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Bar Viracopos fideliza gerações de clientes há quase 30 anos em Goiânia

Estabelecimento está localizado no Setor Oeste | 16.08.24 - 08:54
Bar Viracopos fideliza gerações de clientes há quase 30 anos em Goiânia Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
Carolina Pessoni
 
Goiânia - A visão de um casal, um insight marcante e quase três décadas de sucesso no Setor Oeste, região central de Goiânia. Assim nasceu e se consolidou o Bar Viracopos, um dos mais tradicionais da capital goiana. 
 
Fundado por Elba Viegas Machado e Iron Carneiro Junior, o empreendimento foi idealizado durante uma viagem a São Paulo no início dos anos 1990. Na capital paulista, o goiano viu diversos estabelecimentos especializados em café e decidiu abrir um semelhante em Goiânia.
 
"O Iron ficou apaixonado pelo café expresso, achou aquilo incrível. Então, resolveu abrir um café em Goiânia na Rua 18, no Setor Oeste. Mas ele não contava com um detalhe: ninguém tomava café expresso, porque aqui a tradição é do coado. Ninguém gostava, achavam caro, então o negócio não foi pra frente", relembra Elba.
 
O chamado Café e Companhia, então, foi transformado em uma lanchonete. Para fidelizar a clientela, quitandas e salgados foram acrescentados ao cardápio do estabelecimento, que abria as portas logo no início da manhã para atender os clientes que trabalhavam nas redondezas.

E foram os próprios frequentadores que sugeriram que o casal também começasse a vender espetinhos no fim da tarde. Então, em 1995, a lanchonete passou a funcionar em dois turnos, com Elba cuidando do estabelecimento durante o dia e Iron responsável pelo atendimento da noite.
 

Viracopos começou com a venda de espetinhos no fim de tarde (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
 
Após poucos meses, com a rotina pesada de trabalho quase ininterrupto, o casal optou por manter apenas o funcionamento noturno. A clientela que frequentava a lanchonete se manteve e migrou para o espetinho, que começava a se consolidar como um patrimônio goianiense.
 
Foi então que o Café e Companhia precisou mudar de nome. "Como mudamos de segmento, era necessário um novo nome. Em uma conversa sobre esse assunto com meu marido, surgiu a ideia de 'Viracopos'. Quando falei, ele se encantou com a sonoridade e ali ficou resolvido que era assim que o bar iria se chamar", conta Elba, orgulhosa do feito.
 
A empresária afirma que, naquela época, a cidade não tinha muitos bares, principalmente nos bairros. "Era tudo mais centralizado, então conseguimos fidelizar muitas pessoas que já eram nossos clientes desde quando abrimos a lanchonete", ressalta.
 

Clientela fiel garante o sucesso e tradição do bar (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
 
Em 1996 foi preciso mudar de endereço e o Viracopos se fixou na rua 25-B, no mesmo bairro e próximo ao local original. Os clientes foram comunicados e não deixaram de frequentar o bar com a transferência para a nova localização.
 
O cardápio, que era baseado em espetinhos e caldos, foi aumentando. Novamente, a partir de pedidos de clientes, foram acrescentados outros itens, como a empada que Elba fazia desde a lanchonete e era um sucesso entre os frequentadores.
 
Quatro anos depois, uma nova mudança. Desta vez com menos impacto, já que o bar se transferiu apenas para o imóvel ao lado. "Aqui na esquina tinha uma boate que deu um 'boom' no bar. Depois abriu outra em frente e aí queriam abrir mais uma do nosso lado. Então corremos e alugamos a casa antes, para não prejudicar nosso negócio", explica a proprietária do bar.
 
 

 
Desde 2000 o Viracopos está fixado no mesmo local, mantendo sua tradição de boteco e de negócio familiar. O que era um empreendimento do casal agora conta com um dos filhos na sociedade e na administração do estabelecimento. Iron, por sua vez, decidiu passar mais tempo na roça. 
 
Filho do casal, João Paulo Viegas Carneiro diz que começou a trabalhar no bar aos 8 anos de idade. "Eu cresci aqui. Meu pai não deixava que eu mexesse com bebida alcóolica, mas meu trabalho era pegar a comanda do garçom e entregar para ele o refrigerante. Eu ganhava R$ 2 por isso", conta aos risos.
 
Ele lembra que sempre ajudou os pais ao longo do tempo, mas sem a pretensão de que isso se tornasse também o seu ganha-pão. Fez faculdade de Engenharia e atuou na área, mas resolveu voltar às origens e trabalhar no negócio da família.
 

Mãe e filho, Elba e João Paulo Viegas são os proprietários do Viracopos Bar (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
 
O problema foi o período em que fez essa escolha. "Decidi trabalhar, de fato, aqui no bar em 2020, uma semana antes de ser declarada a pandemia de covid-19. Foi um período muito desafiador, mas de muito aprendizado", afirma.
 
João Paulo explica que hoje ele e a mãe tocam o bar e trabalham em conjunto. "Sempre decidimos tudo em dupla. Eu procuro trazer inovações, mas sempre discuto com ela para que a gente não perca a origem, que é a essência do Viracopos."
 
Para o "engenheiro-dono-de-bar", a localização do estabelecimento é um grande diferencial. "Estamos em uma área tradicional da cidade. O Viracopos é frequentado por políticos, advogados, juízes, e isso agrega para a nossa história. Tem gente nova, de idade, de esquerda, de direita, heterossexual, homossexual... Aqui é um espaço democrático, onde todos são muito bem-vindos", orgulha-se.
 
A tradição do bar também é ressaltada por Elba. "Tem vários casais que se conheceram aqui, casaram e hoje vêm com filhos e netos. Muitos clientes se tornaram nossos amigos. Já estamos na segunda, terceira geração de fregueses fiéis, que estão sempre aqui."
 

Gastronomia de qualidade e cerveja gelada são os "segredos" do Viracopos Bar (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
 
O cardápio continua com os famosos espetinhos e acompanhamentos, mas outros itens também fazem sucesso, como o torresmo - que já rendeu prêmios ao bar - e a feijoada servida aos sábados há mais de 10 anos. "Não gourmetizamos. Continuamos com o básico, mas bem-feito", garante a proprietária.
 
O diferencial? Elba diz que não há. "O segredo é manter a qualidade dos produtos e do atendimento. Nossa picanha é picanha mesmo, a cerveja é sempre gelada, e por aí vai. O cliente não é fiel por acaso. Se você não cuidar dele, ele não fica."
 
Na mente de João Paulo estão os planos para o futuro do Viracopos. "Tentamos sempre criar coisas novas. Agora vemos a valorização da cultura de boteco, que nada mais é do que fazemos há quase 30 anos. Então, vamos surfar nessa onda", arremata.

 
 

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