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Augustus Hotel guarda 60 anos de histórias e memórias no Centro de Goiânia

Empreendimento está localizado na Rua 4 | 03.05.24 - 10:10
Augustus Hotel guarda 60 anos de histórias e memórias no Centro de Goiânia Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
Carolina Pessoni
 
Goiânia - Quem passa pelo cruzamento da Rua 4 com a Avenida Araguaia, no Centro de Goiânia, já se acostumou a ver uma construção imponente no endereço. Em frente a uma pequena praça está localizado um dos mais antigos e tradicionais hotéis da Capital, o Augustus Hotel.
 
O empreendimento nasceu do sonho de um escrivão de cartório, José D'Alcântara Costa. Formado em Direito, não chegou a exercer a profissão, mas atuou no Cartório de Registro de Imóveis Augusto Costa, em Trindade, junto com pai, que era o titular. Em 1957, casou-se com Elaine Alves e teve quatro filhos: José Augusto, Ana Cristina, Beatriz e Marcelo. Com suas economias financeiras adquiridas com o trabalho como cartorário, adquiriu o lote do hotel por volta de 1960.
 

José D'Alcântara Costa é o fundador do Augustus Hotel (Foto: Arquivo pessoal)
 
"Foram quatro anos até conseguir inaugurar o hotel. Eram 45 apartamentos e um salão de festas em um prédio de três andares, que é mantido até hoje", conta Ana Cristina Costa, filha de José D'Alcântara e atual gestora do hotel.
 
O nome do hotel, ao contrário do que muitos pensam, não foi escolhido em homenagem ao pai de José, Augusto Costa, conforme explica Ana Cristina. "Quando meus pais se casaram, passaram a lua de mel em um cruzeiro que foi para a Argentina e o nome do navio era Augustus. Meu pai ficou com aquele nome na cabeça e, como ele era descendente de italiano, gostou e escolheu para nomear o hotel."
 
A festa de inauguração do Augustus Hotel foi um grande evento na jovem Goiânia. Entre os convidados estavam Juscelino Kubitschek e o então governador Otávio Lage, além de outros políticos da época que aproveitaram os dois dias de comemoração.
 

Inauguração do Augustus Hotel contou com presença de personalidades em dois dias de festa (Foto: Arquivo pessoal)
 
O salão de festas do hotel era um dos mais requisitados da cidade para realização de eventos. "Realizamos muitos aniversários de pessoas da alta sociedade goianiense, mas o que ficou muito marcado na nossa história foi a série de desfiles de moda que aconteciam aqui. Recebemos convidados ilustres, como Clodovil Hernandez e Dener Pamplona Abreu, estilistas requisitados na época", lembra Ana Cristina.
 
Em 1970, José D'Alcântara iniciou a construção da segunda fase do hotel. Os recursos para continuar a edificação de seu sonho ainda provinham do trabalho como escrivão do cartório em Trindade e a obra se estenderia por mais um longo período.
 
O sonho de José, entretanto, teve um gosto amargo com uma tragédia que se abateu sobre sua família. Sua filha Beatriz, de 9 anos, sofreu um acidente quando brincava na própria construção do hotel e teve uma queda acidental do segundo andar. A menina, de apenas 9 anos, não resistiu aos ferimentos e faleceu a caminho do hospital.
 

Obras do Augustus Hotel; ao fundo é possível ver a torre da Catedral de Goiânia (Foto: Arquivo pessoal)
 
"Foi um momento difícil, mas meu pai não abandonou a obra. Foram cinco anos até levantar a segunda fase do hotel, com dez andares e mais 72 apartamentos, que foi inaugurada em 1976", diz Ana Cristina.
 
No ano seguinte, José e Elaine se separaram e o hotel passou a ser gerido por mãe e filhos. Elaine era sócia investidora com 50% do negócio e os outros 50% eram dos filhos.
 
 

 
José D'Alcântara morreu em junho de 1983, vítima de uma endocardite bacteriana após um tratamento dentário. "Foi tudo muito rápido. Ele estava em uma viagem para Portugal, quando começou a se sentir mal. Voltou ao Brasil e já se internou no Rio de Janeiro, a primeira cidade brasileira em que o voo parou, onde faleceu", conta a filha.
 
Terceira fase
Com a morte do pai, os filhos assumiram a gestão do hotel. Ana Cristina, que tinha formação em Administração de Empresas, buscou cursos de hotelaria e organização de eventos para entender melhor o negócio e dar continuidade àquele que era o grande sonho do pai.
 
Com o auge dos eventos em Goiânia, buscou-se um novo nicho para explorar, como uma forma de captar clientes na área corporativa. Com isso, foram ampliadas as opções de salas para reuniões, totalizando seis, que possuem layout com capacidade de 20 a 220 pessoas. O salão de festas, que recebeu grandes eventos da sociedade goianiense, passou a ser uma sala que comporta até 200 pessoas sentadas.
 

Imagem aérea do hotel entre os anos de 1970 e 1980 (Foto: Arquivo pessoal)
 
"Sempre pensamos na melhoria do conforto para nossos hóspedes. Nossa ideia não é passar de 3 para 4 estrelas, mas ser o melhor 3 estrelas do Centro da cidade, com preço da diária mais em conta e alta rotatividade", explica a gestora.
 
Para isso, há 15 anos foi firmada parceria com uma rede de hotéis para a administração do negócio. A família continua proprietária do imóvel e participa da parte financeira. 
 
"A parceria com a rede tirou o desgaste da administração familiar, porque o dia a dia fica com pessoas da área hoteleira. Fazer parte de uma rede facilitou e modernizou a gestão, mas para não perder o controle financeiro, no nosso caso, a família participa dos pagamentos e sabe para onde estão indo os gastos", sublinha Ana Cristina.
 

Escada original do hotel, com piso em granitina, foi mantida (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
 
Para ela, esse modelo de gestão traz inúmeras vantagens, como acompanhamento do mercado, concorrência e divisão de gastos. "Com a rede conseguimos valorizar ainda mais nossos colaboradores. Temos pessoas que trabalham conosco há mais de 30 anos, para se ter uma ideia. Com o estabelecimento de metas e bonificação por produtividade incentivamos o bom atendimento e garantimos a satisfação de nossos clientes", afirma.
 
E o contentamento é visível pelas notas de avaliação nas plataformas de reservas. "O cliente do Augustus quer uma boa internet, boa cama, bom chuveiro e bom café da manhã, e nós oferecemos tudo isso com o valor de diária mais baixo. Ao longo desses 15 anos de parceria com a rede fizemos muitos investimentos em melhorias, reformamos banheiros, quartos. E as obras nunca terminam, temos a programação de mudar a fachada ainda este ano", revela Ana Cristina. 
 
A gestora conta que, mesmo com as dificuldades de levar o negócio, o desejo é que ele se mantenha na família. "Foi nosso pai que criou o hotel, que chegou a ser um dos mais cotados da cidade. Era o sonho dele e ele conseguiu realizar. Já tivemos propostas de venda, chegamos a pensar em aceitar, mas aí desistimos."
 

Quartos são amplos e permitem acomodação de até quatro pessoas (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
 
Ana Cristina acredita que o Centro ainda é uma das regiões mais importantes da cidade e afirma que, com bons investimentos, o local poderá voltar a ter o movimento que já teve em outros tempos. "A vida inteira a gente via meu pai falando do Centro, que é onde está o cliente. Ele dizia que Goiânia ia crescer descoordenadamente e a região teria uma fase difícil, mas que depois as pessoas voltariam a valorizar e a gente tem isso como ensinamento. A gente crê que vai melhorar, temos pensamento positivo nessa tendência de recuperação", avalia.
 
Para ela, o Centro representa a sua vida e a história de sua família. "Chegamos a morar em um prédio do lado do hotel, que atualmente faz parte dele. A gente tem muito orgulho do meu pai e dessa história que ele construiu."


 

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