Carolina Pessoni
Goiânia - A região central de Goiânia, além de contar a história do nascimento da nova capital, guarda ativos trabalhos de preservação do Cerrado. Na esquina do cruzamento da Avenida Cora Coralina com a Rua Dr. Olinto Manso Pereira, no Setor Sul, um dos principais símbolos dessa luta está em exposição para quem passa pelo local: o lobo-guará do Instituto Rizzo.
O animal taxidermizado está na área externa do instituto para ser admirado por qualquer transeunte. A obra é do artista plástico Siron Franco e foi finalizada em 2004, quando foi instalada no local.
O fundador e presidente do conselho administrativo do Instituto Rizzo, Leonardo Rizzo, conta que a ideia da obra foi do próprio Siron Franco, ao ver o animal taxidermizado pelo professor José Hidasi, renomado taxidermista e colecionador de espécies. "Quando Siron viu o lobo conservado, teve a ideia de preservá-lo em um bloco de resina, uma espécie de cápsula do tempo onde a espécie teve seu DNA preservado para a eternidade", lembra.
Fundador do Instituto Rizzo e presidente do conselho administrativo, Leonardo Rizzo (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
Leonardo diz que, na época da fundação do Instituto Rizzo, nos anos 2000, o lobo-guará era um animal extremamente ameaçado de extinção, vítima de queimadas, atropelamentos e toda a degradação do seu habitat natural. "Esse exemplar que conservamos, por exemplo, foi atropelado na região de Alto Paraíso de Goiás, um dos maiores parques do nosso cerrado", conta.
Assim, sendo um animal endêmico e considerado um dos símbolos do bioma, o Instituto Rizzo decidiu adotá-lo como sua marca oficial. "A escolha pelo lobo-guará foi uma unanimidade entre eu, o Siron e o Washington Novaes, os fundadores do instituto. A logomarca foi feita pelo Siron, com tipografia exclusiva para a instituição", ressalta Leonardo Rizzo.
Marca do Instituto Rizzo, feita por Siron Franco (Foto: Reprodução)
Para fazer a obra "Lobo-Guará", foram utilizados mais de 1500 litros de resina acrílica, num trabalho lento e minucioso. "Foram mais de 120 dias até que ficasse tudo pronto. A resina tinha que ser colocada aos poucos, para que o lobo ficasse suspenso na estrutura. Siron fez tudo com muita paciência e detalhadamente para que ficasse perfeito", conta Leonardo Rizzo.
A peça, que pesa cerca de 1,5 tonelada, ainda é protegida por uma estrutura de metal e vidro. Um acidente, entretanto, quase arruinou o símbolo do instituto, como lembra Leonardo. "Em 2011 a obra foi atingida por um carro e, por muito pouco, não foi completamente destruída. Superamos isso, foi um acidente, mas a resina ficou com trincados que não são possíveis de serem consertados, infelizmente."
A diretora executiva do Instituto, Gabriela Rizzo, afirma que o lobo se tornou esse símbolo a partir da pauta da conscientização sobre a preservação dos animais e das espécies do Cerrado. "O Siron traz muito disso nos trabalhos dele e acho que a ideia de colocar em um bloco transparente é exatamente de eternizar aquela espécie e eternizar a riqueza da fauna e flora do nosso bioma, usando como metáfora o animal incrustado na resina", diz.
Diretora executiva do Instituto Rizzo, Gabriela Rizzo (Foto: Divulgação)
Gabriela ressalta, ainda, a importância de expor o animal numa região tão movimentada, como a central de Goiânia. "Como o Instituto Rizzo foi criado visando atuar nas causas culturais e ambientais de Goiás, o Lobo-Guará criado por Siron acabou se tornando o símbolo do próprio instituto, visando chamar a atenção de todos para a importância de preservarmos nosso Cerrado."
Para Leonardo, o lobo-guará e o Instituto Rizzo têm mais em comum do que se imagina. "Os dois são guardiões do Cerrado, lutam pela preservação desse bioma tão importante e tão grandioso e imponente. Estamos, o lobo e o instituto, na mesma intenção, de ter o Cerrado conservado em sua magnitude", encerra.