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Goiânia - Este ano comemora-se o centenário de Ariel Ramirez, o compositor argentino apaixonado pela música folclórica e que universalizou o idioma de sua terra natal como língua litúrgica ao escrever a “Misa Criolla” entre os anos de 1963 e 1964, graças ao Concílio do Vaticano II de 1962, que autorizava a missa de rito romano ser simplificada e celebrada em língua vernacular, ou seja, sem utilizar palavras de idiomas estrangeiros. É uma missa que passeia geograficamente pela Argentina com seus diferentes ritmos e danças, sendo escrita para tenor, coro misto, instrumentos andinos, percussão, cravo ou piano.
Ariel Ramirez compôs o Kyrie em Tucumán, com o ritmo baguala-vidala; o Glória teve inspiração dos Andes, com o carnavallito yaraví; já o Credo é de Santiago de Estero, com a chacareira trunca; o Sanctus é de Cochabamba, com o carnaval cochabambino, e o Agnus Dei de La Pampa, em estilo pampeano. Além disso, Ramirez utiliza os seguintes instrumentos indígenas: o charango (violão latino-americano pequeno), o bombo (tambor argentino) e a quena (flauta andina).
O estilo desta missa está dentro do folk latino-americano, que conquistou o mundo todo após as gravações de José Carreras e Mercedes Sosa, esta última, galardoada com o Grammy Latino em 2000 com a referida gravação. Mercedes Sosa esteve no Brasil em 2006 cantando esta missa no Memorial da América Latina em São Paulo, em concerto com concepção e regência do Maestro Martinho Lutero.
A “Misa Criolla’ vendeu milhões de discos ao redor do mundo. A inspiração para sua composição foi a história que Ramirez ouviu após a Segunda Guerra Mundial na Alemanha, quando estava estudando composição de duas irmãs que levavam comida escondida a judeus presos durante o nazismo. Talvez Ramirez também tenha feito a conexão do genocídio indígena em seu país, chamando, dessa forma, a atenção para as causas sociais e culturais locais. A “Misa Criolla” certamente é uma referência da música mundial.
Ariel Ramirez nasceu em Santa Fé a 4 de setembro de 1921 e faleceu em Monte Alegre, em fevereiro de 2010, na cidade de Monte Grande, província de Buenos Aires. Aos 24 anos de idade fazia concertos com repertório que privilegiava compositores que se inspiravam no folclore sul-americano. Como grande amigo de Atahualpa Yupanqui, seguiu vários de seus conselhos, como viajar para conhecer melhor compositores argentinos apaixonados pelos valores culturais locais. Em 1988, Ramirez foi eleito como o primeiro presidente latino-americano da Internacional Confederation for Authors and Composers Societies.
Este ano, em comemoração ao seu centenário, vários países estão preparando suas homenagens. Na Argentina, no famoso Teatro Colón, está agendada para o dia 22 de dezembro as apresentações das duas peças icônicas de Ariel Ramirez: Misa Criolla e Navidad Nuestra, com direção musical assinada pelo filho de Ariel Ramirez, Facundo Ramirez, que também será o pianista.
Em Goiânia, o centenário será comemorado com três concertos concebidos pelos professores da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás: Alexandre Gonçalves e Adriano Pinheiro. Alexandre Gonçalves será o Maestro e Adriano Pinheiro, solista. Além deles, participam o Coro da Graduação da UFG com os seguintes convidados:
Instrumentistas:
Marckus Rodrigues (violino), Roberto Matheus da Costa Negrão e Vinícius Milhomen Silveira (percussão), Felipe Soares (violão) e Andréa Luísa Teixeira (piano).
Coralistas: Sopranos: Marina Ribeiro de Oliveira, Ana Cláudia Souza Nunes, Ângela Samara Pereira Batista. Tenores: Samuel Martins, Yuri Rodrigues Ferreira da Costa Baixos: Clésio Machado Pereira, Guilherme Lima Nascimento, Ronan Albernaz de Oliveira, Rialdo Rodrigues Viana, Jorge Willian Galeas Chaveiro
Ariel Ramirez enfatizava que a “Misa Criolla” não deveria ser vista apenas como uma obra católica, mas como um sentimento de desejo de paz universal, onde todas as pessoas do mundo têm direito.
O Prof. Alexandre Gonçalves organizou, juntamente com o Padre argentino Rafael Magul, dois dos concertos beneficentes que acontecerão em Goiânia na Paróquia São Nicolau, onde o Padre é o responsável, e as doações, 2 kg de alimento não perecível, serão destinadas às famílias do Bairro Jardim Cerrado 4. O programa do concerto contará também com outras músicas do repertório natalino.
Serviço:
Dia 14 de novembro, às 19h, no Centro de Cultura e Eventos da UFG (Evento para convidados da Reitoria da UFG), Campus Samambaia
Dias 15 e 16, às 20h, na Paróquia São Nicolau, Av. República do Líbano, 1457.
Interpretações da “Misa Criolla”, com Ariel Ramirez ao piano e participação do Quarteto de los Andes. Regência de Janusz Dabrowski:
*Andréa Luísa Teixeira é pianista e pesquisadora da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás e pesquisadora-colaboradora do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical da Universidade Nova de Lisboa.
Um grande trabalho, um esforço enorme, uma eterna gratidão aos artesões dessa peça que nos proporcionam um espetáculo de singular beleza e bom gosto.
Eu faço meus cumprimentos por intermédio de Andréa Luisa Teixeira, pessoa que conheço e sei da dedicação, conhecimento e sobretudo da dedicação que ela dispensa aos seus trabalhos profícuos.
