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Entrevista

"Vamos lutar para o governador entrar na área federal”, diz Nion Albernaz

Ex-prefeito critica administração do PT | 15.04.15 - 10:51 "Vamos lutar para o governador entrar na área federal”, diz Nion Albernaz (Foto: Leandro Coutinho)
Sarah Mohn
 
Goiânia – Era início de noite na última segunda-feira (13/4) quando a equipe do jornal A Redação foi recebida por Sissi e Xuxa no apartamento do ex-prefeito Nion Albernaz, no setor Oeste, em Goiânia. As duas poodles do peessedebista, uma de 4 anos de idade e a outra de 10, só interromperam os latidos e permitiram nossa entrada quando o ex-prefeito apareceu na porta da cozinha. Utilizando seu calmo e característico tom de voz, pediu a elas que se aquietassem. Obedientes, assim o fizeram.
 
Acomodamo-nos em uma das salas de decoração clássica do apartamento, juntos ao vereador Thiago Albernaz (PSDB), neto de Nion, que acompanhou a entrevista. Sissi no colo e Xuxa deitada aos pés do ex-prefeito, guardiãs em prontidão. Já sentado na poltrona de madeira maciça, o prefeito questiona a relevância da entrevista, alegando estar distante do debate político: “Eu saí há muito tempo. Agora é o Thiago quem tem muito a falar”.
 
Apesar da postura resguardada, Nion Albernaz é uma das vozes mais respeitadas do PSDB em Goiás. Conselheiro político do governador Marconi Perillo, ele é formado em Economia pela UFG, em Engenharia Civil pela PUC-GO e foi três vezes prefeito de Goiânia (1983-1985, 1989-1992 e 1997-2000), além ter sido eleito vereador, em 1956, e deputado federal, em 1986.
 
Nesta quarta-feira (15), Nion completa 85 anos de idade. As comemorações tiveram início no domingo, quando a família se reuniu para um almoço. Hoje, no período à tarde, os parentes mais próximos se encontrarão novamente, dessa vez para um lanche no apartamento do tucano.

“Nós já abrimos mão várias vezes para apoiar aliados, mas agora basta”

Nesta entrevista ao AR, Nion faz um balanço das atuais gestões na capital goiana, no Estado e em âmbito federal, discorre sobre o projeto nacional do governador Marconi Perillo, avalia a carreira política do neto, tece considerações a respeito da disputa pelos diretórios municipal e estadual do PSDB e afirma que a legenda precisa ter candidato à prefeitura de Goiânia em 2016. “Nós já abrimos mão várias vezes para apoiar aliados, mas agora basta.”
 
Confira abaixo a íntegra da entrevista:
 
Jornal A Redação: Quinze anos após sua saída da Prefeitura de Goiânia, como o senhor avalia a atual administração municipal?
Nion: Eu nunca gosto de fazer avaliação de prefeito. Por um fato muito simples, nós temos os institutos de pesquisa. E os institutos de pesquisa refletem realmente o que a população pensa. É importante não ouvir a opinião de uma pessoa, mas a média de pensamento da população.
 
AR: Algumas pesquisas apontam recorde de rejeição na avaliação do prefeito Paulo Garcia.
Nion: Eu lamento. Porque quanto pior for a administração dele, mais a cidade é desprezada, mais a população sofre os problemas da má administração e aquela cidade que é o sonho de todo goianiense, de todo goiano, uma cidade bonita, alegre, que realmente atenda bem aos visitantes, essa está num passado muito distante. Essa nós não estamos assistindo. Isso é lamentável.
 
AR: Goiânia retrocedeu do ano 2000, quando senhor deixou a prefeitura, para cá?
Nion: Eu acho que não retrocedeu por conta da população, a população sempre caminha para frente. Agora, eu acho que nós temos que ter mais cuidado com a cidade. Eu acho que a cidade precisa mais de atenção, mais de carinho, porque isso é o atendimento do povo. O povo gosta da cidade bonita, limpa, que é bem cuidada. Por isso, eu reclamo por parte da população. A qualidade dos serviços que são prestados à população.
 
AR: Quais serviços estão deficitários em Goiânia?
Nion: Limpeza pública, coleta de lixo e saúde pública que não atende adequadamente a população.

 
 
(Foto: Leandro Coutinho)

AR: E a questão da mobilidade urbana?
Nion: Isso é muito importante. Uma cidade que não consegue fazer o planejamento do seu trânsito, do transporte coletivo está agredindo a população. Eu acho que nós estamos hoje vivendo uma situação caótica. O trânsito da cidade não é bom e sistema coletivo é reclamado por todos os usuários.
 
Thiago Albernaz: Infelizmente, o que temos visto de maior falta nessa gestão é o planejamento de ações. Ações de improviso, que não vão melhorar nem sancionar nenhum problema, principalmente quando se trata de mobilidade. É uma estrutura viária que precisa ser planejada em conjunto.
 
AR: Há quatro eleições municipais, o PSDB perde ou não disputa a prefeitura em Goiânia. O que falta ao partido para que vença na capital?
Nion: Nós vamos ter agora um candidato competitivo, com chances de ganhar. A cidade é quem perde com isso, porque está nas mãos de pessoas que não têm condição de fazer planejamento para a cidade. O que eu tenho visto é planejamento para permanecer no poder, mas não um planejamento para melhorar as condições das pessoas que moram na nossa cidade.
 
AR: Quais características o candidato do PSDB deve ter para se viabilizar?
Nion: Ter gestão. Ele tem que saber governar tendo uma gestão eficiente. Gestão é tudo o que envolve a cidadania, tudo aquilo que dá às pessoas a cidadania a que elas têm direito.
 
AR: Nesse caso, é mais viável o partido apostar em um candidato que já passou pelo crivo das urnas ou em alguém que tem perfil de eficiência em gestão?
Nion: O que importa são as pesquisas que são feitas. Primeiro, entre os próprios peessedebistas, que devem avaliar, através de conversa com a população, aquele (candidato) que representa melhor os interesses dela. Segundo, feito isso, temos de elaborar um projeto que atenda aos anseios do povo.
 
AR: O senhor aprova os nomes cotados até agora, dos deputados Delegado Waldir e Giuseppe Vecci e do presidente da Agetop, Jayme Rincón?
Nion: O nome deve vir do povo. Aí o partido é que se adapta à população, e não o contrário. A população não pode se adaptar ao partido.
 
Thiago: O momento agora não é de discutir nomes, é de discutir bandeiras. Uma plataforma partidária, nesse momento, é que precisa ser discutida. O nome será aquele que se encaixar à demanda da sociedade e à demanda do partido. Aí nós teremos um candidato.
 
AR: Então o PSDB vai lançar candidato?
Nion: Com toda certeza. (O PSDB) É o maior partido que nós temos em Goiás. Nós já abrimos mão várias vezes para apoiar aliados, mas agora basta. Nós devemos ter um candidato que atenda aquilo que o povo reclama: cidadania.
 
AR: Na disputa pelo Diretório Municipal de Goiânia, o nome do Rafael Lousa é consenso? O senhor o aprova?
Nion: Eu não sei se é consenso. Eu acho que o Rafael é um rapaz competente, que comunica muito bem e ele seria um excelente presidente do partido, principalmente nessa virada, em que esperamos ter um candidato que vai vencer as eleições (para a Prefeitura de Goiânia).
 
AR: Vereador, o senhor concorda?
Thiago: Sim, acho que Rafael representa uma mudança na estrutura partidária. É uma cabeça nova, é um jovem dedicado, fiel ao PSDB.


“Pode ter certeza que outros nomes vão surgir”,
diz Nion sobre disputa pelo diretório estadual do PSDB
 
 
AR: Quanto ao Diretório Estadual do PSDB, qual nome agrega mais dentro do partido: Alexandre Baldy ou Delegado Waldir?
Nion: Pode ter certeza que outros nomes vão surgir. Estamos no início do processo. Nós temos que ouvir também o interior, não basta só ouvir os políticos da capital. A maioria dos deputados sai do interior. A maioria é eleita pelo interior.

AR: Ex-prefeito, como o senhor avalia a saída da senadora Lúcia Vânia do PSDB?
Nion: Olha, é uma hipótese. Então, vamos aguardar os acontecimentos. Não vamos discutir hipóteses. Eu conheço muito a Lúcia Vânia, gosto muito dela, é uma boa senadora, trabalha muito bem para o Estado de Goiás. Se ela sair, eu sentirei muito.
 
AR: Caso ela realmente saia do partido, o senhor acha que o PSDB deva reivindicar o cargo dela?
Nion: Nós não queremos que ela saia. A perda de qualquer político de um partido faz falta. Mas se for questão de foro íntimo, o que podemos fazer?
 
AR: Sobre o governo federal. O senhor corrobora com as declarações do presidente nacional da legenda, Aécio Neves, de que a presidente Dilma Rousseff enganou os eleitores?
Nion: O PT não tem programa em favor do Brasil, nem do Estado nem do município. Aqui, não temos um programa para melhorar a cidade. Quando eu embelezava a cidade, eu tinha um objetivo: transformar Goiânia numa cidade turística. Aí você me diz, “mas aqui não tem mar”. Pois Paris também não tem, e no entanto é a cidade que mais atrai turistas. Nós temos turismo de negócio, que pode perfeitamente se encaixar dentro da cidade.
 
“Nós vamos lutar para ver se o governador entra na área federal”, afirma ex-prefeito
 
AR: Marconi Perillo é um nome forte para disputar a Presidência da República?
Nion: Eu gostaria muito que ele se encaixasse nessas condições. Em nível nacional, temos vários nomes. Goiás ainda não tem uma projeção capaz de impor, como São Paulo, que pode impor o governador (Geraldo) Alckmin. Agora, nós vamos lutar para ver se o governador entra na área federal. Eu estarei disposto a trabalhar, pois tenho consciência de que ele vai somar a favor do Brasil.
 
AR: O senhor foi um dos defensores das Organizações Sociais (OSs) para a área da saúde. Elas também são o caminho ideal para a Educação?
Nion: Eu defendi as OSs e trabalhei a favor da melhoria. Tanto é que as OSs do Estado de Goiás são todas reconhecidas pela ONA (Organização Nacional de Acreditação) como empresas de excelência. Agora, o problema da Educação é um pouco diferente, porque nós temos de conversar com um público muito maior. Não só com os médicos e enfermeiros, mas agora desde estudantes, professores, todo um contexto. Eu mesmo ainda estou estudando a possibilidade... É possível termos OSs na Educação? Eu não falo nem que sim, nem que não. Eu não concluí ainda o trabalho.

AR: O senhor está com 85 anos de idade e há 14 anos não disputa cargos eletivos. Também do seu partido, cito o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que hoje está com 84 anos e, desde 2003, se abstém das disputais eleitorais. Como o senhor observa figuras públicas em idade avançada que continuam à frente do embate eletivo, como é o caso, por exemplo, de Iris Rezende?
Nion: Eu não avalio a posição do Iris, avalio a minha. Eu acho que no tempo certo eu fiz o que eu pude a favor da cidade que eu representava, das pessoas que me elegeram. Hoje, eu acho que não faria melhor do que foi feito. E, por isso, eu simplesmente me basto. Eu não preciso tentar uma nova eleição para mostrar... Mostrar o quê? Eu fui três vezes prefeito. Eu não tenho que provar mais nada.
 
 
 
(Foto: Leandro Coutinho)
 
“Tenho certeza de que Thiago vai ser muito melhor do que fui como prefeito”
 
 
AR: O senhor defende a abertura de espaço para novos nomes?
Nion: Eu acredito que a nova geração vem aí e vai continuar o trabalho que nós fizemos. Eu coloco muita esperança no Thiago, porque ele é um moço com ideias novas, com vontade de trabalhar e isso é o bastante. Você tem que ter vontade de oferecer seu trabalho à população. E essa vontade o Thiago tem. Por isso, se eu não me candidato, eu vou ter alguém da família para me representar. E acredito que ele como prefeito vai seguir as mesmas orientações que eu segui quando fui prefeito.
 
AR: O Thiago está preparado para disputar a prefeitura em 2016?
Thiago: Não (risos). Não vamos interpretar dessa forma.

Nion: O político tem que amadurecer. O Thiago está amadurecendo. Pode ter certeza, no momento adequado, quando ele se sentir em condições, ele disputará. E eu tenho certeza de que ele vai ser muito melhor do que fui, porque ele vai administrar num novo tempo.
 
Thiago: A responsabilidade agora ficou grande. Administrar melhor do que ele? (risos).

Comentários

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  • 15.04.2015 14:05 Epaminondas

    O PSDB quer lançar candidato a prefeitura de Goiânia para aumentar a linha auxiliar à presidente Dilma — vide sua visita e o lambe-botas do Marconi lhe puxando o saco. Poderia desejar ao menos um PSDB estadual e municipal mais coerente com o federal, mas o titubeante Aécio me dá descrença. O PSDB em Goiás é apenas uma versão evangélica/policial do PMDB. Pelo menos, Nion teve a grandeza de abrir espaço para novos nomes - pena que não surgiram. Diferente do PMDB, aonde Iris não larga o osso.

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