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Entre jabuticabeiras e memórias: os jardins do Palácio das Esmeraldas

Espaço é inspirado em Versalhes | 17.10.25 - 08:51
Entre jabuticabeiras e memórias: os jardins do Palácio das Esmeraldas Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
Carolina Pessoni
 
Goiânia – Símbolo do plano urbanístico original de Goiânia, elaborado em 1933 pelo arquiteto Attilio Corrêa Lima, o Palácio das Esmeraldas é uma das construções mais importantes da capital. Concluído em 1937, o edifício tornou-se residência oficial do governador e um dos primeiros marcos do estilo art déco na cidade.
 
O Palácio não impressiona apenas pela arquitetura, mas também pelos jardins que o cercam. Planejados na mesma época, seguem o conceito de integração entre arquitetura e paisagem, característico das capitais modernas projetadas no início do século XX. “O jardim do Palácio integra a composição proposta para toda a Praça Cívica, complementando a espacialidade do edifício”, explica a arquiteta e urbanista Beatriz Otto, da Superintendência do Iphan em Goiás. Segundo ela, os desenhos originais do Escritório Coimbra Bueno Ltda., responsável pela execução do Centro Cívico, já previam o paisagismo como parte da monumentalidade do conjunto.
 

Jardim interno tem trabalho que mescla paisagismo e área de convivência (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
 
Os projetos de paisagismo foram concebidos como extensão da elegância e da harmonia do edifício principal. Sua composição foi inspirada nos famosos jardins do Palácio de Versalhes, na França, referência direta ao ideal de modernidade e refinamento que guiava o nascimento de Goiânia. “O jardim clássico, com sua marcada simetria e fontes ornamentais, reforça a monumentalidade do Palácio e da Praça Cívica. É uma área onde predominam os tons de verde e a organização geométrica, com arbustos em topiaria definindo os contornos dos canteiros”, detalha Beatriz.
 
Fontes ornamentais, canteiros geometricamente desenhados e postes de iluminação em estilo art déco compõem o cenário que, há décadas, acolhe cerimônias oficiais, encontros políticos e eventos sociais. O jardim, embora tenha acesso restrito por ser área anexa à residência oficial do governador, é conhecido por sua beleza equilibrada, onde a simetria clássica europeia se mistura ao verde intenso do Cerrado. “A presença de espécies como as palmeiras rabo-de-peixe e as tuias-azuis, no jardim interno, é extremamente relevante para manter o equilíbrio estético e a composição original”, pontua a arquiteta.
 
 

Poste em art déco compõe a paisagem do jardim (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
 
Nos fundos do Palácio, os caminhos de pedras portuguesas conduzem o visitante a uma área mais reservada, onde se encontram as lendárias jabuticabeiras. São 17 árvores plantadas por Dona Gercina Borges, esposa do então interventor federal Pedro Ludovico Teixeira, na década de 1940. “As jabuticabeiras são as protagonistas da chamada área 2, o Jardim das Jabuticabeiras. Elas estão dispostas de forma ritmada em canteiros circulares, permeados por área pavimentada, criando uma ambiência única, onde a sombra predomina”, descreve Beatriz Otto.
 
O gesto simples transformou-se em tradição e memória: até hoje, o pomar é preservado e admirado por quem tem a oportunidade de visitar o local. As jabuticabeiras, com seus troncos escuros e frutos brilhantes, contrastam com o traçado geométrico do jardim, compondo uma das paisagens mais emblemáticas da sede do governo.
 

Jabuticabeiras plantadas por Dona Gercina Borges continuam a dar frutos (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
 
De acordo com Beatriz, o jardim passou por reformulações pontuais ao longo das décadas, especialmente nas áreas laterais e nos fundos. “Algumas massas arbóreas foram perdidas para construção de anexos e estacionamentos, o que afetou a simetria do conjunto”, observa. Ela ressalta, porém, que o valor cultural do jardim está menos nas espécies em si e mais na harmonia entre proporções, cores e formas. “O que torna esse jardim histórico é a sua condição cromática, a simetria e a relação equilibrada entre os elementos vegetais e arquitetônicos”, afirma.
 
Ao longo dos anos, o espaço foi cenário de recepções e eventos beneficentes que marcaram a vida social da cidade. O Arraiá do Bem, almoços solidários e cafés da manhã com causas filantrópicas reúnem, sob as copas das árvores, autoridades, artistas e representantes da sociedade civil.
 
Cada um desses encontros reforça a vocação do Palácio das Esmeraldas não apenas como símbolo político, mas também como espaço de convivência e celebração da comunidade goiana. “O jardim adquiriu, pelas suas qualidades estéticas e pelos fatos históricos ali presenciados, o valor de Jardim Histórico”, define a arquiteta, citando a Carta de Florença (1981), que reconhece jardins como monumentos e expressões da relação entre civilização e natureza.
 
Um espaço em que história, arte e natureza se entrelaçam, e onde, década após década, o verde continua a testemunhar o florescimento de uma capital.
 
 
Leia mais:
Palácio das Esmeraldas: residência oficial do poder no coração de Goiânia
 

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