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José Abrão
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José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br

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‘Eles Vivem’ (infelizmente) permanece relevante

| 19.05.21 - 09:19 ‘Eles Vivem’ (infelizmente) permanece relevante (Foto: reprodução)Um dos melhores filmes de John Carpenter, Eles Vivem (They Live, 1988), finalmente entrou para o catálogo da Netflix. E o momento não podia ser mais oportuno. Sendo um dos meus filmes favoritos do cineasta, o revi com grande prazer. Porém, o clássico cult dessa vez deixou um gosto amargo em minha boca.
 
O filme acompanha um trabalhador chamado Nada, que vive em uma comunidade de moradores de rua e consegue um emprego na construção civil. Acidentalmente, ele consegue um par de óculos escuros que lhe permite ver a verdade: o mundo foi dominado por alienígenas.
 
Por trás da sua abordagem abertamente camp e do seu protagonista interpretado pelo lutador do WWE, Roddy Piper, temos um longa intrinsecamente de esquerda: a causa operária e da igualdade racial aparecem em cores simpáticas na trama, e o enredo central do filme não é apenas abertamente anticonsumo e anticapitalista, mas especialmente contra o neoliberalismo de Ronald Reagan.
 
Os óculos da verdade de Nada revelam os capitalistas e políticos como monstros. Em todo lugar ele enxerga suas diretivas: obedeça, consuma, compre.
 
É superficial e, ao mesmo tempo, cafona e hiperbólico. É até meio ridículo. Mas quantas coisas ridículas, cafonas e hiperbólicas viraram simplesmente parte do nosso dia a dia nos últimos anos?
 
Outro ponto importante, é que os opressores alienígenas se mantêm no poder graças à inação e colaboração humana: nós queremos ser ricos e poderosos como eles, mesmo que isto custe a vida e o bem-estar de todos ao nosso redor.

No final das contas, a principal mensagem deste filme Pulp é contra o individualismo que surfou a onda reacionária do final dos anos 1980 no hemisfério norte em oposição às ideias coletivistas e humanistas das décadas de 1960 e 1970.
 
É triste ver que, pouco mais de 30 anos depois, estamos na exata mesma posição. No terceiro ato do filme, Nada arruma uma espingarda e decide resistir, sozinho. A história não acaba bem pra ele. 


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José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br

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