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Um ralo invisível drena R$ 77 bilhões por ano das empresas brasileiras – 0,66% do PIB de 2024 –, pela combinação de perdas com presenteísmo e custos de reposição por turnover, segundo a 3ª edição da pesquisa Engaja S/A, realizada pela Flash em parceria com a FGV-EAESP. O relatório acende um alerta crítico: apenas 39% dos brasileiros estão engajados no trabalho, o menor patamar desde o início da série histórica em 2023. Essa desconexão generalizada se manifesta em um desejo latente de mudança: 60% dos trabalhadores já pensaram em pedir demissão este ano, e 64% chegaram a se candidatar a novas vagas.
O epicentro dessa crise, no entanto, pode estar onde menos se espera: na própria liderança. Embora ainda mais engajados que a base, foram os executivos que registraram a maior queda no índice, caindo de 72% para 65% em apenas um ano. Esse desengajamento no topo não é apenas simbólico; ele tem um custo financeiro direto – R$ 72,4 mil por executivo ao ano, segundo o estudo – e revela sinais de esgotamento preocupantes: 78% dos executivos e líderes intermediários enfrentam algum nível de ansiedade, e 74% relatam fadiga frequente.
Como especialista em educação para negócios, vejo esses números como um sintoma claro de líderes despreparados para os desafios da nova economia: gerenciar times híbridos, lidar com a IA e entregar resultados sob pressão. O paradoxo é que a solução pode estar em atacar os pontos mais frágeis da gestão atual. A pesquisa da FGV/Flash mostra que, em 2025, as "Boas Práticas de Gestão" (processos claros, regras justas) superaram a "Confiança na Liderança" como principal motor de engajamento. Ao mesmo tempo, "Capacitação e Desenvolvimento" (nota 3,42 de 5) e "Mobilidade Interna" (3,33 de 5) figuram entre os atributos com pior avaliação pelos trabalhadores.
Isso indica que investir em qualificação estratégica da liderança – ensinando-os a criar processos melhores e a oferecer desenvolvimento real – é o caminho mais direto para reacender a motivação. A solução passa por ir além de treinamentos pontuais e investir em requalificar esses gestores de forma profunda e prática, através de programas de alta performance que conectem a teoria com a aplicação real no mercado. É preciso reequipá-los com as competências que o século XXI exige: gestão ágil, inteligência de dados aplicada a negócios, liderança humanizada (capaz de criar segurança psicológica) e visão estratégica para implementar e gerenciar a IA.
A saída prática envolve um playbook claro: (1) requalificar líderes em gestão ágil, dados e segurança psicológica; (2) padronizar processos e critérios de decisão e reconhecimento; e (3) ampliar a flexibilidade onde ela realmente gera valor (modelo de trabalho, horários, benefícios – as práticas que o estudo mostra que mais engajam). É assim que se converte engajamento em menos presenteísmo e menos turnover, atacando diretamente o rombo bilionário que drena a produtividade das empresas brasileiras.
*Davi Braga é empreendedor e fundador da UNEED, ecossistema de educação digital com mais de 10 mil alunos em 12 países. É especialista em modelos de negócio escaláveis e na criação de programas de formação de alta performance que conectam a educação às reais necessidades do mercado de trabalho.