Entre os mais influentes da web em Goiás pelo 14º ano seguido. Confira nossos prêmios.

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351

Sobre o Colunista

João Gabriel de Freitas
João Gabriel de Freitas

Jornalista formado pela UFG e editor do jornal A Redação / joao.gabriel@aredacao.com.br

Bate-pronto

Fazer da queda um passo de dança...

Lições do velho Portuga não usadas na Série B | 04.10.11 - 00:00

Não. Apesar do título, esta coluna não se tornou balcão de auto-ajuda do esporte bretão. Até mesmo por que, sinceramente, pelo girar do carrossel, nem mesmo o mais cacifado guru motivacional seria capaz de chacoalhar as têmporas dos times goianos na Série B. Desespero há, mas sem essa também de ficar procurando quem pariu Mateus já que de rancor e ranger de dentes a crônica esportiva transborda.

Coloradas ou esmeraldinas, as trapalhadas até então vieram em toneladas e isso não é novidade pra ninguém. Pena somente ver desperdiçada o que poderia ser uma passagem mais suave, marcada pela superação, para seduzir o torcedor que amarga uma carência de anos. Tudo transformado num verdadeiro vale de lágrimas – Felipe Amorim, no final da última partida do Goiás, que o diga.

Não ouso a dizer tanto quanto ao Vila Nova, que nos últimos anos se debate por não conseguir definir de fato sua identidade - a que plantel dos clubes nacionais pertencemos?  A cada rodada, incansavelmente, reaprende para em seguida se esquecer como renascer. Uma esquizofrenia paralisante, mescla de Dr. JEKYLL e Mr. HYDE (o médico e o mostro), no corpo do mesmo Tigre baleado. Capaz por vezes de tratar a bola com lirismo para, nas rodadas seguintes, perder completamente a inspiração, enquanto a lama, vagarosa e constante, vai se aproximando da cabeça.

Para o Goiás, a transição era ainda mais fácil de ser trabalhada. O cenário estava prontinho, ainda mais diante de uma Segundona tão baba como a que assistimos, cujos destaques são caras da envergadura de Edno, o artilheiro bissexto da Lusa, e olhe lá.

Tentarei explicar melhor. No processo de rebaixamento de um time da elite para a Segunda Divisão ocorre um fenômeno contraditório e fascinante na cabeça do torcedor. Há a decepção suprema, fato, mas em meio à dor há também a entrega, o beijo no escudo e o famoso: se apóia aqui no ombro, meu time, que te acompanho até os quintos. É na fossa que até mesmo um “Eu não vou negar que sou louco por você...” pode começar a fazer sentido.

Agridoce
Olha só, não digo que um rebaixamento e toda a vergonha intrínseca a ele seja bom para um time, como chegam a pregar na surdina alguns conselheiros de clubes por aí. Longe disso. Digo apenas que, se ele veio, é preciso saber fazer proveito disso para revertê-lo. Não se perde o torcedor, pelo contrário. Fragilizado, ele está prontinho para ser fisgado e embarcar na fantasia da Série B.

No entanto, é preciso alimentar essa chama com respeito até a redenção gloriosa, o retorno com pompas e, de quebra, o direito de levantar um canequinho, vá lá. Como bem ensina o mais sábio Portuga que já caminhou por este mundão, fazer “Da queda, um passo de dança... Do medo, uma escada...Do sonho, uma ponte...” . Diante de tempos dilacerados, nada como a superação agridoce.

Exemplos à torto
Tantos clubes assim souberam fazer proveito e se livrar fortalecidos do terreno movediço da Série B. Exemplos não faltam, como Palmeiras e Botafogo, ao caírem em 2002 para voltarem à elite em 2003. Grêmio, rebaixado em 2004 para retomar sua posição em 2005 com direito à Batalha dos Aflitos. Vasco, quicando na Segundona em 2009 e voltando no mesmo ano, assim como o Atlético-MG, em 2006. Sem contar Corinthians, exemplo nítido, rebaixado em 2007 e usando isso para esquentar ainda mais o vínculo com o bando de loucos, em 2008.  O Fluminense, bem... aí já é outra história.

Quanto ao Goiás, como tem se tornado frequente, a falta de uma organização prévia do elenco, trabalho de marketing junto à torcida, e o comodismo frente a situação,como se ela própria, milagrosamente, se resolvesse sozinha, acabou por soterram em 2011 essa chance. Fica comprovado que a política Band-aid, cheia de remendos e costuras improvisadas, pode ser capaz de piorar o que já parecia aterrorizante. 

A chegada de um novo técnico pode dar uma lufada de novos ares na equipe esmeraldina, mas quando o entra e sai dos “professores” começa a fazer parte da rotina do CT, imagino que qualquer nova filosofia de trabalho encontre o terreno cada vez mais seco e batido.  Onze rodadas ainda restam pela frente, suficientes para tentar resguardar um pouco de dignidade para, no ano que vem, fazer enfim “da procura, um encontro!”.
 


Comentários

Clique aqui para comentar
Nome: E-mail: Mensagem:
  • 04.10.2011 04:31 Daniel Pinheiro

    Esses times precisam investir, com urgência, em um gerente de futebol competente. Nem que pague para esse profissional o salário de jogador de futebol, mas está provado que tanto Goiás quanto Vila Nova não tem profissionais competentes na montagem do elenco.

Sobre o Colunista

João Gabriel de Freitas
João Gabriel de Freitas

Jornalista formado pela UFG e editor do jornal A Redação / joao.gabriel@aredacao.com.br

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351