Sem filé, sem firulas. O que de melhor poderia ter sido aproveitado pelos times goianos, da feira futebolística deste ano, esgotou-se. Coube, aos que madrugaram e chegaram mais cedo, encher as sacolas e fartar-se à mesa, com direito à barganha e o apalpar das melhores frutas. Aos demais, resta sorver o bagaço da laranja, lembra dona Jovelina Pérola Negra.
É verdade que, com certa paciência, ainda se pode garimpar na famigerada xepa algum hortifruti, ligeiramente passado do tempo e nem tão vistoso (como os que compõem quadros bregas em salas de madames), mas ainda assim saboreáveis. Destes, o melhor será disputado nesta sexta-feira, no Serra Dourada, entre Vila Nova e Goiás.
Duas batalhas distintas serão travadas ali, por cada palmo do gramado. Confrontam-se a esperança delirante emeraldina, que sonha em retornar ao seu lar de origem, frente o último suspiro colorado. E aqui, não leve a mal, arrisco dizer que este confronto já tem seu
dono. Nada pessoal, mas como dizem, justamente quando a corda está prestes a arrebentar, em seu último fio, é que coisas estranhas e interessantes acontecem.
Enganam-se os que acham que não há motivação suficiente do lado rubro para liquidar este jogo. A extrema apatia demonstrada pela equipe nas últimas rodadas, responsável por praticamente garantir o time na Série C de 2012, tem tudo para abrir neste clássico uma
licença poética. A vitória não desviará o destino vilanovense, mas concederá uma conquista moral, um último alento ao seu visceral torcedor antes da derrocada. De quebra, o choque de realidade no arquirrival, mantido no purgatório da Série B.
Levo em consideração nenhum princípio, além do Princípio da Incerteza quântico, a partir do momento em que qualquer pessoa foca o olhar sobre um evento, o próprio olhar modifica o que está sendo observado. Assim meus caros (divago), quanto mais se observa, menos lógica se tem sobre as coisas. No clima tenso da véspera do jogo, os ares carregados trazem uma sensação estranha, como se algo surpreendente estivesse prestes a acontecer. Ao vencedor, a última batata!