Para adicionar atalho: no Google Chrome, toque no ícone de três pontos, no canto superior direito da tela, e clique em "Adicionar à tela inicial". Finalize clicando em adicionar.
Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351
Sobre o Colunista
José Abrão
José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br
Imagem de divulgação da série (Imagem: divulgação)Quando Alien: Earth foi anunciada eu provavelmente suspirei profundamente. O cadáver da franquia Alien já vem sendo vilipendiado desde Alien 3 (1992) com variados níveis de fracassos e constrangimentos. Os únicos módicos de esperança em 40 anos foram o videogame Alien: Isolation (2014) e Alien: Romulus (2024). Com um histórico tão ruim, a série parecia apenas mais um novo golpe a uma marca já combalida.
Devo dizer que estou devidamente surpreso: a nova série mescla bem seus elementos de terror e ficção-científica e, pela primeira vez em 40 anos, ousa expandir minimamente seu universo ficcional compartilhado com Blade Runner, inclusive introduzindo novos alienígenas letais para além do já conhecido xenomorfo. Para isso, a série gasta muito do seu tempo de oito episódios estabelecendo, construindo e elaborando seu mundo e personagens ao invés de investir num ritmo frenético de acontecimentos, uma escolha atualmente incomum e pela qual sou muito grato.
A trama gira ao redor de duas coisas: a primeira é também uma novidade que é a introdução de androides híbridos. Em uma ilha isolada, uma megacorporação e seu gênio fundador, o insuportável Boy Kavalier, interpretado odiosamente por Samuel Blenkin, transfere a consciência de humanos reais (um grupo de crianças com doenças terminais) para corpos robóticos, o que é ilegal, em busca de descobrir a receita da imortalidade. Entre elas está nossa heroína, Marcy, interpretada por Sydney Chandler.
No outro ponto, cai no território de Kavalier uma nave espacial da infame companhia Weyland-Yutani transportando espécimes de predadores alienígenas, incluindo um xenomorfo adulto e ovos. É claro que o magnata prontamente decide transferir tudo para a ilha para irritar seus concorrentes e é óbvio que naturalmente os monstros escapam e tudo dá errado.
No meio de tudo isso ainda há Hermit (Alex Lawther), irmão de Marcy que está em busca dela; Kirsh (Timothy Olyphant), um androide veterano de Kavalier que pode ter um plano obscuro; e Morrow (Babou Ceesay), um ciborgue da Weyland-Yutani que vai passar por cima de tudo e todos para completar sua missão.
É um tabuleiro complexo e em oito episódios ainda dá tempo de estabelecer tudo isso junto com boas sequências de ação, muito mistério e elementos de terror que dão certo, culminando em um intenso gancho no final da temporada. Uma pena agora ter que esperar anos pra saber no que vai dar.
O resultado é uma série que consegue inovar e surpreender dentro de uma franquia que parecia morta-viva. Pra quem não conhece ou nunca viu nada de Alien, ela também funciona como uma boa introdução, contando sua própria narrativa sem necessitar de nenhum conhecimento prévio, além de ousar, finalmente, introduzir novos elementos para a construção da franquia.