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Café Tia Nair é cantinho de delícias e amor de família na Rua 4 em Goiânia

Local mantém clientela fiel há 20 anos | 27.05.22 - 17:57
Café Tia Nair é cantinho de delícias e amor de família na Rua 4 em Goiânia Foto: Letícia Coqueiro

Carolina Pessoni
 
Goiânia - Uma esquina charmosa, sombra gostosa e um café quentinho passado na hora. Para quem transita pela Rua 4, no Centro de Goiânia, é quase irrestível passar na frente do Café Tia Nair e não entrar para fazer um lanche, tomar uma xícara do puro café ou trocar dois dedos de prosa com a proprietária, que faz jus ao nome do estabelecimento.
 
Dona Nair de Oliveira Melo está à frente da cafeteria desde 2002, quando ela e o marido, seu Anival, voltaram dos Estados Unidos, onde moravam, e assumiram o negócio que um primo tinha montado. "Ele investiu, montou o café para um sobrinho cuidar, mas não deu certo. Quando voltamos para o Brasil meu primo falou 'vocês chegaram na hora certa' e, desde então, assumimos o negócio. Graças a Deus estamos aqui até hoje", lembra.
 
O começo, como a história de muitos empreendedores, não foi fácil. Dona Nair conta que o casal foi desacreditado por outros comerciantes quando começaram a administrar a cafeteria. Foi preciso conquistar e fidelizar a clientela, que inicialmente era de lojistas e frequentadores da região e, aos poucos, foi se estendendo.
 
"Quando pisamos aqui ouvimos de uma pessoa que éramos mais um casal para assumir um negócio que não ia dar certo, mas eu sabia do nosso potencial. Colocamos a nossa personalidade. Eu cuidava da cozinha, dos quitutes, e meu marido, do atendimento. Os primeiros clientes foram as pessoas das lojas aqui da região, depois os alunos de um colégio próximo passaram a vir para lanchar e almoçar, e levaram o café pra frente, com a propaganda para os pais e amigos", conta, saudosa.


Dona Nair (Foto: Letícia Coqueiro)
 
O sucesso era inevitável. O cheiro do café e das famosas quitandas encanta quem está dentro e fora da cafeteria, e a simpatia de Dona Nair é o acolhimento que conquista qualquer cliente. "Há 20 anos tocamos o negócio do mesmo jeito, com a mesma atenção com cada cliente que passa por aqui. Nosso lema é atender bem, falo isso pra todo mundo aqui. O cliente tem que se sentir especial, saber que estamos falando com ele de verdade."
 
Entre os quitutes, uma variedade imensa deixa qualquer um indeciso em frente à vitrine. De salgados apetitosos, como enroladinhos de queijo e salsicha, às tortas e recheados como o de bacalhau, às famosas e tradicionais quitandas, como pães de queijo, roscas, bolos e até os "importados" cinnamon roll e strudel de maçã. Entre as bebidas, sucos variados e, como não podia faltar, cafés e o famoso capuccino.
 
Casa de família
Dona Nair fala que a cafeteria é a extensão de sua casa. Mas isso não se deve só ao fato de que chega às 5 horas e vai embora às 17h30 todos os dias, ou às fotos dos familiares penduradas nas paredes mas principalmente à forma como leva o trabalho. "Aqui é minha sala de visitas. Vou de mesa em mesa, vejo se está tudo certo, converso um pouco, e não aceito que saiam sem se despedir. Onde já se viu uma visita sair da casa do anfitrião sem falar tchau?", brinca Dona Nair.
 
E como uma extensão de sua casa, não poderia faltar a família no apoio ao negócio. Dos quatro filhos, três atuam de alguma forma na cafeteria. "Dois moram nos Estados Unidos. Minha filha que está lá é a responsável pelo marketing da cafeteria. Aqui tenho o apoio da Simone, que é psicóloga e deixa de atender todos os dias pela manhã para vir aqui ajudar no que for preciso, e da Angélica, que foi bancária muitos anos e agora cuida da parte administrativa."


Pilar central do café tem o nome de todos os familiares de Dona Nair (Foto: Letícia Coqueiro)
 
Dona Nair conta que a presença das filhas foi fundamental para melhorar ainda mais os serviços oferecidos no café. As novidades do cardápio e até mesmo dos itens decorativos são fruto das ideias das herdeiras. "Elas trouxeram uma visão mais atualizada e isso deu um up na cafeteria. Durante a pandemia, por exemplo, passamos a fazer cestas com nossos produtos e acho que foi isso que não deixou o negócio morrer nesse período tão difícil. Pelo contrário, fez foi aumentar o público, porque muita gente passou a conhecer nosso trabalho", elogia.
 
E, para Dona Nair, são os valores familiares que sustentam o negócio e mantêm a clientela fiel. Gratidão, respeito e amor ao que faz são sempre recorrentes na fala da empresária, que trata os clientes com amor fraternal. "Naquele pilar ali estão escritos os nomes de toda minha família: filhos, genros, netos, além do meu e do meu marido. É o maior símbolo do café. A família sustenta e os mesmos valores que temos em casa, empregamos aqui", diz.
 
Clientes fiéis
Com duas décadas de atuação no mesmo endereço, a clientela foi fidelizada pelas delícias e também pela simpatia dos proprietários. "Eu recebia aqui aluno do ensino médio que hoje já tem doutorado, já é casado, traz os filhos. Muita gente que foi morar fora e quando vem ao Brasil faz questão de vir matar a saudade. Isso dá muito orgulho pra gente", conta a empresária.
 
O consultor Rodrigo Rodrigues é um desses clientes que mantém a tradição de tomar um café com a Tia Nair. "Eu venho aqui há 18 anos. Aprendi a tomar café aqui nesse espaço, conheci porque estudava aqui perto. Às vezes não tinha tempo para voltar em casa, então a gente sempre procurava lugar para almoçar", diz.


Rodrigo Rodrigues é cliente há 18 anos (Foto: Letícia Coqueiro)
 
Rodrigo ressalta que a cafeteria sempre foi, para ele, como "a casa de uma tia". "Sempre foi um ambiente divertido. Ela e o esposo sempre faziam piadinhas com a gente e acho que o mais gostoso desse café é o carinho com que ela trata a gente desde sempre, além das quitandas deliciosas", brinca.
 
Mesmo não estando no Centro todos os dias, o consultor não deixa de passar na Tia Nair para tomar um capuccino e comer um pão de queijo, sua combinação favorita. "Ela cria um laço de família com a clientela. Ela dá conselhos, dicas de casamento, é um clima muito gostoso de Goiânia."
 
História de amor
Para Dona Nair, mais que o investimento financeiro, o que alavancou o negócio foi o amor tanto pelo trabalho quanto entre o casal, que fundou o negócio. Há quatro anos, infelizmente, seu Anival faleceu e, desde então, ela passou a tocar o café sozinha.
 
"Tem cliente que não conseguiu mais vir aqui depois que ele se foi. Alguns vêm e choram, outros contam histórias dele, porque ele era uma pessoa muito boa, cativante. Hoje eu não sofro mais, aprendi a lidar com a dor da separação, mas sinto falta, sinto saudade. Ao mesmo tempo, sinto muito a presença dele aqui, no dia a dia, na força que eu tenho para continuar", relata, emocionada.


Seu Anival e Dona Nair (Foto: Letícia Coqueiro)
 
Dona Nair diz ainda que a história da cafeteria é a história de sua vida, já que sempre trabalhou com o marido. "Foi bom demais, trabalhamos a vida toda juntos e nunca tivemos problema. É minha vida aqui, minha história de amor."
 
E a mineira criada em Anápolis que foi parar nos telões da Times Square, em Nova York, pretende continuar a escrever essa história por muito tempo. Aos 74 anos, diz que não pensa em se aposentar. "Vou trabalhar até quando eu der conta, paro só quando eu não aguentar mais. A história que eu contei aqui hoje é só o prefácio e esse livro tem muitos capítulos ainda para eu escrever", diz.


Comentários

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  • 28.05.2022 12:05 Valéria

    História linda que tenho muito orgulho de fazer parte. Muito obrigada pelo carinho com que foi escrita esta matéria.

  • 27.05.2022 19:54 Angelica

    Linda reportagem! Retratou exatamente como é! Uma história de amor e muito trabalho .

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