Goiânia - Sabe quando você enjoa de uma roupa, um calçado ou um acessório? Aquele momento em que você olha no espelho e não gosta da imagem refletida? Pois bem, nesta vida, mais do que objetos, nós costumamos nos enjoar de pessoas e situações.
É isso mesmo que você leu. Nós, seres humanos, temos uma facilidade imensa em enjoar e deixar pra lá quem não nos serve mais. Somos capazes, da noite para o dia, de abandonar uma situação que, até pouco tempo, nunca pensamos em abandonar.
Pare e pense em quantas vezes você já pensou que algo ou alguém seria "eterno" na sua vida? Que todas as vezes que você quisesse esta pessoa ou situação estariam ali, prontos, de braços abertos, a te esperar? Tenho certeza de que se você realmente fez este exercício de reflexão, você descobriu pelo menos uma dezena de vezes em que isso aconteceu.
Mas com o passar do tempo o encanto se foi, ou como diz a música "o que era vidro se quebrou". Quantos amigos você acreditou que seriam pra vida toda, e por algum motivo estão esquecidos no seu passado? Quantas promessas de estar sempre ali, para o que der e vier foram quebradas, simplesmente porque a convivência não é mais a mesma?
Desculpe, mas a distância não é motivo para se afastar. Quem quer se comunicar arranja um jeito. Ainda mais hoje em dia que temos internet, telefone, e até a velha carta. Ah, não podemos esquecer daquela velha história quando você encontra um conhecido na rua e diz "vamos marcar algo" e a pessoa responde "vamos sim". Quantas vezes estas "marcações" realmente aconteceram?
É fato que com o passar dos anos, a maturidade, a gente vai mudando, selecionando mais. Mas é incrível como cada vez mais pessoas são descartadas. E os motivos são os mais banais. Isso sem contar quando nem quem descarta nem quem é descartado sabe o real motivo.
Quando a gente ama mesmo alguém, e não estou falando aqui apenas de amor de casal não, estou falando de amor de família, de amigos, a gente é capaz de se reinventar para continuar a convivência. O amor possui uma força descomunal e uma capacidade inesgotável de se reinventar.
Por isso, antes de jogar alguém pro canto e descartar como você descarta um caderno velho, um celular que não lhe serve mais, tente realmente todas as formas de amar para ter certeza de que esta pessoa realmente não se encaixa mais na sua vida.
Eu entendo, e compreendo, que em alguns casos é melhor se afastar do que viver brigando. Mas lembre-se sempre de que quando você descarta alguém, você também é descartado. E na boa, você não quer ser a última bolacha do pacote, toda quebrada e jamais disputada.

*Fabrício Santana é jornalista com especialização em Comunicação e Multimídia pela PUC Goiás