Carolina Pessoni
Goiânia - Quem passa pela Praça Cívica, no Centro de Goiânia, vê ali bem no meio dela uma enorme escultura que acabou se tornando um símbolo da Capital: o Monumento às Três Raças. Com o nome oficial de Monumento à Goiânia, o local se tornou um dos cartões postais da cidade.
Não é para menos. A obra da artista Neusa Moraes pesa aproximadamente 300 quilos e possui sete metros de altura. A escultura foi colocada no centro da Praça Cívica, o marco inicial da construção da nova Capital do Estado.
O pesquisador do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Federal de Goiás (UFG) e engenheiro civil, Wolney Unes, explica que quando Attilio Corrêa Lima projetou Goiânia, ele descreveu no memorial do projeto que o ponto de encontro das avenidas Goiás, Tocantins e Araguaia era um ponto focal propício para a instalação de um monumento em homenagem à história da cidade. "Antes da instalação do Monumento às Três Raças, foi instalado um obelisco, ele fez essa proposta. Depois esse obelisco foi derrubado para dar lugar à escultura", diz.
Praça Cívica e o Monumento às Três Raças no centro (Foto: IBGE)
Inaugurado em 3 de novembro de 1967, o monumento é considerado a primeira escultura de livre expressão instalada em um espaço urbano da nova Capital. A obra é um tributo à raça brasileira. Conforme explica Maria Madalena Roberto Cabral e Maria Elizia Borges no trabalho "Monumento à Goiânia: outro olhar sobra sua trajetória", as três figuras levantando o marco simbolizam aqueles que ajudaram a construir a Capital.
O monumento, feito de bronze e granitina, também é chamado popularmente por outros nomes, como "Três Raças", "Monumento ao Trabalhador", "Monumento aos Construtores" e "Os Negrões". Representa a miscigenação de três raças - o índio, o negro e o branco - trabalhando na construção de uma cidade. Na estaca de granito que as estátuas de bronze erguem, está incrustado o brasão da cidade.
A idealização da homenagem a Goiânia foi do Rotary Club, mas os governos estadual e municipal foram parceiros nesse projeto. A ideia inicial da entidade era homenagear o imigrante, mas Neusa Moraes argumentou que seria importante também homenagear o negro e o índio, que também fizeram parte da história de Goiás.
Para definir a posição e o movimento de cada personagem no monumento, foi realizada uma sessão de fotos com “modelos” que eram professores da então Escola Técnica Federal de Goiás, hoje o Instituto Federal de Goiás. O objetivo não era reproduzir um tipo de corpo específico, mas orientar a artista autora da obra nas posições e estudo das musculaturas que desejava apresentar.
Foto utilizada como modelo para a criação do monumento (Foto: Reprodução/Goiânia do Passado)
O monumento foi inaugurado no dia 6 de julho de 1967, como parte das comemorações do Batismo Cultural da cidade. A solenidade contou com a presença do então prefeito de Goiânia, Íris Rezende; os presidentes do Rotary Goiânia e Rotary Goiânia-Oeste, Luiz Rassi e Elias Daher, respectivamente; o primeiro prefeito de Goiânia, Venerando de Freitas Borges; e da criadora da obra, Neusa Moraes.
Logo após a sua instalação, o monumento foi alvo de polêmicas e até mesmo de atos de vandalismo. Em 1997, os personagens foram retirados para passar por restauração no ateliê de Neusa. Foi aplicada uma camada de pátina no bronze e revestimento de granitina na coluna, além da instalação de iluminação especial na coluna e rampa de acesso para pessoas com deficiência.
Para Wolney Unes, o monumento não é uma homenagem somente diretamente a Goiânia, mas uma alegoria da construção do Brasil. "É uma alusão aos construtores do país - o nativo (índio) , o africano trazido para cá (negro) e o português (branco)."
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