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Tapetes de fé: a tradição de Corpus Christi no coração de Goiânia

Paróquias realizam celebrações especiais | 20.06.25 - 17:53

Foto: Rodrigo Obeid/A Redação

Tapetes de fé: a tradição de Corpus Christi no coração de Goiânia

Foto: Rodrigo Obeid/A Redação

Carolina Pessoni

Goiânia - Um dos momentos mais simbólicos da fé católica ganha, ano após ano, cores e formas especiais no Centro de Goiânia. A confecção dos tapetes de Corpus Christi é um verdadeiro trabalho coletivo que mistura arte, espiritualidade e história, transformando as ruas da cidade em um grande mosaico de fé.

Esta tradição começou no Primeiro congresso Eucarístico de Goiânia, realizado em 1948 em homenagem aos 25 anos da sagração episcopal de Dom Emanuel Gomes de Oliveira, conhecido como o “grande bandeirante da fé”. O Congresso foi realizado em quatro dias de festejos, entre os dias 3 e 6 de junho daquele ano, englobando procissões e celebrações, sobretudo concentradas na Praça Cívica.

Na Catedral Metropolitana, o costume da confecção dos tapetes vem desde quando foi inaugurada oficialmente, em dezembro de 1966. Um dos organizadores da ação, Vanderley Godoy, está envolvido na organização da solenidade há mais de duas décadas e conta que a participação da comunidade é essencial para manter viva a prática.

Vanderley Godoy é um dos organizadores da confecção dos tapetes da Catedral de Goiânia (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)

"Participo da atividade desde 2002. Transformamos a vizinhança da Catedral em um grande tapete de fé. Neste ano, foram cerca de 64 metros de desenhos feitos com pó de café, serragem colorida, sal e outros materiais", explica.

Mais de 60 pessoas entre membros da paróquia, voluntários e moradores da região participam da montagem. As ruas 15, 24 e 10 receberam os desenhos, que foram montados a partir das 7 horas, com o ápice da programação com a realização na missa solene, que foi celebrada às 17h.

Na Paróquia São João Evangelista, localizada na Praça Universitária, a história também é marcada pelo envolvimento comunitário. O estudante universitário Osly Fedrigo, participou da confecção dos tapetes, dispostos na rampa de acesso à igreja.

“Eu integro a comunidade há pouco mais de três anos, mas foi a primeira vez que participei da confecção dos tapetes. Cada grupo cuidou de uma parte e foi emocionante ver o empenho de todos”, diz.

As montagens começaram bem cedo. “Às 5 horas da manhã já estávamos organizando tudo, pois os tapetes precisavam estar prontos para a missa das 11 horas”, relata Osly. Os temas dos desenhos são escolhidos com antecedência e refletem passagens bíblicas, elementos da liturgia e mensagens de fé.

Osly Fedrigo participou da montagem dos tapetes da Paróquia São João Evangelista, na Praça Universitária (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)

Osly escolheu montar o tapete com o desenho do Sagrado Coração de Jesus, por conta de sua devoção. Foram cerca de três horas e meia de montagem usando serragem colorida, pó de café e pó gesso para compor o desenho. "É um sentimento muito bom, porque mesmo o tapete sendo uma coisa que dura pouco, nos traz o valor real das obras da vida, mostrando que o que se desfaz é passageiro, mas o que fica é o sentimento eterno."

Além de ser um espetáculo visual, os tapetes de Corpus Christi representam a união das comunidades, o resgate da tradição e o compromisso com a espiritualidade. "É sempre uma experiência muito positiva, um trabalho de união da comunidade e comunhão. É uma experiência divina, que ajuda a entender a vida cristã a partir da vida em comunidade. Reforça a mensagem de que ninguém se salva sozinho, mais sim em comunhão, no caminhar juntos", arremata Padre Rodrigo.