabendo que a evasão é o maior problema da educação de adultos”, afirma.
 
 Até o vigia noturno Ademilton Ribeiro, 33, encontrou na escola da Obra Viva Sudoeste o incentivo que faltava para voltar a estudar e concluir, inicialmente, o ensino fundamental. “Fiquei feliz quando a empresa permitiu que eu participasse também”. Ademilton conta que já teve dificuldades de conseguir uma vaga de emprego, em função da baixa escolaridade. “Quero terminar os estudos e fazer o meu melhor. Vou buscar crescer e ser um exemplo de profissional”, diz.  No projeto, o Sesi fornece, além  dos professores, material didático, uniformes e lanches.

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